Siga a folha

Governo quer colaboração de governadores para segurar preço de combustíveis

Em aperto fiscal, porém, estados não discutem redução de ICMS como sugerido pelo presidente

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O governo planeja pedir a colaboração dos governadores na cobrança de ICMS para evitar aumento mais forte no preço dos combustíveis em meio à pressão sobre a cotação do petróleo com a crise entre Estados Unidos e Irã. Essa é uma das medidas que técnicos discutem evitar uma escalada nos valores cobrados pelos postos.

O governo vai propor aos governadores que um  seja compensado por uma redução no ICMS, um imposto estadual. A ideia foi apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro após reunião nesta segunda-feira (6) com a presença do Ministério de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. 

“Aproximadamente um terço do preço do combustível no final são impostos estaduais. Esse é o problema que nós temos”, afirmou Bolsonaro. Ele citou o caso do Rio de Janeiro, onde uma alíquota de 30% do ICMS representaria cerca de R$ 1,50 no preço da gasolina. Mesmo pedindo a colaboração dos líderes estaduais, descartou a possibilidade de criar de um teto para a tributação. 

Segundo Bolsonaro, o governo está preocupado com o aumento no preço do petróleo diante da crise entre Estados Unidos e Irã. “Tivemos nossa conversa e temos uma estratégia de como proceder o desenrolar dos fatos. A coisa que mais preocupa é uma possível alta do petróleo, de 5% no momento”, afirmou. Apesar disso, ele disse esperar que os preços voltem à normalidade rapidamente a exemplo do que ocorreu após o ataque a refinarias na Arábia Saudita no ano passado. 

Posto na marginal Tietê, em São Paulo - Adriano Vizoni - 31.mai.18/Folhapress

O ministro de Minas e Energia afirmou que a reunião desta segunda-feira já havia sido marcada antes do Natal. Também estiveram presentes técnicos do Planalto e do ministério, além do diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Décio Oddone) e do presidente da Pré-Sal Petróleo (José Eduardo Gerk).

Albuquerque confirmou que a ideia da compensação por estados está sendo estudada, embora não tenha dado detalhes, e que o canal para a discussão seria o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne os secretários de Fazenda dos Estados e técnicos do Ministério da Economia. “Isso já está sendo discutido no âmbito do governo para que, quando tiver essa pauta, possam ser reunidos os governadores e haver uma reunião no mais alto nível, com presidente e os governadores”, afirmou.

Perguntado se pode haver uma compensação aos estados com a possível redução de impostos, por meio de um fundo, o ministro disse que a sugestão é bem-vinda. E negou a possibilidade de novos subsídios. "Tudo isso está sendo considerado. Subsídio não é a palavra, uma compensação talvez seja a palavra adequada", afirmou. 

De acordo com o presidente da Petrobras, o governo não faz pressões sobre a política de preços da empresa. “Até hoje recebi manifestações de total respeito à lei, que desde 2002 diz que existe liberdade de preços de combustíveis. E o governo Bolsonaro vem praticando isso, não recebi em nenhum momento pressão”, disse Castello Branco.

O executivo ainda ressaltou que o impacto no preço global do petróleo não foi tão forte até agora e que as características do mercado contribuem para que os preços sejam naturalmente segurados. “A produção americana desarma a possibilidade do aumento do preço. Evidentemente que surpresas podem acontecer, mas estamos acreditando que é muito pouco provável que esse choque, que foi de US$ 3 e hoje os mercados se acalmaram mais um pouco, resulte numa crise econômica”, afirmou.

A Petrobras divulgou um comunicado a investidores na última sexta-feira (3) para informar que está monitorando o mercado internacional diante dos eventos no Oriente Médio. A empresa afirma que não há uma periodicidade pré-definida para a aplicação de reajustes e que decidirá oportunamente sobre as próximas alterações nos preços.

De acordo com a empresa, entre os princípios que balizam a prática de reajustes estão o preço de paridade internacional (formado pelas cotações internacionais mais os custos que eventuais importadores teriam com transportes e taxas portuárias), margens para remunerar a empresa por riscos da atividade, nível de participação no mercado e instrumentos financeiros de proteção.

Mais cedo, nesta segunda-feira (6), Bolsonaro ressaltou que não irá interferir no preço da gasolina e que a tendência é de que o valor do combustível se estabilize. "Cai tudo no meu colo e parece que sou responsável por tudo. Querem que eu tabele. Não tem como tabelar. Nossa política não é essa. Políticas semelhantes no passado não deram certo. A nossa economia tá dando certo", disse em frente ao Palácio da Alvorada a jornalistas e outras pessoas presentes.

 

Os estados, que vivem intenso aperto fiscal, não conversaram sobre a redução do ICMS sobre combustíveis, segundo o diretor institucional do Comsefaz (Comitê dos Secretários de Fazenda dos Estado), André Horta.

"Entre 18% e 20% da arrecadação própria dos Estados com ICMS é sobre combustíveis. Esse valor é bastante representativo e na situação fiscal atual dos Estados não está sendo possível (abrir mão)", disse.

Horta afirmou que a prioridade dos entes regionais no momento é discutir e implementar um novo pacto federativo, buscando a recomposição de receitas perdidas para a União ao longo dos anos. Este será, inclusive, o tema da próxima reunião do Comsefaz.

"A realidade é uma realidade de estrangulamento de receitas", afirmou.

Hoje o ICMS sobre combustíveis é cobrado sobre o valor da mercadoria, no modelo "ad valorem". Por isso, quando os preços da gasolina e do diesel ficam mais caros --seja pelo aumento do dólar ou pelo avanço dos preços internacionais do petróleo-- os Estados arrecadam mais.

Com Reuters

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas