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Descrição de chapéu Sabesp saneamento

Equatorial estreia no Sudeste ao se tornar sócia da Sabesp; conheça a empresa

Analistas destacam boa gestão da companhia de energia e sua capacidade de reestruturação de ativos

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São Paulo

A Sabesp confirmou na terça-feira (16) que a Equatorial Energia cumpriu os requisitos para ser a investidora estratégica dentro do seu processo de privatização. Com isso, a elétrica será uma espécie de sócia do governo paulista na empresa de saneamento, levando 15% das ações, enquanto o estado ficará com 18%.

O grupo ofereceu R$ 67 por ação pela fatia de 15% da Sabesp, totalizando R$ 6,9 bilhões. Na época, o valor era 10% menor do que a cotação do papel na B3, que valia R$ 74.

Fundada há 20 anos, a Equatorial tem atuação majoritária no segmento de distribuição de energia, sendo o terceiro maior grupo de distribuição do país em número de clientes. Nos últimos anos, porém, a companhia tem buscado diversificar seus ativos.

Hoje a empresa também atua nos segmentos de transmissão, comercialização, energias renováveis, saneamento e telecomunicações.

Subestação Itambé de distribuição de energia elétrica da CPFL Paulista no município de Marília, na região cento-oeste do estado de São Paulo - Alf Ribeiro -10.abr.2019/Folhapress

Os negócios da empresa englobam sete distribuidoras de energia elétrica que cobrem 28,3% do território nacional e atendem mais de 14 milhões de clientes. A companhia também possui nove ativos operacionais de transmissão de energia, com 3,2 mil km de linhas, presentes em seis estados.

Em renováveis, o grupo possui 12 parques eólicos em operação nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Piauí, com capacidade instalada de 1.200 MW e um conjunto de projetos de 3,5 GW.

No setor de saneamento, a empresa atua desde 2021, quando venceu leilão para concessão da Companhia de Saneamento do Amapá, a CSA, com lance de R$ 930 milhões e compromisso de investimento de R$ 880 milhões.

Desde a compra, a Equatorial se classifica como a primeira companhia "multi-utilities" do país. "Utilities" é a denominação que engloba os setores voltados aos serviços públicos, como gás, energia e água.

Mas por enquanto, a experiência da empresa no setor de saneamento é curta e apenas local, com o atendimento de cerca de 82 mil clientes em 2023 e lucro operacional aferido no primeiro trimestre deste ano de R$ 1,5 milhão.

A compra da Sabesp, portanto, representa a entrada de vez da Equatorial no setor com um grande ativo no portfólio. O negócio também trará uma expansão regional à empresa, que com a aquisição está chegando ao Sudeste pela primeira vez.

A Equatorial é conhecida no mercado por sua boa gestão e por ter capacidade de reestruturar outras empresas que ela adquire.

Logo no início de sua história, começou operando por meio da compra de distribuidoras em dificuldade financeira. A primeira aposta da empresa foi no âmbito da privatização da Cemar, no Maranhão, que foi fundada em 1958 e que desde 2001 apresentava problemas financeiros.

Quando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de 2002 a 2004, determinou a intervenção administrativa da empresa, o grupo Equatorial adquiriu a elétrica e implementou um plano de reestruturação.

O pesquisador Roberto Brandão, diretor científico geral do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que foi o trabalho realizado na Equatorial Maranhão que trouxe fama à empresa. Depois disso, a companhia acumulou outros casos de sucesso ao longo de sua história, segundo ele.

"É uma boa empresa, com boa reputação", diz.

Brandão conta que o nome da companhia faz alusão ao local onde começou a sua operação, em uma região do país próxima ao Equador. "Tradicionalmente a empresa atua no Norte do Brasil com distribuição. Por isso, ela possui menos visibilidade, por estar fora do eixo Sudeste", diz.

O economista lembra que outro grande caso de sucesso da Equatorial foi a compra em 2012 de parte da antiga Celpa (Centrais Elétricas do Pará S.A.) no contexto do plano de recuperação judicial da companhia, que acumulava uma dívida bilionária. A aquisição aconteceu por um valor simbólico de R$ 1, e daí surgiu a subsidiária Equatorial Pará, que no primeiro trimestre deste ano registrou lucro operacional ajustado de R$ 650 milhões.

