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Economia sofreu interrupção, mas Banco Central vê retomada adiante

Autoridade monetária também tem ressaltado a importância das reformas na economia

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Rio de Janeiro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta quarta-feira (22) que o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, mas que o cenário básico do BC contempla sua retomada adiante.

"Essa hipótese se sustenta, entre outros fatores, no crescimento da confiança empresarial [...] na tendência gradual de recuperação do investimento, conforme indicam dados do IBGE, no patamar estimulativo da política monetária e na recuperação observada no mercado de crédito", afirmou ele, em discurso no Seminário de Metas de Inflação do BC, no Rio de Janeiro.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Sergio Lima/AFP

Campos Neto voltou​ a citar que os indicadores recentes sugerem probabilidade relevante de que a economia brasileira tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores, como o BC já havia indicado na ata de sua última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em sua fala, Campos Neto também reforçou que o balanço de riscos para a inflação do BC mostra-se simétrico apesar da piora recente na economia.

As mensagens têm sido utilizadas pelo BC para sinalizar que, a despeito da inflação comportada e da falta de ímpeto da atividade econômica, não vê condições, no momento, para um eventual corte nos juros. Em suas últimas comunicações, a autoridade monetária também tem ressaltado a importância das reformas na economia, sugerindo que deve aguardar a tramitação da reforma da Previdência –considerada crucial para o reequilíbrio fiscal– para consolidar sua avaliação do quadro brasileiro.

AVANÇOS

Nesta quarta-feira, Campos Neto voltou a apontar a necessidade de avanços fiscais para que a economia melhore e cresça com mais vigor.

"Nosso desafio atual é conduzir a política monetária em um ambiente onde a retomada da atividade econômica mostra sinais momentâneos de arrefecimento e onde o equacionamento da estabilidade fiscal depende da continuidade das reformas", disse ele, afirmando que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa.

"Tenho certeza que o arcabouço de metas para a inflação, mais uma vez, nos permitirá enfrentar esses desafios, e que, diante de um quadro de continuidade das reformas e ajustes, manteremos a inflação baixa e estável e haverá impactos positivos para a redução da taxa de juros estrutural, viabilizando um processo de recuperação sustentável da economia."

O presidente do BC repetiu que a avaliação do comportamento da atividade pelo BC demanda tempo e não será concluída no curto prazo, afirmando que o grau de estímulo depende em particular da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das projeções de inflação.

Campos Neto ainda defendeu a autonomia formal do BC, afirmando que assim a autoridade monetária estaria melhor equipada para gerir o regime de metas para a inflação. A aprovação de projeto de lei sobre o tema também proporcionaria uma redução de incertezas econômicas e dos prêmios de risco, acrescentou.

REGIME DE METAS

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana, indicou nesta quarta-feira que a sistemática do regime de metas de inflação poderá ser aperfeiçoada para convergência para uma meta que seja considerada como a de longo prazo, ante modelo atual de metas para anos-calendário.

Na abertura do Seminário de Metas de Inflação do BC, ele também reforçou a necessidade de reformas na economia para consolidação de um quadro de estabilidade macroeconômica no país.

"Infelizmente, ainda não podemos dizer que o trabalho de conquista da estabilidade macroeconômica esteja completo. Restam reformas e ajustes importantes para a sustentabilidade da economia brasileira, especialmente os de natureza fiscal", destacou.

De acordo com Viana, a extensão do horizonte de definição da meta para a inflação de dois para três anos-calendário à frente permitiu uma maior separação entre a definição da meta para a inflação, que baliza as expectativas de médio e longo prazos, e a condução da política monetária.

Também ampliou a capacidade de a política monetária balizar as expectativas de inflação, o que reduz incertezas, segundo ele.

"O regime ainda requer a fixação de metas para a inflação para anos-calendário – sistemática que poderá ser aperfeiçoada após convergência para uma meta que seja considerada como a de longo prazo", disse ele.

Viana ainda defendeu a autonomia do BC, medida que fortaleceria o regime de metas.

"A autonomia formal não viria como algo artificial sem bases institucionais firmes, mas sim como uma consolidação institucional de processo amadurecido ao longo do tempo", disse.

O diretor do BC ressaltou a necessidade de uma política fiscal sólida para que a política monetária seja capaz de atingir seus objetivos.

"A estabilidade de preços na economia não é derivada apenas da ação da política monetária, como todos sabemos", afirmou ele.

"Não há na história –e isso é sempre importante ressaltar– regime monetário que tenha sido capaz de operar de forma satisfatória em condições de insustentabilidade da política fiscal", completou.

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