Siga a folha

Descrição de chapéu inflação juros

Não sabíamos que cadeias produtivas estavam tão frágeis, diz FMI

Kristalina Georgieva afirma estar preocupada com inflação dos alimentos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Dubai

A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, desenhou o tamanho da surpresa com o cenário negativo para a economia mundial na recuperação após o pico da pandemia de Covid.

"Esperávamos que a economia crescesse e que a inflação baixasse. Conseguimos o exato contrário", afirmou ela durante o World Government Summit, encontro anual realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Não sabíamos que as cadeias produtivas estavam tão frágeis."

A diretora-executiva do FMI, Kristalina Georgieva, em seminário em Washington - Olivier Douliery - 15.out.2019/ AFP

A expectativa por um ciclo mais longo de juros baixos acabou abandonada quando o FMI se deu conta do tamanho do problema inflacionário.

"Nossas políticas não estão escritas em pedra. Elas refletem as condições que vemos", afirmou Georgieva, acrescentando que, em retrospectiva, a reação poderia ter sido diferente no ano passado.

Ainda assim, a economista elogiou as ações de bancos centrais de todo o mundo no início da pandemia. "Previmos no começo de 2020 que a economia mundial cairia 10%, o que significa depressão", disse. "E isso não ocorreu, porque os bancos centrais deram suporte."

Para 2022, a previsão do fundo, anunciada antes de estourar a guerra na Ucrânia, era que a economia mundial crescesse 4,4% neste ano, o que representa uma desaceleração em relação ao ano passado.

O foco do FMI agora é fornecer dinheiro barato em empréstimos de longo prazo para países de baixa renda e alto endividamento, sobretudo os que dependem sobremaneira da importação de alimentos, como Egito e Líbano.

"Eu vivi a inflação alta na Bulgária [seu país natal]. A poupança da minha mãe evaporou-se em 48 horas. Conheço a dor que está sendo sentida em países onde a comida está se tornando escassa", afirmou, dizendo-se comprometida com uma solução que dilua a tensão após o conflito militar. "Sei o quanto uma guerra fria reduz o potencial do mundo."

Ela lembrou que o FMI destinou US$ 650 bilhões no ano passado aos chamados special drawing rights, reserva artificial de moeda criada e mantida pelo órgão para ser usada em socorro de seus integrantes. O fundo agora está pedindo contribuições adicionais de seus membros por conta do cenário da guerra. O efeito contaminante do conflito, disse ela, "espalha-se para longe e rapidamente."

Georgieva mencionou também aí a Bulgária, antigo satélite soviético. "Meu país natal é dependente de gás da Rússia. A inflação está subindo, as pessoas estão ansiosas, e há temor de que a guerra se espalhe."

Ao ser entrevistada no palco, Georgieva passou por uma situação comum a outros palestrantes do evento: foi cobrada por um jornalista norte-americano para punir a Rússia de acordo com a capacidade do órgão que representa. No caso dela, o autor da indagação assertiva foi Richard Quest, da CNN. Ela esquivou-se, dizendo que isso depende de uma decisão dos membros do fundo.

O jornalista Roberto Dias viajou a convite da Agência de Notícias dos Emirados Árabes Unidos

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas