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GM vai dar carro para quem aceitar demissão voluntária

Montadora também propôs aos trabalhadores extensão de layoff por mais dois meses

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São Paulo

A General Motors (GM) pretende dar um carro a trabalhadores que aderirem a novo PDV (programa de demissões voluntárias), num momento em que a montadora busca adequar suas plantas à queda de produção gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo sindicato, a oferta de veículos é comum em PDVs realizados por montadoras e já foi oferecida pela própria GM em programas de demissão anteriores.

Conforme dados da Anfavea (associação das montadoras), 3.500 trabalhadores do setor automotivo já foram demitidos durante a pandemia, sendo 1.484 deles apenas no mês de julho.

Carros na fábrica da GM em São José dos Campos (SP), em março - Roosevelt Cassio/Reuters

A proposta de PDV da GM foi apresentada a funcionários de ao menos duas fábricas da empresa, em São José dos Campos e São Caetano do Sul (SP). A montadora também tem unidade de produção de veículos em Gravataí (RS), além de uma fábrica de peças de reposição em Mogi das Cruzes (SP) e outra de motores em Joinville (SC).

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, os benefícios oferecidos a quem aderir ao PDV na unidade incluem salários adicionais, extensão do convênio médico e um carro Onix Joy Black.

Pela tabela apresentada ao sindicato, trabalhadores com um a três anos de fábrica não recebem benefícios. De quatro a dez anos, o benefício é de 3,5 salários, mais 12 meses de convênio médico. A partir de 11 anos de fábrica, a empresa oferece ao trabalhador também um veículo da marca.

Além do PDV, a GM quer estender por mais dois meses o layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho) de ao menos 1.100 trabalhadores que terminaria em 12 de setembro. Os funcionários receberiam a totalidade de seus salários, sendo R$ 1.813 pagos pelo governo e o complemento pago pela empresa.

Ainda conforme o sindicato, a montadora propôs também que, se após esse período o mercado automotivo não reagir, haveria a prorrogação do layoff por mais cinco meses. Neste caso, a GM arcaria com a íntegra do salário líquido.

A planta de São José tem atualmente 3.800 trabalhadores, segundo a entidade sindical. Parte deles já voltou ao trabalho, após suspensão de contratos para todos em abril. Outros 360 devem retornar à fábrica nesta quinta-feira (13) e cerca de 1.100 ainda estarão em layoff após esse período.

“O sindicato entrou nessa negociação com a bandeira da manutenção do emprego e pela estabilidade. Não queremos demissões em massa aqui na região, como o que aconteceu com a Renault no Paraná”, afirma Renato Almeida, vice-presidente do sindicato.

A Renault demitiu em julho 747 funcionários de sua fábrica em São Jose dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR). A demissão em massa foi, no entanto, revertida por decisão judicial e a empresa acabou readmitindo os funcionários após um acordo ser fechado.

“Qualquer alternativa para que não haja demissão, o sindicato vai apoiar. Somos contra o PDV, mas se os trabalhadores quiserem aderir, não vamos nos opor”, diz Almeida. Segundo o sindicalista, as propostas da empresa deverão ser avaliadas pelos trabalhadores da planta de São José em assembleia no fim da próxima semana, provavelmente em votação online.

Em São Caetano do Sul, onde a GM emprega 4.414 trabalhadores, segundo o sindicato local, a proposta da empresa de prorrogação do layoff, renovação de banco de horas e criação de um novo PDV já foi aceita pelos funcionários.

A prorrogação do layoff foi aprovada por 95% dos votantes em assembleia virtual realizada nesta terça-feira (12); a renovação de banco de horas por 86%; e a criação de um novo PDV por 70% dos votantes, segundo o site Mundo Sindical.

Procurada, a GM afirmou em nota que “desde o início das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo e suas implicações econômicas, vem tomando uma série de medidas para, nesta ordem, proteger a saúde e segurança de seus empregados, fornecedores e parceiros, preservar empregos e garantir a sustentabilidade do negócio.”

Ainda segundo a empresa, “dentro deste contexto, vem utilizando mecanismos como redução de custos, postergação de investimentos, banco de horas, férias coletivas, redução de jornada com redução salarial e layoff.” Conforme a GM, as especificidades de cada operação da empresa no Brasil estão sendo tratadas com os respectivos sindicatos.

Segundo dados da Anfavea, foram produzidos 899,6 mil veículos no Brasil de janeiro a julho deste ano, uma queda de 48% em relação ao 1,74 milhão de veículos fabricados em igual período de 2019.

A General Motors licenciou 147 mil veículos nos sete primeiros meses do ano, conforme a associação, contra 237,9 mil no mesmo período do ano passado, recuo de 38%. A média de licenciamentos da empresa, que era de 34 mil veículos por mês de janeiro a julho do ano passado caiu a 21 mil este ano, devido à pandemia.

A montadora atingiu menor volume de licenciamentos em maio, com apenas 8,2 mil veículos emplacados naquele mês. Em julho, os emplacamentos já somam 25,5 mil, três vezes o número registrado no pior mês, mas ainda 30% abaixo de julho de 2019.

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