Siga a folha

Meghan pode modernizar imagem de família real e mudar atitudes sobre raça

Personalidade forte da atriz pode fazer contraste positivo com monarquia, dizem analistas

Visitantes de Windsor, na Inglaterra, usam máscaras com os rostos do príncipe Harry e de Meghan Markle ao lado do castelo da cidade, que recebe o casamento dos dois no sábado (19) - Rob Pinney/London News Pictures/Zumapress/Xinhua

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Londres

"Atriz americana, de raça mestiça e divorciada." No dia em que foi anunciado o casamento do príncipe Harry, o sexto na linha de sucessão do trono britânico, era assim que as principais rádios de notícias de Londres resumiam repetidamente, de forma um tanto preconceituosa, quem era Meghan Markle, 36.

O fato de ela ser uma atriz bem-sucedida, formada em artes cênicas e em relações internacionais pela universidade Northwestern e de atuar como defensora dos direitos das mulheres na ONU acabou deixado de lado no primeiro contato com a nova "princesa" —seu título oficial após o casamento vai ser duquesa.

Na véspera da celebração que vai marcar sua entrada oficial na família real, a mídia parece ter mudado de tom. Analistas agora indicam que a personalidade forte da atriz pode fazer um contraste positivo com as arcaicas instituições da monarquia britânica.

O casamento deve "impulsionar a família real, melhorando sua imagem", avaliam Emma Duncan (editora da Economist) e Valentine Low (correspondente do Times para a realeza) na revista 1843.

Segundo elas, Meghan não apenas vai se consolidar como uma das mulheres mais famosas do mundo como passará a integrar uma instituição que sobrevive em meio a processos constantes de transição democrática no país.

Uma pesquisa de opinião global divulgada nesta semana parece indicar que o apelo de Meghan pode realmente ajudar. Segundo o levantamento, 29% dos entrevistados em 28 países têm opinião positiva a respeito da futura duquesa, enquanto apenas 10% a rejeitam. Dito isso, mais de 60% afirmaram ainda não ter uma opinião sobre Meghan.

O casamento com a "americana mestiça" pode ainda ajudar a mudar a atitude dos britânicos em relação à raça. Meghan já disse ter visto sua mãe enfrentar racismo nos Estados Unidos e que sempre teve dificuldades ao se posicionar como mestiça.

"Não subestime o simbolismo de um casamento real. De agora em diante, vai ser impossível argumentar que ser negro é incompatível com ser britânico", escreveu a colunista Afua Hirsch no Guardian.

A atuação de Meghan como atriz e ativista, bem como o quanto ela batalhou para alcançar o que queria, ajuda a quebrar estigmas da realeza.

Meghan deu os primeiros passos em sua carreira de atriz ainda na escola. Nessa época, teve o primeiro contato com o ativismo humanitário, que ela diz que vai se tornar o foco da sua atuação após se tornar parte da realeza britânica. Aos 11 anos, ela criou uma campanha contra um anúncio machista na TV.

Seus pais se separaram quando ela tinha 6 anos, mas participaram da sua infância. Meghan costumava acompanhar o pai, Thomas Markle, que trabalhava na produção da série "Married... with Children" (conhecida no Brasil como "Um Amor de Família"). Thomas fazia a iluminação do programa cômico que foi ao ar entre 1987 e 1997 (dos 5 aos 15 anos da filha).

Apesar disso, Meghan não conquistou espaço facilmente em Hollywood. Um de seus primeiros trabalhos foi como uma "garota da mala" no programa de televisão "Deal or No Deal", em que as pessoas adivinhavam a quantidade de dinheiro em várias malas.

O principal trabalho como atriz foi conquistado em 2011, quando ela passou a interpretar Rachel Zane na série "Suits", disponível no Brasil pela Netflix. Mesmo sem ser uma superestrela, recebia US$ 50 mil (R$ 185 mil) por episódio até deixar a produção, antes do casamento.


Nome da casa de Windsor foi criado na 1ª Guerra Mundial

A família real britânica, comandada por Elizabeth 2ª, faz parte da casa de Windsor, nome "inventado" pelo avô dela, o rei George 5º. De origem germânica, a casa real se chamava, até 1917, casa de Saxe-Coburgo-Gota.

Em meio à 1ª Guerra, devido à impopularidade dos alemães no Reino Unido, o rei fez uma proclamação em que mudava o nome da casa, que chegou ao trono depois da morte da rainha Vitória (1837-1901).

Vitória era de outra casa, a de Hanover, também de origem germânica. Ela se casou com Albert, seu primo de primeiro grau e da família Saxe-Coburgo-Gota; por isso, o próximo rei, Edward 7º, filho mais velho do casal, foi o primeiro monarca dessa casa real.

O filho mais velho de Edward 7º, Albert Victor, morreu de gripe em 1892, antes da morte de sua avó Vitória e de seu pai, portanto nunca foi rei.

Foi George 5º quem sucedeu Edward 7º como rei. Depois dele veio o tio da atual monarca Edward 8º, que ficou no posto por menos de dez meses: ele abdicou para poder se casar com a americana Wallis Simpson.

Coube então ao pai de Elizabeth, George 6º, o trono; mas ele morreu aos 56 anos, levando a atual rainha a ser coroada em 1952. No posto há 65 anos, ela é a monarca mais longeva da história britânica.

 

MUNDO TEM 43 PAÍSES COM MONARQUIAS

Monarquias constitucionais

— Com Elizabeth 2ª como rainha:

Reino Unido
Canadá
Austrália
Nova Zelândia
Jamaica
Barbados
Bahamas
Granada
Papua Nova Guiné
Ilhas Salomão
Tuvalu
Santa Lúcia
São Vicente e Granadinas
Antígua e Barbuda
Belize
São Cristóvão e Névis

Outras monarquias constitucionais

Andorra
Bélgica
Butão
Camboja
Dinamarca
Japão
Kuwait
Jordânia
Lesoto
Liechtenstein
Luxemburgo
Malásia
Malta
Mônaco
Marrocos
Holanda
Noruega
Espanha
Suécia
Tailândia
Tonga

Monarquias absolutistas

Brunei
Omã
Arábia Saudita
Suazilândia
Emirados Árabes Unidos
Vaticano

Monarquias mistas*

Bahrein
Qatar

* Têm órgãos representativos, mas os monarcas ainda concentram poder

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas