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Norte bate recorde de consumo de energia e preocupa setor elétrico

Estiagem e onda de calor causam demanda acima da média; especialistas não veem risco de apagão

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Rio de Janeiro

A onda de calor e a estiagem, que intensificam queimadas e afetam os rios da amazônia, levaram a região Norte a bater, na terça-feira (20), recorde de consumo de energia, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

A seca na região é motivo de preocupação entre autoridades do setor elétrico brasileiro. Especialistas ouvidos pela Folha, porém, não veem risco de apagões no país, que conta com parque térmico para garantir o abastecimento.

Fumaça de queimadas tomam conta de Manaus. - Divulgação/ Fiocruz Amazônia

De acordo com o boletim preliminar da operação do ONS, o consumo médio de energia da região Norte bateu 8.297 MW (megawatts) médios na segunda, superando os 8.274 MW médios de 8 de agosto de 2023, o recorde anterior.

O maior consumo levou o ONS a determinar a geração de hidrelétricas locais em volume superior ao programado inicialmente, o que o operador vem tentando evitar com o objetivo de poupar água para o fim do período seco, no terceiro trimestre.

Com a seca nos últimos meses, as hidrelétricas da região já vêm gerando volumes de energia inferiores aos normais para esse período do ano. Na semana passada, por exemplo, a geração média ficou em 2.976 MW médios, contra 3.703 MW médios do mesmo período de 2023.

Na última reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), o ONS sugeriu o uso de térmicas para poupar água nos rios da região Norte, considerados fundamentais para garantir o abastecimento da demanda do início da noite, quando usinas solares param de gerar energia.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que está tentando antecipar a operação de uma térmica da Neoenergia em Pernambuco e que busca outras usinas que estão hoje sem contrato para avaliar a viabilidade de operação nesse fim de período seco.

A proposta, porém, é criticada por grandes consumidores de eletricidade, que temem impactos no preço da energia no país. E sugerem medidas alternativas, como um programa de redução voluntária de demanda industrial.

"Acho que não estamos diante de uma grave crise", diz o presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, que já comandou o ONS. "Há um problema de potência, previsto em estudos, que temos instrumentos para combater."

O problema de potência ocorre logo no início da noite, quando o consumo de energia aumenta com a chegada das pessoas em casa mas a geração cai com usinas solares desativadas e eólicas menos potentes.

Nesses momentos, o preço de referência da energia no mercado atacadista, conhecido como PLD (preço de liquidação de diferenças, vem disparando, em um sinal de que o produto se torna mais escasso. Na terça, por exemplo, ele saiu de R$ 124 por MWh (megawatt-hora) às 17h para 342 por MWh às 18h.

Barata defende que um mecanismo de resposta da demanda, na qual empresas são bonificadas por reduzir o consumo nos horários de maior demanda, custaria ao contribuinte menos do que o acionamento de térmicas mais caras, algumas com tarifa superior a R$ 2.000 por MWh.

"É um instrumento usado no mundo inteiro, não apenas diante de crises, mas no dia a dia", diz o executivo. "Aqui no Brasil, se identifica como ação de racionamento, que não é, porque não é uma decisão compulsória, é do consumidor."

A solução foi acionada durante a grande seca de 2021, mas também naquele momento, o governo optou pelas térmicas como solução principal para garantir o abastecimento, chegando a pagar a uma usina cerca de R$ 3.000 por MWh, em valores atualizados.

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