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Descrição de chapéu Governo Lula

Lula diz que falará com ministros sobre caso de desembargador suspeito de trabalho análogo à escravidão

Mulher foi resgatada pela PF no ano passado, mas Justiça autorizou volta para casa de magistrado, que nega crime

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira (17), que falará com ministros do seu governo sobre caso do desembargador de Santa Catarina suspeito de manter uma mulher em condições análogas à escravidão por ao menos 20 anos.

O caso foi revelado no ano passado. A mulher foi encontrada pela Polícia Federal na residência do magistrado, no bairro Itacorubi, em Florianópolis. Segundo as investigações, ela vivia em um quarto com mofo nos fundos da casa e teria feito trabalho doméstico por duas décadas. Borba nega as condições degradantes.

O presidente Lula (PT) em encontro com atletas paralimpicos e olimpicos, no Palácio do Planalto - Folhapress

O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a que a mulher surda, de 50 anos, voltasse para a casa de Jorge Luiz Borba, em setembro do ano passado.

"Como é que pode haver decisão para que essa pessoa que está há 41 anos [em trabalho análogo a escravidão] na casa voltasse para casa? Em nome do quê? Em defesa do quê? Não quero criminalizar e julgar, mas a casa que ela trabalhava era de desembargador", disse.

"Quero dizer para você que me interessei pelo caso e vou consultar alguns ministros para saber o que de fato está acontecendo", completou.

Procurada, a defesa do desembargador encaminhou nota na noite desta quarta em que defende a inocência.

"A família Borba tem se dedicado a demonstrar a verdade dos fatos nos autos judiciais. A instrução processual é extremamente detalhada e se caracteriza como ambiente adequado para a profunda e humana discussão, sob contraditório, de todos os aspectos legais envolvidos, especialmente em se tratando de pessoa com deficiência", diz o texto.

"Assim, por se tratar de caso sob segredo de justiça, a família insiste em sua posição de não tecer qualquer comentário público em absoluto respeito às instituições e ao devido processo legal", continua o texto. Em setembro do ano passado, o magistrado disse em outro comunicado que a mulher era considerada integrante da família e negou qualquer crime ou maus-tratos.

Em junho, Borba disse que iria reconhecer judicialmente a mulher como filha afetiva, com direitos como herdeira.

Lula mencionou o caso porque a vítima, que não consegue se comunicar porque não libras aprendeu, se tornou destaque no evento em que participava.

Palestrantes que o antecederam, no encerramento da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, mencionaram o episódio e o nome da vítima, seguidos por gritos e aplausos da plateia.

Na época do julgamento do STF, o defensor público federal William Charley Costa de Oliveira, por sua vez, tentou suspender os efeitos da decisão com um habeas corpus apresentado ao STF. Ele argumentou que se trata de caso grave ainda sob investigação.

No STF, o ministro André Mendonça recusou os pedidos do defensor público por não identificar risco de lesão irreparável ou plausibilidade do direito em questão.

Os ministros do STF e do STJ argumentam que cabe ao MPF prosseguir nas investigações. A ação criminal segue em segredo de Justiça.

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