"A empresa tem um perfil um pouco diferente do que a gente está acostumado quando olha as outras elétricas. De modo geral, ela tende sempre a buscar ativos em uma situação um pouco mais delicada e fazer uma boa reestruturação, colocando esses ativos para rodar e conseguir alcançar patamares de lucratividade e rentabilidade", diz Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research.

EQUATORIAL NA BOLSA

A companhia tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo desde 2006, quando fez seu IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês). Hoje a companhia não tem um controlador único. Seu capital social está distribuído entre as gestoras Opportunity (6,3%), Atmos (5,5%), Capital World Investors (5,2%), Squadra Investimentos (5,0%), Canada Pension Plan (5,0%) e BlackRock (5,0%).

A Equatorial está avaliada em cerca de R$ 38 bilhões, e a sua ação na Bolsa é negociada a aproximadamente R$ 33. Desde o dia 26 de junho, quando surgiram os rumores de que a empresa tinha sido a única a formalizar uma proposta para ser investidora estratégica na Sabesp, o papel subiu 13%.

Até então, porém, a ação da companhia acumulava queda de 15,8% no ano, movimento acompanhado por outras elétricas da Bolsa em meio a uma percepção de risco no mercado, com a expectativa de juros altos por mais tempo e ameaças de intervenções políticas e regulatórias no setor.

Em relatório, o banco suíço UBS-BB diz que foi uma surpresa o fato de a Equatorial ter sido a única a apresentar proposta para ser acionista de referência da Sabesp. Segundo os analistas Giuliano Ajeje, Gustavo Cunha e Henrique Simões, que assinam o documento, a notícia foi positiva para a empresa.

No mesmo relatório, os analistas levantam as alternativas para a companhia financiar a aquisição. Uma delas é por meio da venda de ativos, algo que a Equatorial já começou a realizar recentemente com a venda, em 8 de julho, da linha de transmissão SPE 7, no Pará.

Em comunicado ao mercado, a empresa ressaltou que a operação não representa a saída do grupo do segmento de transmissão, "mas tão somente permite avançar na aceleração da sua trajetória de desalavancagem, adequando sua estrutura de capital a eventuais oportunidades nas avenidas de geração de valor em que atua", declarou à época.

Brandão, do Gesel-UFRJ, avalia que a Equatorial tem capacidade financeira para a compra da fatia da Sabesp e possui fácil acesso ao mercado de capitais por ser bem gerida, o que facilitará levantar capital por meio da emissão de dívida para financiar a operação.

Para ele, a transação acontece em meio a um movimento de diversificação de ativos pela empresa como forma de proteção dado o momento do segmento de distribuição no país. "Nos últimos tempos houve um volume grande de transações no segmento e eles tendem a minguar. Então, a estratégia de diversificação de ativos é positiva para a continuidade da empresa no longo prazo", afirma.

Especificamente em saneamento, o analista Fabiano Vaz, da Nord, diz que desde o novo marco legal do setor a Equatorial já vinha mudando sua estratégia e olhando para essa área com atenção. "Acho que a Sabesp acabou aparecendo aí nesse caminho", diz.

"Já é um movimento que eles tinham sinalizado para o mercado, a empresa já até fez aquisição no saneamento. É um ativo bem pequeno, mas eles já começaram a colocar um pé nisso, então já demonstrava que eles iriam para esse caminho [de buscar um ativo maior no setor]", completa.

RAIO-X DA EQUATORIAL

Fundação: 2004
Lucro líquido no 1º trimestre de 2024: R$ 384 milhões
Valor de mercado: R$ 38 bilhões
Funcionários: 11.124
Municípios atendidos: 1.046
População atendida: 14,1 milhões
Composição acionária: Opportunity (6,3%), Atmos (5,5%), Capital World Investors (5,2%), Squadra Investimentos (5,0%), Canada Pension Plan (5,0%) e BlackRock (5,0%); Outros (67,9%); Tesouraria (0,1%)

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