Preço do vinho nacional sobe em SP e se aproxima dos importados
Com reajuste de índice que baliza cobrança do ICMS, produtos chileno e português ficam competitivos
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O preço dos vinhos nacionais vendidos em São Paulo subiu e já começa a se aproximar do valor das bebidas importadas.
De acordo com vinicultores paulistas, a alta é efeito do aumento, no estado de São Paulo, do IVA-ST (Índice de Valor Adicionado Setorial), indicador que baliza a cobrança do ICMS no fabricante.
No caso do vinho nacional, esse indicador passou de 66,18% para 103,72% durante a gestão de Márcio França no governo de São Paulo. Para os importados, a taxa subiu de 64,78% para 71,14%.
Segundo vinicultores, os estoques sem a incidência do reajuste acabaram e o repasse do aumento chega agora ao consumidor final.
O mais preocupante para os empresários é que, com o aumento, não apenas os vinhos finos produzidos no país mas também os de mesa vão ter preços próximos ao de muitos vinhos importados.
Produtos do interior de São Paulo são exemplos. O Dom Bosco, que custava cerca de R$ 9, passa para R$ 10,50. Hoje, há importados dessa faixa perto de R$ 14. A linha Maximiliano, que era vendida por R$ 22, deve ir a R$ 25, valor de alguns vinhos portugueses, afirma Humberto Cereser, diretor da CRS Brands (antiga Cereser, da conhecida cidra) e membro do conselho fiscal do Sindicato da Indústria do Vinho de Jundiaí.
“Alguns importados ainda custam cerca de R$ 22, e a gente já pulou para R$ 26”, afirma Luciano Lopreto, diretor da vinícola Goés, em São Roque.
No site do supermercado Sonda, em São Paulo, o cabernet sauvignon da Goés saia por R$ 29,69, e o tradicional, R$ 17,37. O chileno Santa Carolina pode custar menos de R$ 24, e o português Caseiro Tinto não chega a R$ 25.
Cereser e Lopreto afirmam que, quando o consumidor compara os preços entre o nacional e o importado e a diferença é pequena, ele acaba levando o importado.
“O brasileiro está cada vez mais disposto a colocar o vinho nacional na sua mesa. É um trabalho de formiguinha, qualquer perturbação, voltamos para trás”, diz Lopreto.
O IVA-ST é um instrumento que permite a chamada substituição tributária —cobrar do fabricante um tributo que recairia sobre o ponto de venda quando o consumidor compra o produto.
Para viabilizar essa cobrança antecipada, é preciso estimar a diferença entre o preço do produto na fábrica e no ponto final de venda. Essa diferença é traduzida pelo IVA-ST, que serve de parâmetro para o recolhimento do ICMS.
Esse percentual é obtido por meio de uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Vinicultores afirmam haver falhas na amostra.
Segundo Lopreto, metade das vendas de vinhos acontece nos atacarejos, e esses locais não são pesquisados.
Cereser lembra que, devido à safra ruim de uvas entre 2016 e 2017, os preços dos vinhos nacionais subiram. Ele acredita que, quando a pesquisa foi feita, em muitos locais ainda estavam vigentes os valores mais elevados.
Segundo a Secretaria da Fazenda de São Paulo, as pesquisas identificaram a necessidade de fazer a adequação da margem de valor adicionado.
Em reunião entre o secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, e o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), ficou acordado que o setor fará uma nova pesquisa para contestar os números apresentados ano passado.
“Após as pesquisas, se o número for menor, existe a promessa da secretaria de que ela vai republicar a portaria”, diz Cereser, que estava presente na reunião com Meirelles.
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