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Suco de laranja vive escassez inédita, e estoque baixo no Brasil gera temor na oferta global

País é principal fornecedor da bebida, que saiu aquecida da pandemia em função da maior procura por vitamina C

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Ribeirão Preto

Os estoques de suco de laranja no Brasil atingiram neste ano o mais baixo patamar já registrado, com queda de 40,7% em relação à safra anterior, graças à restrição de oferta interna e a problemas enfrentados em outros países, principalmente Estados Unidos.

É o que apontam dados da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) divulgados nesta quarta-feira (30) referentes à passagem da safra 2022/23 para a atual, iniciada em 1º de julho.

Oferta global de suco de laranja cai com safra menor no Brasil reflexos de furacão nos Estados Unidos - Jan Vasek/Pixabay

Os estoques disponíveis atingiram 84,7 mil toneladas, ante as 143,1 mil toneladas da safra anterior, volume muito abaixo das 765,9 mil toneladas de 2013, até aqui o ano com maior estoque na série histórica –iniciada em 2012.

Nem mesmo o aumento de 15% na produção total de suco na última safra foi suficiente para evitar a redução dos estoques. De 821,6 mil toneladas, a produção subiu para 945,5 mil na safra 22/23 no país.

A safra 22/23 marcou, também, o terceiro ano seguido de queda, iniciada em 2021. A temporada 2020/21 começou com 471,1 mil toneladas de suco estocadas, montante que caiu para 316,9 mil toneladas no ano seguinte.

"A restrição da oferta no Brasil na safra 20/21 foi afetada pelo clima. Secas, geadas, uma série de problemas. Agora, neste ano, a Flórida enfrenta problemas", afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

O Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja no planeta, com cerca de 75% do comércio internacional, e qualquer abalo na produção interna gera reflexos em outros países.

A previsão para a safra 2023/24 feita pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) é de queda na produção de laranjas no cinturão citrícola formado pelo interior de São Paulo e pelo Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais.

Estão previstas 309,34 milhões de caixas de 40,8 quilos cada, ante as 316,95 milhões de caixas estimadas pelo órgão no início da safra 2022/23.

Embora pequena, a redução é suficiente para gerar temor na oferta global. Após os estoques de fim de ano do país atingirem um nível que já preocupava, a francesa Unijus (associação dos fabricantes de sucos de frutas) relatou como inédita a escassez de concentrados de laranja "observada no mercado mundial", citando que a pressão aumentou sobre o Brasil e que o resultado era a impossibilidade de o país honrar as encomendas feitas por todos os continentes.

Já na Flórida, são duas as dificuldades vividas: o greening, principal doença da citricultura, e os reflexos do furacão Ian, que atingiu o estado norte-americano em setembro do ano passado.

"[O furacão] Praticamente derrubou a totalidade da produção americana", disse o executivo. Das 41,2 milhões de caixas do período 2021/22, a produção norte-americana caiu para 15,8 milhões na safra 2022/23.

Brasil e Estados Unidos, no passado, chegaram a ser responsáveis por uma produção de 600 milhões de caixas de laranja numa safra, que agora não atingirá 330 milhões caso as previsões se confirmem.
Outros países produtores, como México e Espanha, também tiveram problemas com estiagem e falta d’água, respectivamente.

Esse quadro de problemas no globo gera o que Netto classificou como "tempestade perfeita", num momento em que a sensação é de aquecimento global na demanda pós-pandemia.

"Abriu mais demanda para o Brasil, que já não estava produzindo tanto, e acabou com os estoques [ficando] tão baixos. Para o futuro temos de aguardar o comportamento da demanda, que hoje em dia é absolutamente incerto."

A percepção de mercado indica que no mundo o setor saiu da pandemia de Covid-19 mais aquecido, por conta da procura pela vitamina C da fruta e pelo fato de as famílias tomarem mais café da manhã em casa. Até 2019, o consumo estava em queda devido à concorrência com outros sucos, águas saborizadas e néctares, que são mais baratos.

O calor das últimas semanas também gerou alta no consumo, o que fez o preço da caixa de 40,8 quilos subir 0,8% na semana passada, em relação à anterior, conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Além da redução da safra, há um outro obstáculo no setor citrícola: evitar perdas. Cerca de 8 milhões de caixas foram perdidas na última safra por conta de problemas no processo de colheita e a deterioração do rendimento industrial de suco.

A associação informou que considerando as primeiras estimativas feitas pelo Fundecitrus e outros problemas, é possível prever dificuldades no fornecimento do suco ao longo da temporada.

Segundo a CitrusBR, os dados relativos aos estoques são resultado de um levantamento feito por auditorias independentes junto a cada uma das empresas associadas e consolidado em sigilo por uma auditoria externa.

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