Descrição de chapéu Financial Times Estados Unidos

Conselheiro de Biden vê oportunidade para EUA criarem lei e combater domínio da China na América Latina

Chris Dodd crê em aprovação de projeto de lei para incentivar acordos de livre-comércio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Michael Stott
Londres | Financial Times

O conselheiro especial do presidente dos EUA, Joe Biden, para a América Latina afirmou que as preocupações sobre a influência econômica da China criaram "uma grande chance" para os EUA aprovarem uma lei que abra caminho para mais acordos de livre -comércio com países da região.

O ex-senador Chris Dodd disse estar cada vez mais otimista sobre a aprovação da Americas Act (Lei das Américas, em tradução livre) no Congresso neste ano. A lei expandiria os acordos comerciais existentes dos EUA com nações da América Latina e ofereceria incentivos para a produção em países vizinhos da China.

"Adoraríamos ver a Americas Act aprovado", disse Dodd ao Financial Times durante uma cúpula em Miami, na semana passada.

Chris Dodd, conselheiro especial dos EUA para a América Latina
Chris Dodd em visita ao Brasil em 2022 - Adriano Machado - 22.abr.2022 / Reuters

Questionado sobre as chances de o projeto de lei ser aprovado em um ano eleitoral, ele afirmou: "Se você me fizesse essa pergunta em qualquer outro momento, eu diria 'não muito', mas no momento atual ele tem uma grande chance. Você tem uma proposta bipartidária, bicameral de pessoas respeitadas e com credibilidade".

A China expandiu o comércio e o investimento na América Latina neste século, superando os EUA como o maior parceiro comercial da região. Isso gerou preocupações em Washington de que esteja perdendo influência em uma área que domina tradicionalmente.

Há anos, os EUA têm problemas para conseguirem responder, em razão da oposição do Congresso sobre a expansão do livre-comércio.

No entanto, políticos das duas Casas legislativas apresentaram o projeto de lei, em março, com apoio bipartidário. O think-tank Global Americans descreveu a Americas Act como "a tentativa política mais abrangente dos EUA de aprofundar as relações com o hemisfério Ocidental em mais de duas décadas".

O projeto de lei representa uma tentativa de retomar um sonho da década de 1990, quando os ex-presidentes George Bush e Bill Clinton almejavam criar uma área de livre-comércio que se estenderia do Alasca à Terra do Fogo.

A iniciativa enfrentou a oposição dos governos de esquerda da América Latina nos primeiros anos deste século, o que praticamente encerrou as negociações, levando Washington a se voltar para acordos individuais com os países.

Hoje, os EUA têm uma colcha de retalhos de acordos comerciais com 12 nações do continente. O USMCA (acordo Estados Unidos-México-Canadá, que substituiu o Nafta) é de longe o mais importante, enquanto a América Central e a República Dominicana têm seu próprio pacto. Maior economia da região, o Brasil não tem acordos de livre-comércio com os EUA, assim como a Argentina, a terceira maior.

Dodd disse que as preocupações sobre o crescente poder econômico da China na América Latina "certamente contribuíram" para a mudança de humor no Congresso em Washington em relação ao comércio e investimento.

A Americas Act exigiria que os países participantes aderissem a padrões de democracia e estado de direito, além do comércio. Ele estabelece um processo para quem queira se juntar ao USMCA, sendo que Uruguai e Costa Rica são tidos como os candidatos iniciais ideais.

Dodd disse que, se os incentivos comerciais e de investimento dos EUA forem atraentes, o pacote poderia ser oferecido a qualquer país disposto a aceitar as condições.

"Se você conseguir um crescimento econômico na Venezuela, você evitará nos próximos 25 anos ter uma nova Cuba e 8 milhões de venezuelanos migrantes na Colômbia, Brasil, Equador e Estados Unidos", avaliou.

Os EUA aliviaram as rígidas sanções econômicas à Venezuela, em outubro do ano passado, como forma de incentivar eleições livres. Esse gesto foi parcialmente revertido neste mês, pois o governo dos EUA afirmou que Caracas havia "ficado aquém" de suas promessas.

Dodd citou Biden em encontro com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na Casa Branca no ano passado, quando afirmou que odiava "sanções assim como o presidente dos Estados Unidos. Acho que são terríveis. Não acho que funcionem".

"Acho que são dolorosas para as pessoas e estou disposto a eliminá-las na Venezuela, mas será 'olho por olho'. Se a Venezuela fizer certas coisas, começarei a retirar [as sanções]". De acordo com o Dodd, Petro ficou "impressionado" com o que ouviu.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.