Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil precisa mais entender a evolução da China do que temer guerra comercial

Peste suína africana, por exemplo, será divisor de águas para a suinocultura chinesa

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As negociações da semana passada entre Estados Unidos e China, para colocar fim à guerra comercial entre os dois países, tiveram um avanço até então não atingido nas tentativas anteriores.

Os acertos, entretanto, ainda não foram para o papel, o que deverá ocorrer em quatro ou cinco semanas.

Mesmo assim, o presidente dos EUA, Donald Trump, olhando para os agricultores, seus principais apoiadores, já chutou um valor de US$ 50 bilhões na futura relação comercial de produtos agropecuários entre os dois países. Esse valor, pelo menos a curto prazo, não deverá ocorrer.

As relações comerciais anteriores à guerra comercial giravam na casa dos US$ 25 bilhões nesse setor.

Porto em Xangai, na China, que negocia com os EUA fim da guerra comercial
Porto em Xangai, na China, que negocia com os EUA fim da guerra comercial - Lefteris Partsalis/Xinhua

Um dos destaques no novo acerto seria a soja, moeda de troca para que os EUA cedam aos chineses em outros setores, como o da tecnologia.

Mas, por mais que os chineses comprem soja dos americanos, uma conta tão elevada no comércio agrícola entre os dois países será difícil.

A China, que comprou apenas 13 milhões de toneladas da oleaginosa dos EUA na safra passada, devido à guerra comercial, comprava uma média de 30 milhões antes de os dois países iniciarem esse ciclo de retaliações comerciais.

Uma importação chinesa muito acima desse volume não parece sustentável nos próximos anos. Os norte-americanos, embora tenham estoques elevados de soja, vão produzir, nesta safra, 24 milhões de toneladas menos do que produziram na anterior.

No setor de carnes, no qual a demanda da China cresce devido aos problemas sanitários, as exportações americanas dependem de acertos na produção. Os chineses não aceitam alguns produtos utilizados pelos americanos na produção de algumas das proteínas.

No caso da soja, além da guerra comercial, os americanos encontram uma redução na demanda chinesa, devido à peste suína africana que se alastra pelo país.

O rebanho suíno deste ano é 41% inferior ao do mesmo período do ano passado. Essa queda, contudo, não pode ser projetada totalmente para a demanda de farelo de soja.

A conta não é tão simples.

Boa parte do rebanho que está sendo dizimado pertence a produtores sem escala industrial, que utilizam pouco farelo de soja na composição da ração para os animais.

O resultado é que a importação de soja pelos chineses caiu 8% neste ano, recuando para 64,6 milhões de toneladas. Essa demanda menor deverá continuar nos próximos anos, uma vez que os chineses vão demorar para repor completamente o rebanho.

A peste suína africana será, porém, um divisor de águas para a suinocultura chinesa. Haverá uma profissionalização do setor, diminuindo a necessidade de importação de carne, mas aumentando a de farelo.

O Brasil não precisa se preocupar muito com as possíveis relações comerciais entre EUA e China, mas, sim, entender melhor o que virá pela frente no setor agropecuário no país asiático.

A soja nos eua em uma década

Uma avaliação do Rabobank, banco especializado em agronegócio, indica que o setor de soja dos EUA, a longo prazo, não terá evolução de área. Em 2028, serão 34 milhões de hectares, após ter atingido 37 milhões em 2017. A produtividade manterá evolução no período.

Mais um recorde A exportação brasileira de milho deverá atingir novo recorde neste mês. Pelos cálculos da primeira quinzena, as vendas somarão 7,2 milhões de toneladas.

Receitas As vendas do cereal são 123% maiores do que as de outubro de 2018. O volume financeiro indica US$ 1,2 bilhão no mês, de acordo com a Secex.

Carne bovina O ritmo das exportações também está acelerado. Os dados apontam evolução média de 39% do volume, em relação ao  mês de setembro.

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