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Dólar e Bolsa fecham em queda, com IPCA-15 e PIB dos EUA em foco

Prévia da inflação brasileira e dados da atividade econômica norte-americana norteiam decisões de juros pelos bancos centrais

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São Paulo

O dólar fechou em queda de 0,16% nesta quinta-feira (25), cotado a R$ 5,647, com os dados do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos e do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), divulgados mais cedo nesta manhã, na pauta dos investidores.

A Bolsa também fechou o dia no negativo com perdas de 0,37%, a 125.954 pontos.

Na véspera, o dólar fechou em alta de 1,23%, a R$ 5,656, e a Bolsa teve leve queda de 0,13% aos 126.422 pontos - REUTERS

O mercado analisou de perto os últimos resultados da chamada "prévia" da inflação, publicada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O IPCA-15 registrou nova desaceleração em julho, para 0,30%, superando a expectativa de 0,23% de analistas consultados pela Bloomberg. Em junho, a inflação foi de 0,39%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 teve alta de 4,45% em julho, enquanto o mercado esperava uma taxa de 4,38% no período. No mês anterior, o índice ficou em 4,06% nesse recorte de tempo.

O IPCA-15 se difere da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, devido ao período de coleta, que ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação. Por ser publicado antes, o índice sinaliza uma tendência para a contagem oficial de preços do país.

O IPCA, por sua vez, é baseado em dados levantados apenas no mês de referência, e será divulgado no dia 9 de agosto. Por isso, o resultado fechado de julho ainda não aparece completamente na coleta do IPCA-15.

As leituras de inflação são um dos termômetros usados pelo BC (Banco Central) para decidir sobre a taxa básica de juros do país, a Selic, hoje em 10,50% ao ano.

"O resultado de hoje não é suficientemente ruim para mudar a postura do Banco Central na decisão de juros semana que vem. Apesar de um IPCA-15 acima do consenso com efeitos sazonais, o contexto ainda é de desaceleração da inflação ao longo dos meses", avalia Beto Saadia, economista e diretor da Nomos Investimentos.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC começa a deliberar sobre o patamar da Selic na próxima terça-feira (30), em reunião que se estenderá até o dia seguinte.

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) também se reúne nessas mesmas datas para definir os juros norte-americanos. As decisões de ambas as reuniões serão conhecidas na quarta-feira, dia apelidado de "super quarta" no jargão do mercado.

No exterior, as leituras do PIB e da inflação dos Estados Unidos foram o foco das atenções nesta quinta.

A economia do país cresceu mais rápido do que o esperado no segundo trimestre, mas a inflação diminuiu, deixando intactas as expectativas de um corte na taxa de juros pelo Fed na reunião seguinte à da próxima semana, marcada para setembro.

O Produto Interno Bruto aumentou a uma taxa anualizada de 2,8% no segundo trimestre, informou o Departamento de Comércio, ante 1,4% no trimestre anterior. Economistas consultados pela Reuters previam expansão do PIB em 2,0%, com as estimativas variando de 1,1% a 3,4%.

Em nota a clientes, economistas do Bradesco avaliam que a leitura do PIB revela um "crescimento saudável e consistente da economia" norte-americana.

"Não se trata de uma reaceleração, mas sim de um crescimento elevado e estável. Essa conjuntura deve reduzir preocupações em torno da desaceleração da atividade econômica, que vinha se manifestando em alguns dados. Em todo caso, acreditamos que o quadro atual da economia dos EUA segue compatível com nossa expectativa de que o Fed realize dois cortes consecutivos de 0,25 p.p. na taxa básica de juros em novembro e dezembro deste ano", diz a análise.

Olhando para a inflação dos EUA, o índice de preços PCE, excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, avançou 2,9%, depois de ter subido a um ritmo de 3,7% no primeiro trimestre. O chamado núcleo do PCE é um dos indicadores mais monitorados pelo Fed para balizar a decisão de juros, ante a meta de inflação em 2%.

A leitura é uma boa notícia para as autoridades do banco central dos EUA por indicar desaceleração e convergência da inflação à meta. O dado mensal, porém, só será divulgado amanhã.

O Fed manteve a taxa de juros de referência na faixa atual de 5,25% a 5,50% ao longo do último ano, depois de aumentá-la em um total de 525 pontos-base desde 2022. Os mercados financeiros esperam três cortes este ano, começando em setembro.

Na cena corporativa, as principais petroleiras do Ibovespa recuaram em bloco, em movimento de realização de lucros após forte alta na véspera.

Petrorecôncavo caiu 2,82%, seguida por 3R Petroleum (1,56%) e PRIO (0,39%). Os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras perderam 0,13% e 0,42%, respectivamente.

Já Vale fechou perto da estabilidade, com leve queda de 0,05%, antes da divulgação do balanço trimestral da mineradora após o fechamento do mercado.

Por pressão da matéria-prima da siderurgia e da alta do iene, o dólar, na véspera, fechou em alta de 1,23%, a R$ 5,656, e a Bolsa teve leve queda de 0,13% aos 126.422 pontos.

O iene tem acumulado ganhos contra a divisa norte-americana em meio a suspeitas de intervenção cambial das autoridades e à especulação sobre se o Banco Central do Japão elevará os juros em reunião na próxima semana.

Um iene valorizado ante o dólar e a possibilidade de diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos levam investidores a reverter operações de "carry trade", isto é, quando tomam ativos em locais com juros baixos para rentabilizar em outros com juros mais altos. Isso provoca uma fuga de capitais de emergentes para sustentar essa reversão no mercado japonês.

Na cena doméstica, o mercado seguiu de olho no fiscal após a divulgação do Relatório Bimestral de Despesas e Receitas na segunda-feira, que trouxe detalhes sobre o contigenciamento de R$ 15 bilhões no Orçamento anunciado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Os desdobramentos das eleições nos Estados Unidos também seguiram em foco. Joe Biden anunciou, no domingo, que não será mais candidato à reeleição e endossou a candidatura de Kamala Harris, sua vice-presidente.

"A decisão de Biden mexe com os mercados porque a chance de Donald Trump ganhar diminui, então isso 'enfraquece' a chance da política ficar mais protecionista, o que enfraquece o dólar", afirma Hemelin Mendonça, educadora financeira e sócia da AVG Capital.

Com Reuters

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