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Merkel sai enfraquecida de negociação de governo, diz especialista

Para Werner Patzelt, chanceler alemã ficou nas mãos de sociais-democratas

A chanceler alemã, Angela Merkel, participa de entrevista coletiva para anunciar acordo e formar governo em Berlim - Tobias Schwarz - 7.fev.2018/AFP

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Madri

Passaram-se mais de quatro meses até que os dois principais partidos alemães entrassem em acordo para formar o próximo governo. "Foi difícil parir essa criança", diz o cientista político Werner  Patzelt, professor da Universidade Técnica de Dresden —e a princípio o nascimento não agrada nenhum dos responsáveis.

A CDU da chanceler Angela Merkel sai enfraquecida, afirma ele, depois de ceder importantes ministérios ao rival SPD.

"Merkel não tinha nenhum poder de barganha depois de ter dito de antemão que não formaria um governo de minoria", observa Patzelt.

 

Folha - Como o sr. avalia o acordo para governar?

Werner  Patzelt - Foi bastante difícil parir essa criança, e ainda não sabemos se os membros do SPD vão aceitar o acordo. Mas, se olhamos a distribuição de ministérios, o SPD ganhou influência, em especial com as Finanças.

Quem mais se beneficiou?

O outro beneficiado foi a CSU, porque conseguiu impor sua política migratória no acordo, limitando o número de refugiados. Isso é importante, pois estará no centro do próximo governo. Nesse sentido, é importante que a CSU fique com o Ministério do Interior.

Como fica Angela Merkel?

Como resultado desse acordo, enfraquecida. A CDU é maior do que SPD e CSU, em termos eleitorais, mas teve de abrir mão de diversos postos ao negociar a coalizão.

Por que teve que ceder?

Merkel não tinha nenhum poder de barganha, depois de já ter dito de antemão que não formaria um governo de minoria. Sem essa possibilidade, e sem aceitar antecipar as eleições, ela estava nas mãos do SPD. Por isso, teve de aceitar as condições. Precisamos nos lembrar de que foi a política migratória de Merkel que colocou a CDU nessa posição difícil. O partido perdeu votos devido ao erro tático da chanceler.

Com a coalizão, a AfD será a maior força de oposição. O que isso significa?

Merkel precisa aceitar que a AfD é hoje seu principal oponente entre os eleitores conservadores.

Como a AfD pode influenciar a política alemã?

Eles já influenciaram, obrigando os demais partidos a incorporar argumentos de sua plataforma anti-imigração. Ademais, fica evidente que a estratégia de excluí-los do debate público fracassou. Eles poderão apresentar suas posições ao público, no Parlamento, e nos próximos meses a imprensa prestará mais atenção a seu discurso do que, por exemplo, ao discurso dos Verdes e dos liberais.

A coalizão entre CDU e SPD beneficia a sigla, então?

Sim. A coalizão é como um seguro de vida à AfD, que está em uma ótima posição agora. Eles são provavelmente os únicos realmente felizes depois do anúncio do acordo.

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