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Descrição de chapéu Agrofolha mudança climática

Produção de azeite cai pela metade e preço no campo triplica na Espanha

País, que produz 45% do total mundial, tem maior crise da última década por falta de chuva

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Madri

Brígida Jiménez Herrera tem uma pequena plantação de 30 hectares em Jaén, na Andaluzia. Ela produz azeite de oliva, mas não vê a cor das azeitonas da variedade picual desde o ano retrasado. Por falta de chuvas, a Europa enfrenta a maior crise do azeite da última década.

A Espanha, que responde por 45% de todo o azeite mundial, viu sua produção cair de 1,4 milhão de toneladas métricas (cerca de 1,5 bilhão de litros) em 2022 para menos da metade, 660 mil (ou 719 milhões de litros), neste ano (a previsão aposta em um pouco mais nesses últimos meses, segundo dados do International Olive Council). "Espero que ainda chova para podermos salvar algo dessa colheita", diz Herrera

"Não colhi nada no ano passado. Nem neste. Então, o preço do azeite sobe", conta ela. "Perdem os produtores, que não vendem quase nada, perdem os distribuidores, que não podem aumentar o suficiente para lucrar, e perdem os consumidores, que já sofrem aumentos gerais nos preços dos alimentos e também no azeite de oliva."

Garrafas de azeite são alinhadas em uma fábrica, em Dos Hermanas (Espanha) - Marcelo del Pozo/Reuters

De fato, segundo levantamento do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, o preço na origem, aquele que o produtor recebe ao vender aos distribuidores, de 100 kg de azeite de oliva extra era de € 202 (R$ 1.058) em 2020. Aumentou mais de 50% nos dois anos seguintes, para € 331 em 2021 e para € 335 (R$ 1.755) em 2022.

Ninguém, no entanto, estava preparado para o aumento deste ano, que mais do que triplicou os preços em relação a 2020. Hoje, os 100 kg vendidos pelos produtores saem por € 615 (R$ 3.222). "Mas ninguém está ficando rico por aqui. Ao contrário", diz.

Acontece que, além de pequena produtora, Brígida Jiménez Herrera também é a diretora da região de Córdoba do órgão governamental Ifapa (Instituto Andaluz de Investigação e Formação Agrária, Pesqueira, de Alimentos e de Produção Ecológica), que cuida dos olivais da Andaluzia, a comunidade autônoma que responde pela maioria do azeite espanhol e reúne 180 mil agricultores de azeitonas.

Assim, ela também tem uma visão sobre o que o país está fazendo para tentar mitigar essa crise. "O fator limitante é o clima", diz. "Uma pluviometria que costumava ser de 700 mm ou até 1.000 mm, nas regiões de serra, caiu no último ano para algo em torno de 300 mm e 450 mm."

Herrera não sabe dizer se as mudanças climáticas no planeta são as responsáveis pela atual situação. "Não sou especialista nesse assunto, mas está claro que, quando as temperaturas aumentam, há mudanças nas colheitas. O fato é que essas crises acontecem às vezes. Tivemos outra assim em 2012 e 2013", lembra ela.

O custo para se cultivar azeitonas na Espanha é cerca de € 1.000 (R$ 5.238) por hectares ao ano. No caso dela, que tem 30 hectares, o custo foi de € 30 mil (R$ 157 mil) no ano passado e outros € 30 mil agora, sendo que a entrada de dinheiro foi zero.

Questionada sobre uma possível falência em dominó de produtores na região, ela diz que ainda não aconteceu. "Em primeiro lugar, o agricultor tem um perfil extremamente conservador. Ele nunca gasta na próxima colheita tudo o que ganhou na anterior. Guarda dinheiro para situações assim, que sempre podem acontecer", responde Herrera.

E há também ajuda da União Europeia, que tem um programa de auxílio a agricultores em dificuldades. "A UE ajuda com € 300, até € 400 por hectare, para que se conserve a cadeia de produção —todas as pessoas que dependem da colheita, de funcionários a fazendeiros e suas famílias", conta.

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