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Elon Musk rejeita afirmações de que seus satélites estão tirando rivais do espaço

Empreendedor diz que espaço é enorme e tem lugar para 'dezenas de bilhões' de satélites

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Richard Waters
San Francisco | Financial Times

Elon Musk repudiou as críticas de que os satélites Starlink de sua companhia SpaceX estão ocupando lugar demais no espaço e afirmou que pode haver lugar para "dezenas de bilhões" de espaçonaves em órbita baixa da Terra.

"O espaço é extremamente enorme, e os satélites são muito pequenos", afirmou Musk. "Esta não é uma situação em que estejamos efetivamente bloqueando outros de alguma maneira. Nós não impedimos ninguém de fazer nada, nem pretendemos impedir."

Seus comentários, feitos numa entrevista ao Financial Times, foram em resposta a uma afirmação de Josef Aschbacher, diretor da Agência Espacial Europeia, de que Musk está "ditando as regras" para a nova economia comercial espacial. Falando ao FT no início do mês, Aschbacher advertiu que a corrida de Musk para lançar milhares de satélites de comunicação deixará menos radiofrequências e janelas orbitais disponíveis para outros.

Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, na Alemanha - Patrick Pleul - 13.ago.2021/Reuters

A SpaceX, empresa espacial privada de Musk, lançou quase 2.000 satélites de sua rede de comunicações de banda larga Starlink e tem planos para outras dezenas de milhares.

Rejeitando sugestões de que estaria "espremendo" futuros concorrentes em satélites, Musk comparou o número de satélites em órbita baixa da Terra com o que ele disse que são dois bilhões de carros e caminhões no planeta. Cada "concha" orbital ao redor da Terra é maior que a superfície do planeta, disse ele, com uma concha adicional a cada 10 metros além no espaço.

"Isso significaria espaço para dezenas de bilhões de satélites", disse ele. "Alguns milhares de satélites não são nada. É como alguns milhares de carros na Terra —​não são nada."

Alguns especialistas contestaram as afirmações de Musk de que os satélites em órbita baixa da Terra podem seguramente se equiparar à densidade de carros e caminhões na superfície terrestre.

Espaçonaves viajando a 27 mil km/h precisam de um espaçamento muito maior do que carros para poderem ajustar suas órbitas a fim de evitar colisões, disse Jonathan McDowell, astrofísico no Centro de Astrofísica Smithsonian em Harvard. Nessa velocidade, uma lacuna de três segundos só deixaria espaço para cerca de 1.000 satélites em cada concha orbital, ele calculou.

Potenciais colisões só podem ser identificadas quando estiverem perto de ocorrer, por causa da dificuldade de calcular a trajetória de muitos satélites diferentes, e porque as mudanças no clima solar afetam suas trajetórias, disse McDowell.

"Para muitos usuários do espaço, planejar uma manobra para evitar acidentes leva horas ou dias, e isso sugere que o espaço já está superlotado", disse ele.

A China se queixou este mês de que dois satélites Starlink forçaram a estação espacial chinesa a adotar medidas de "controle preventivo para evitar colisão", em outubro e julho, para "garantir a segurança e a vida de astronautas em órbita".

Laura Forczyk, analista espacial do grupo de consultoria espacial Astralytical, disse que a comparação feita por Musk de satélites com veículos terrestres é "leviana", mas acrescentou: "Ele está basicamente certo de que é um problema de gestão de tráfego".

A corrida para lançar novas redes de comunicações com milhares de satélites havia revelado uma clara necessidade de maior coordenação entre os países para decidir "como o espaço orbital será distribuído e o tráfego espacial administrado", disse ela.

Para Forczyk, as críticas de Aschbacher à Starlink foram "baseadas em emoção, não em fatos".
"Tenho de me perguntar se queixas semelhantes foram feitas quando certas companhias aéreas começaram a colocar mais aviões em rotas definidas. Ninguém é dono do céu, e todos são livres para usá-lo", afirmou.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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