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Bolsa tem duas semanas de queda pela primeira vez em 2022

Riscos ganham espaço com disputa eleitoral, inflação e alta dos juros

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São Paulo

Pela primeira vez em 2022 a Bolsa de Valores brasileira acumulou duas quedas semanais consecutivas. A baixa semanal de 1,81% do Ibovespa registrada nesta quinta (14) sobreveio o tombo de 2,67% da semana passada, a pior do ano para indicador de referência do mercado de ações do país.

No fechamento diário, o Ibovespa caiu 0,51%, a 116.181 pontos. As negociações nesta quinta ocorreram sob a pressão da alta dos juros globais e da cautela de investidores devido à antecipação do fim de semana pelo feriado de Sexta-Feira Santa.

Feriados costumam preocupar investidores quanto à possibilidade de eventos prejudiciais aos negócios ocorrerem enquanto a Bolsa está fechada, algo que faz ainda mais sentido em um cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia, escalada da pandemia de Covid-19 na China e acirramento da disputa eleitoral no Brasil e a consequente pressão que a corrida pelo Planalto exerce sobre as contas públicas.

Os mesmos motivos influenciaram a ligeira alta diária da taxa de câmbio. O dólar fechou o pregão com ganho de 0,17%, cotado a R$ 4,6960. Apesar das pressões, a moeda americana recuou 0,36% frente ao real no acumulado desta semana.

Homem observa gráfico de ações na sede da Bolsa de Valores, em São Paulo - Amanda Perobelli - 28.out.2021/Reuters

Vilão da inflação mundial, o preço de referência do petróleo bruto voltou a subir nesta quinta. O barril do Brent ganhava 2,44% no início da noite, cotado a R$ 111,43 (R$ 521,54). Esse foi o terceiro dia de ganhos após a commodity já ter escalado 10% nas duas sessões anteriores.

O valor internacional da matéria-prima oscila enquanto o mercado busca interpretar sinais sobre os riscos à oferta, provocados basicamente pela guerra na Ucrânia, mas também pela possibilidade de crescimento da demanda após a China ter indicado a intenção de adotar medidas para estimular o crescimento da economia.

Ainda sobre a China, a possibilidade de paralisação de atividades da economia para o enfrentamento de uma onda de Covid também gera dúvidas sobre a demanda por commodities.

As ações mais negociadas da Petrobras caíram 1,38% na Bolsa brasileira, apesar da alta do petróleo. Em reunião nesta quinta, o conselho da empresa aprovou a nomeação de José Mauro Coelho para presidência da estatal.

Nos Estados Unidos, o final da tarde trouxe baixas aos três principais indicadores do mercado de ações de Nova York, cuja Bolsa também estará fechada nesta Sexta-Feira Santa.

O índice que acompanha companhias de grande valor Dow Jones recuou 0,33%, após uma abertura em alta em meio à divulgação de resultados do setor bancário.

O indicador de referência S&P 500 perdeu 1,21%. A pressão negativa em Nova York veio principalmente do ramo de tecnologia, revelou a queda de 2,14% da Nasdaq. O setor concentra empresas com potencial de crescimento, mas que dependem de crédito barato para isso.

As ações do Twitter caíram 1,68% após o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, ter anunciado nesta quinta uma proposta para comprar a empresa por cerca de US$ 43 bilhões (R$ 197 bilhões). A Tesla perdeu 3,66%.

O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos, referência para esse tipo de ativo, subiu para 2,83%, contra 2,7% da véspera, indicando a manutenção das expectativas de investidores para a uma alta importante dos juros no país na reunião do início de maio do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Juros em elevação nos Estados Unidos também ajudaram a levantar as taxas no Brasil nesta quinta, segundo analistas da Ativa Investimentos.

Os contratos de juros DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 subiam de 13,06% para 13,10%, na comparação entre esta quinta e a véspera. A taxa DI é negociada exclusivamente entre instituições financeiras, mas serve de referência para o mercado de crédito.

Curvas mais longas de juros –jargão para descrever taxas DI com vencimentos nos próximos anos– apresentavam altas mais significativas.

XP já espera Selic a 13,75% diante de inflação persistente

Entre as principais corretoras de valores do Brasil, a XP Investimentos elevou sua estimativa para os juros básicos do país em 2022 em um ponto percentual. A previsão dos analistas da empresa para a Selic passa de 12,75% para 13,75%. A taxa está atualmente em 11,75% ao ano.

A XP avalia que o Banco Central será obrigado a dar continuidade ao aperto monetário para conter a inflação deste ano, cujas projeções da corretora passaram de 7% para 7,4%.

Caio Megale, economista-chefe da XP, comentou que o Banco Central precisará elevar os juros para diminuir fortemente a oferta de crédito diante dos sinais de uma inflação inercial. O termo é usado para relatar uma situação em que altas já aplicadas aos preços passam a alimentar expectativas de inflação no futuro. É um processo de realimentação. As remarcações de preços se tornam automáticas.

Na segunda-feira (11), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, declarou surpresa com a alta dos preços após a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ter revelado que a inflação oficial no país acelerou para 1,62% em março e chegou a 11,30% no acumulado de 12 meses.

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