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Lula diz que redução da taxa de juros é uma 'briga eterna'

Presidente também afirma que Mercosul fez sua parte para acordo e que a 'União Europeia que se vire com a França'

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quarta-feira (14) a taxa básica de juros, acrescentando que baixá-la é uma "briga eterna".

Lula também criticou quem vive de dividendos e afirmou que o que falta para o Brasil é a "circulação do dinheiro".

"Baixar o juro é uma briga eterna. Mas mesmo se o juro for zero, se o cara não tiver dinheiro, ele não vai consumir. O importante é a circulação do dinheiro", afirmou o presidente.

Lula também reconheceu que há divergência dentro do seu governo sobre gastos, mas que costuma provocar seus ministros indagando qual o custo de não fazer os investimentos necessários para o futuro.

"Mesmo agora no governo, quando a gente senta para discutir, você tem o pessoal preocupado que a gente não consiga gastar o dinheiro que precisa e as pessoas que sabem que precisa gastar. Os que não querem, também sabem que precisa gastar, mas tem responsabilidade em dizer para a sociedade que nós não temos tudo isso", afirmou o presidente.

"Sempre provoco o pessoal a discutir o seguinte: custa fazer tal coisa? Vamos nos perguntar quanto custa não fazer? Quanto não custou ao Brasil não fazer as coisas na década de 50?", questiona.

O presidente Lula durante reunião ministerial, no Palácio do Planalto - 8 ago. 2024/Folhapress

Lula participou da abertura do Fórum Um Projeto de Brasil, da revista Carta Capital, na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília.

A taxa de juros e a atuação do Banco Central vem sendo alvo de críticas do presidente desde o início do atual governo. Lula atacou diversas vezes o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, chamando-o o de "cidadão" e chegou a questionar se ele possui interesses próprios com uma taxa de juros elevada.

No fim de julho, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. Foi a segunda reunião consecutiva sem alteração no patamar da Selic.

A decisão foi unânime, com alinhamento dos votos dos quatro diretores indicados pelo próprio Lula, incluindo Gabriel Galípolo –favorito a assumir o comando da instituição em 2025–, e Campos Neto, o atual chefe do BC.

Ao justificar a opção por manter a taxa de juros inalterada, o Copom adotou um tom mais duro no comunicado. Enfatizou a necessidade de "maior vigilância" e destacou que as conjunturas doméstica e internacional demandam um "acompanhamento diligente e ainda maior cautela".

Durante participação em audiência na Câmara, na terça-feira (13), Campos Neto afirmou que o Banco Central tenta "manter a taxa de juros o mais baixa possível fazendo a inflação convergir para a meta". Na sequência, ele ressaltou que a meta de inflação é definida pelo governo e que não é verdade que taxa de juros alta é boa para os bancos.

Campos Neto ainda deu uma leve cutucada no governo, ao lembrar em dois momentos que as decisões do Banco Central foram unânimes, inclusive com os diretores indicados por Lula,

'UE que se vire com a França'

Lula também voltou a criticar a União Europeia pelos obstáculos para a conclusão do acordo comercial com o Mercosul. Afirmou que o Brasil e seus parceiros no bloco sulamericano fizeram a sua parte e que agora cabe aos europeus resolverem as suas pendências.

"Nós estamos prontos para firmar o acordo Mercosul-União Europeia. Agora depende da UE porque nós aqui já decidimos o que queremos, e já comunicamos eles. A União Europeia que se vire com a França que tem dificuldade com os produtos agrícolas brasileiros. Certamente, teria que disputar com nosso queijo de minas, nosso vinho do Rio Grande do Sul", afirmou o presidente.

"Mas já liguei para a [Ursula] Von der Leyen dizendo para ela 'está pronto, nós do Mercosul estamos dispostos a assinar o acordo, é só vocês quererem que assinamos'. Agora só depende deles, não depende de nós", completou.

Lula também afirmou que terá uma reunião bilateral com o chinês Xi Jinping, logo após a cúpula de chefes de Estado do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. O mandatário brasileiro afirmou que o encontro será para discutir uma parceria estratégica de longo prazo com a China.

"A China virou um problema. Pra quem? Não para nós. Virou um problema para os Estados Unidos, para os países capitalistas que achavam que era fácil aumentar a sua riqueza explorando a mão-de-obra quase que escrava da China. Os chineses, diferente de nós, souberam aproveitar as oportunidades, não ficaram muito preocupados com essa tal de propriedade intelectual e foram aprendendo a fazer as coisas, mandando gente estudar lá fora. E hoje a China é o que é, uma coisa invejável", afirmou

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