Haddad fala em divergências superáveis e elogia Congresso após anúncio da Moody's

Lula compartilha postagem de ministro, que cita também Judiciário; agência eleva perspectiva de nota de crédito do Brasil

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Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (1º) que a melhora na perspectiva da nota de risco brasileira pela agência Moody's é resultado do trabalho dos Três Poderes, em mais um sinal de afago ao Congresso.

De acordo com ele, Executivo, Legislativo e Judiciário "colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis".

A declaração é feita em momento de crise do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso. O presidente reproduziu em uma rede social a publicação de Haddad.

O cenário se agravou no fim de semana após Haddad conceder entrevista à Folha, na qual cobrou responsabilidade fiscal de deputados e senadores.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista à Folha em seu gabinete - Pedro Ladeira - 25 abr. 2024/Folhapress

"A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos três Poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis", escreveu o ministro, na rede social X.

"Mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental. Temos muito a fazer!", afirmou.

Ao republicar a postagem de Haddad na mesma rede social, Lula disse que o país voltou a ser respeitado. "O Brasil que estamos construindo voltou a ser respeitado no mundo e voltou a ter credibilidade econômica e ambiental. Isso é bom para todo mundo", afirmou o presidente.

Nesta quarta, a agência de classificação de risco Moody's Ratings elevou a perspectiva do Brasil de "estável" para "positiva", mas manteve as notas de crédito dos títulos de dívida do governo do Brasil, que estão em "Ba2" desde 2016.

Essa é a primeira mudança de classificação da agência para o Brasil desde 2018, quando ela elevou a perspectiva do país de "negativa" para "estável".

Com a nota de crédito reafirmada, o Brasil ainda está a dois degraus abaixo do chamado grau de investimento, quando o país deixa de fazer parte do nível especulativo, tornando-se seguro para investimentos, ou seja, com baixos riscos de calote para quem investe em seus títulos de dívida.

Na mesma linha de Haddad, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo, também deu crédito ao Poder Legislativo pela elevação da perspectiva do Brasil.

Sem citar os nomes, Padilha agradeceu aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

"Parabéns ministro Fernando Haddad, viva o presidente Lula. Quero fazer um agradecimento especial ao Congresso, presidente da Câmara, presidente do Senado, os líderes, quem vinha discutindo isso nas últimas duas semanas, da importância de consolidarmos a saúde das contas públicas para ter mais esse passo positivo de avaliação", afirma Padilha, em vídeo divulgado em rede social.

O governo Lula vive um momento de dificuldades com o Congresso Nacional. Há algumas semanas, Lira havia disparado contra Padilha, chamando de "desafeto pessoal" e "incompetente".

Do lado do Senado, o governo se vê ameaçado pela articulação em torno de uma pauta-bomba.

Pacheco é um dos patrocinadores da principal medida que assusta a equipe econômica, a chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Quinquênio, que turbina o salário de magistrados e integrantes do Ministério Público.

No fim de semana, Haddad ainda deu uma declaração que deixaram insatisfeitos Lira, Pacheco e líderes do Congresso: "Há não muito tempo atrás, criar despesas e renunciar a receitas eram atos exclusivos do Poder Executivo. O Supremo Tribunal Federal disse que o Parlamento também tem o direito de fazer o mesmo. Mas qual é o desequilíbrio? É que o Executivo tem que respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. E o Parlamento, não", afirmou o ministro.

"É preciso dizer que o Congresso também tem que respeitar a mesma lei. E que atos que não a respeitem precisam ser suspensos", completou.

Pacheco reagiu no mesmo dia, afirmando que ter responsabilidade fiscal não significava "aderir ao Executivo". "Uma coisa é ter responsabilidade fiscal, outra bem diferente é exigir do Parlamento adesão integral ao que pensa o Executivo sobre o desenvolvimento do Brasil", disse o senador, por meio de nota enviada à imprensa no sábado (27).

Nesta quarta, Lula buscou minimizar a crise com o Congresso, acusando a imprensa de fomentar essa situação.

"Uma parte da imprensa insiste em dizer que existe uma relação ruim entre o Executivo e o Legislativo. Mas, até agora, todos os projetos que enviamos para o Parlamento tem sido aprovados no Congresso Nacional, como a reforma tributária", escreveu o presidente.

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