Reverter onda populista mundial é meta do ano, diz Human Rights Watch
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O vento começa a soprar contra o populismo no mundo. Enquanto há um ano a onda de líderes populistas autoritários parecia incontrolável e poucos se atreviam a contestá-los, a reação popular tomou forma e fez com que o futuro desse movimento se tornasse incerto em vários países.
A avaliação consta do relatório anual da organização Human Rights Watch (HRW), que coloca o "desafio populista" como a grande luta dos direitos humanos em 2017. O texto será divulgado nesta quinta (18), em São Paulo.
"O ano passado mostra que os direitos podem ser protegidos dos ataques populistas. O desafio agora é fortalecer essa defesa e reverter a onda populista", diz Kenneth Roth, diretor-executivo da HRW.
Para a ONG, não foi uma luta sem percalços. Potências ocidentais com esse tipo de liderança se voltaram para dentro, e o resultado foi um cenário internacional mais fragmentado. Foi o caso dos EUA, que aumentaram seu isolacionismo, e do Reino Unido, preocupado com o "brexit".
Alemanha e França, combatendo internamente forças racistas, não compensaram esse vácuo, que acabou preenchido por Rússia e China.
"Focados em suprimir qualquer possibilidade de protestos maciços contra a retração de suas economias e a corrupção generalizada, os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin têm agressivamente promovido uma agenda contra direitos nos fóruns multinacionais e forjado alianças mais fortes com governos repressivos", diz o texto.
A Turquia é citada como exemplo de país onde "populistas e outras forças contrárias a direitos prosperaram", devido à repressão da oposição e à ausência de "preocupação internacional".
"O presidente Recep Tayyip Erdogan dizimou o sistema democrático da Turquia impunemente, já que a UE deslocou seu foco para garantir sua ajuda na contenção do grande fluxo de refugiados à Europa", afirma Roth.
"Na verdade, quando houve pouca resposta internacional ao seu comportamento na esfera doméstica, governos repressivos se sentiram incentivados a manipular e a obstruir as instituições internacionais que podem defender os direitos", afirma.
O relatório também critica a "deferência indevida" a Aung San Suu Kyi, líder de facto de Mianmar, que não tem "controle real sobre os militares" e não demonstrou "interesse em pagar o preço político pela defesa de uma minoria impopular".
Sob seu governo, militares expulsaram mais de 600 mil rohingyas para Bangladesh, numa ação qualificada pela ONU como "limpeza étnica".
SUCESSOS
O relatório aponta algumas respostas "incentivadoras aos autocratas antidireitos". Uma delas é a reversão do êxodo em massa articulado por países africanos do Tribunal Penal Internacional.
"Um grande apoio popular ao TPI por grupos cívicos em toda a África ajudou a persuadir a maioria dos governos africanos a continuar no tribunal", diz Roth.
As Filipinas aparecem como um exemplo "particularmente cínico e letal de um desafio populista aos direitos humanos", pela campanha de execuções sumárias, travestida de ação antidrogas, do governo Rodrigo Duterte.
Mas a pressão externa fez com que Duterte transferisse o comando das operações a uma agência antidrogas e, com isso, as mortes caíram.
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