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Brasil precisa passar de 'relação de clientela' à parceria de fato com a China, diz secretário

Nos EUA, Marcos Troyjo afirmou que é preciso colocar 'mais coisas sobre a mesa' para ampliar negócios com Pequim

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Washington

Às vésperas da viagem de Jair Bolsonaro à China, na próxima semana, o secretário de comércio exterior do governo, Marcos Troyjo, disse que o Brasil tem uma "relação de clientela" com a China que é preciso ser ampliada e melhorada até alcançar o status de parceria de fato. Na avaliação de Troyjo, ao contrário dos EUA, os brasileiros não têm hoje um relacionamento de interdependência com os chineses.

Diante de uma plateia de investidores e empresários nesta sexta-feira (18), em Washington, o secretário foi questionado sobre as vantagens que o Brasil vê na relação com a China, a interlocução do Planalto com o Congresso americano e a percepção do governo brasileiro sobre o apoio de Donald Trump à entrada do país na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Troyjo admitiu que é preciso melhorar a comunicação com os parlamentares nos EUA, fazer "a lição de casa" para ingressar de fato na OCDE e trabalhar com "mais sobre a mesa" quando o assunto for a relação com a China. "Queremos ser parceiros", declarou.

Marcos Troyjo, secretário de comércio exterior do governo - Keiny Andrade - 22.nov.18/Folhapress

"Às vezes usamos palavras que não refletem necessariamente a realidade no terreno. Às vezes usamos 'parceria' quando, na realidade, o que se tem é uma relação de clientela, é mais como um cliente [...] Se você realmente quer passar dessa relação de clientes para algo maior, tem que haver mais sobre a mesa e acho que uma das razões pelas quais o presidente Bolsonaro está indo para a China agora é discutir essas oportunidades."

Representando o ministro Paulo Guedes (Economia) —que desistiu de viajar à capital americana— em evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA, o secretário disse ainda que o Brasil precisa "manter sua soberania" nos desdobramentos de qualquer negociação com os chineses, mas que há "muito a fazer" quando o assunto é a relação com Pequim.

Durante o evento, ele respondia a perguntas de Donna Hrinak, presidente da Boeing para a América Latina, que refletiu o sentimento de parte dos investidores e empresários americanos que ainda têm dúvida sobre o escopo do acordo comercial entre Brasil e EUA, por exemplo, e têm adiado colocar dinheiro no país enquanto o discurso das reformas não refletir no crescimento da economia brasileira —em torno de 1%.

Troyjo se disse otimista com a relação entre Trump e Bolsonaro, mas admitiu que é preciso ir além das reformas para tirar proveito do momento que considera único nas conversas entre os dois países.

Quando esteve em Washington, em março, Bolsonaro saiu da Casa Branca com a promessa de que os EUA apoiariam o ingresso do Brasil na OCDE, mas, na última semana, apesar de autoridades americanos reiterarem que dão suporte ao ingresso brasileiro, só formalizaram o apoio à entrada de Argentina e Romênia na organização.

O movimento frustrou o governo Bolsonaro, que esperava mais assertividade da equipe de Trump.

Troyjo afirmou ainda que o Brasil entende que está passando por um "processo" mas precisa "fazer a lição de casa."

"Os EUA estão apoiando a entrada do Brasil [na OCDE], eles formalizaram isso no nível mais alto. Nós entendemos que isso é um processo, que é a lição de casa que o Brasil precisa fazer, alguns processos que a OCDE precisa realizar."

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