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Descrição de chapéu senado

Primeira negra diretora da IFI defende equilíbrio fiscal com melhora de políticas sociais

Chegada adiciona diversidade aos quadros do órgão do Senado que monitora contas públicas

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Brasília

Filha de um pescador e de uma gari, a economista Vilma da Conceição Pinto será a primeira mulher negra a integrar a diretoria da IFI (Instituição Fiscal Independente), braço do Senado que monitora as contas públicas, desde a criação do órgão há quatro anos e meio.

A chegada dela adiciona diversidade aos quadros de um órgão dominado por homens brancos. Apenas uma mulher figurava até agora entre os diretores e analistas da equipe.

"Uma coisa que me chamou muito a atenção durante a minha trajetória profissional, desde a graduação até o mestrado e minha atuação profissional, foi a baixa representatividade das mulheres", disse ela em entrevista à Folha publicada neste ano.

"Felizmente, sinto que isto vem mudando aos poucos", afirmou.

Vilma da Conceição Pinto foi aprovada pelo Senado e será primeira mulher negra diretora da IFI (Instituição Fiscal Independente) - Eduardo Anizelli - 3.out.19/ Folhapress

A economista traz também o olhar de quem não teve referências da área na família ou entre os amigos e diz ter tido como uma das inspirações os problemas sociais.

"De onde surgiu a ideia de estudar economia? Desde pequena sempre tive muita curiosidade em entender algumas questões sociais, além de gostar bastante de números", disse.

"Ao assistir TV, passei a observar as análises dos economistas sobre a conjuntura econômica e isso me fascinou. Foi aí que comecei a pesquisar e a me interessar pela profissão", afirmou.

Ela começou sua trajetória profissional quando ainda estava na faculdade de ciências econômicas, ao ser contratada como estagiária pelo Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Passou a ser funcionária do Ibre em 2012, quando conviveu com economistas como José Roberto Afonso, consultor da IFI. Foi responsável por fazer projeções e análises e escrever mensalmente artigos sobre conjuntura fiscal.

Concluiu a graduação pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 2014. Em 2018, virou mestre em economia empresarial e finanças pela EPGE (Escola Brasileira de Economia), da FGV. Em ambos os casos, fez trabalhos de conclusão ligados à política fiscal.

Em meados de 2020, passou a assessorar o secretário de Fazenda do Paraná, Renê Garcia Junior, na administração do governador Ratinho Júnior (PSD). A mudança ocorreu depois de conhecer o secretário em um evento em São Paulo.

A economista chega à IFI no momento em que a Covid-19 e a situação das contas públicas continuam gerando debates em todo o mundo, em especial para as economias emergentes. Para ela, o papel dos conselhos fiscais têm capacidade para guiar as autoridades neste momento.

"À medida que os países emergem da pandemia, os conselhos fiscais podem ajudar os governos a reorientar o foco para finanças públicas, zelando pela sustentabilidade", afirmou a senadores durante sua sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, na segunda-feira (5).

A economista defende a necessidade de o país buscar o equilíbrio fiscal e ao mesmo tempo analisar as políticas para a baixa renda e fazer investimentos públicos de qualidade.

"Ainda há desafios a superar para alcançar o reequilíbrio fiscal com qualidade e eficiência dos gastos públicos. Dentre os desafios existentes, podemos citar a necessidade de melhorar as políticas de assistência aos mais vulneráveis e retomar investimentos públicos eficientes", afirmou.

A economista foi aprovada pelo Senado nesta quarta-feira (7) e vai ocupar o lugar de Josué Alfredo Pellegrini. Seu nome foi aprovado por 51 senadores. A indicação recebeu 2 votos contrários e 2 abstenções.

Vilma foi indicada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). A posse pode ocorrer 30 dias após a nomeação.

A aprovação foi celebrada por senadoras como Eliziane Gama (Cidadania-MA).

"A doutora Vilma é uma mulher que já sofre muito no que se refere, por exemplo, à igualdade salarial, e ainda uma mulher negra, que infelizmente é uma vítima ainda maior, considerando o acesso ao mercado de trabalho e, sobretudo, aos cargos de liderança. Vilma ultrapassa e rompe essas barreiras hoje", disse a senadora, em plenário.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) também elogiou a indicação.

"A IFI tem cinco anos, tem feito um trabalho ímpar no que se refere à transparência das contas públicas, como referência de informação para o Brasil. Este é um momento em que nós, da bancada feminina, temos que dizer ao Senado Federal e ao presidente, Rodrigo Pacheco (DEM-MG): muito obrigada. É mais uma conquista", afirmou.

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