IPCA-15 desacelera e sobe 0,59% em maio, maior para o mês em seis anos
Inflação no acumulado de 12 meses tem alta de 12,20%, acima dos 12,03% registrados em abril
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O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,59% em maio, sobre alta de 1,73% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,45% para o período.
No acumulado de 12 meses, a alta foi de 12,20%, acima dos 12,03% registrados em abril —sendo a maior taxa para o índice desde novembro de 2003, quando o acumulado foi de 12,69%.
Isso representa quase 2,5 vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
"A inflação está agora não apenas muito elevada como também altamente disseminada, com projeção de que a taxa permanecerá acima de 10% até outubro de 2022 e acima de 8% até março de 2023", avaliou em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina no Goldman Sachs.
Reajustes de preços vêm garantindo a persistência das pressões inflacionárias no país, bem como o cenário internacional, com lockdowns na China e sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia.
Em maio, o item de maior influência no IPCA-15 foi produtos farmacêuticos, com aumento de 5,24% nos preços após reajuste de até 10,89% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Isso levou o grupo Saúde e cuidados pessoais a registrar avanço de 2,19%, a maior alta, de acordo com o IBGE.
Também se destacou a alta de 1,80% do grupo dos Transportes, embora tenha desacelerado em relação à taxa de 3,43% de abril. A maior contribuição para o grupo veio do item passagens aéreas, cujos custos dispararam 18,40%.
Os combustíveis também seguiram em alta, de 2,05% no mês, mas bem abaixo dos 7,54% do mês anterior, com aumentos de 1,24% da gasolina e de 7,79% do etanol.
Variação dos preços de combustíveis no mês, em %
COMBUSTÍVEIS (VEÍCULOS) | 2,05 |
GASOLINA | 1,24 |
ETANOL | 7,79 |
ÓLEO DIESEL | 2,15 |
GÁS VEICULAR | 5,88 |
Mas em maio a entrada em vigor da bandeira tarifária verde para as contas de energia impediu um salto ainda maior do IPCA-15, após seis meses de bandeira "Escassez Hídrica". A energia elétrica registrou queda de 14,09%, levando o grupo Habitação a uma deflação de 3,85% no mês.
Em sua luta para reduzir a inflação, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic a 12,75%, e reconheceu que há uma deterioração na dinâmica inflacionária do Brasil, apesar do ciclo "bastante intenso e tempestivo" de ajuste nos juros.
Uma política monetária mais apertada tende a moderar os gastos dos consumidores e, consequentemente, conter a alta dos preços, mas por outro lado restringe a atividade econômica.
"Dado que as pressões da inflação estão para cima, achamos que não vai ter como o Banco Central para de subir juros tão rápido. Continuamos achando que vai ter que subir pelo menos mais duas vezes", com cenário de 14,25% para a Selic terminal em 2022, disse a economista para Brasil do BNP Paribas Laiz Carvalho.
Segundo relatório do banco J.P. Mogan, a inflação veio mais alta do que o esperado. "A inflação é estruturalmente maior do que havíamos antecipado, o que está em linha com a elevada inflação no exterior, que aparece por meio de alimentos, bens duráveis e combustíveis. Com isso, estamos elevando as expectativas para 2022, de 7,8% para 9,0%."
"A surpresa foi a disseminação entre os itens, além de altas, como em higiene pessoal, automóvel novo, seguro de veículos e vestuário. Em consequência, os núcleos mostraram-se muitos mais pressionados do que antevíamos, denotando uma péssima dinâmica inflacionária e que deve aumentar nossa estimativa para o ano", a diz Étore Sanchez, da Ativa Investimentos.
"De forma geral, a prévia da inflação de maio veio pior e sinaliza que impacto deve ser altista na projeção do mês fechado, principalmente devido à inflação maior de bens industriais e serviços. Por outro lado, as coletas de alta frequência sugerem queda na inflação de alimentos", diz Tatiana Nogueira, economista da XP. Ela destaca que é preciso aguardar a decisão do governo em relação ao teto do ICMS em 17% em itens essenciais, como energia elétrica e combustíveis, que têm caráter deflacionário.
Veja itens que mais subiram, em 12 meses, em %:
1º | CENOURA | 146,31 |
2º | PASSAGEM AÉREA | 89,19 |
3º | ABOBRINHA | 81,10 |
4º | TOMATE | 80,48 |
5º | MELÃO | 68,77 |
6º | CAFÉ MOÍDO | 66,36 |
7º | TRANSPORTE POR APLICATIVO | 66,08 |
8º | BATATA-INGLESA | 64,74 |
9º | PIMENTÃO | 60,04 |
10º | ÓLEO DIESEL | 52,07 |
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