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Segurança é reforçada na fronteira da Crimeia com a Ucrânia

Fim de semana tem eventos para celebrar o quinto ano da anexação da península à Rússia

Crianças brincam sobre um blindado de transporte de tropas russo na praça Nakhimov, centro de Sebastopol - Igor Gielow/Folhapress

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Sebastopol

O governo da Rússia reforçou o controle da faixa de fronteira entre a Crimeia e a Ucrânia neste fim de semana, quando são celebrados os cinco anos da anexação da península no mar Negro pelo Kremlin.

A unificação, como Moscou e a maioria esmagadora dos moradores da região chama, ocorreu em 2014 após o governo pró-russo de Kiev ser derrubado por um golpe. O presidente Vladimir Putin buscou uma resposta política rápida e incentivou com infiltração militar a realização de um referendo em 16 de março pelas autoridades crimeias, que decidiu pela reintegração do território à Rússia —de quem havia sido separado em 1954 em um gesto político da liderança soviética.

A fronteira é exígua, e há cercas de segurança dos dois lados. Os ucranianos instalaram a deles em 2015, uma versão simples de grades e arame farpado.

O modelo russo acabou de ser colocado ao longo de 60 km em dezembro, e conta com sensores de movimento e câmeras. A Folha tentou visitá-la, mas foi impedida por um bloqueio policial porque a reportagem não tinha um veículo autorizado ou um visto ucraniano que justificasse seguir a estrada até o controle fronteiriço.

Além disso, há diversos bloqueios nas estradas da península, além de uma presença ostensiva de policiais e militares nas ruas das principais cidades, como Sebastopol e Ialta.

Neste ano, o quinto aniversário da anexação foi diluído pelo Kremlin. Para alguns analistas, isso visa tirar peso das dificuldades econômicas que ainda cercam a península, mas para outros o objetivo de Putin é evitar reforçar a candidatura presidencial do “outsider” Volodimir Zelenski, um comediante que está à frente nas pesquisas para o primeiro turno da eleição presidencial do vizinho no próximo dia 3.

Rivais tradicionais, como o presidente Petro Porochenko ou a ex-premiê Iulia Timochenko, são mais palatáveis ao jogo proposto pelo Kremlin.

Criança tira foto em cima de blindado em Sebastopol - Igor Gielow/Folhapress


Em Moscou, as celebrações foram dispersas por 13 locais diferentes. Na Crimeia, cada cidade adotou uma dinâmica. Na capital, Simferopol, a sexta-feira (15) viu um comício que teve como destaque dois ex-adversários de Putin: o líder neocomunista Gennadi Ziuganov e o ultranacionalista Vladimir Jirinovski.

Rivais do presidente em pleitos passados, eles beijaram a cruz putinista ao fazer lôas à anexação —um tema altamente popular para a opinião pública russa.

Em Sebastopol, houve uma carreata de motociclistas ao estilo do grupo americano Hell´s Angels na manhã do sábado (16).

O principal evento previsto é um show musical na segunda-feira (18) na praça Nakhimov, a principal da cidade, na confluência da avenida homônima que homenageia um almirante famoso da Guerra da Crimeia e outra que leva o nome do líder soviético Vladimir Lênin.

Lá foram colocados seis veículos militares, com destaque a uma bateria de lançador de mísseis antinavio Bal, usada pela Frota do Mar Negro —que é baseada na cidade.

Pais colocavam crianças para brincar em cima de um blindado de transporte de pessoal, que serviu como brinquedo mais disputado no local. Meninas e meninos subiam nos veículos e até tiravam selfies com celulares. O resto da cidade vivia um dia normal de feriado.

Segunda, o dia em que o Kremlin ratificou a unificação, é feriado e Putin deverá fazer uma rápida visita a um das duas usinas termelétricas a gás que serão inauguradas para sacramentar a independência energética da península.

Elas estiveram no centro de um pequeno escândalo, quando a mídia ucraniana acusou a empresa alemã Siemens de fornecer as turbinas das plantas, violando assim o embargo ocidental a qualquer negócio em território crimeu. A Siemens e a Rostec, responsável pelas usinas, negaram a acusação.

Neste sábado, o Kremlin também criticou a União Europeia por ter ampliado o rol de sanções devido ao incidente no qual a Rússia aprisionou 24 marinheiros ucranianos no estreito de Azov, no leste da Crimeia, no fim do ano passado.

Segundo o governo, haverá retaliações. A Ucrânia chegou a decretar lei marcial devido ao incidente, visto por analistas como algo menor, mas que serviu ao discurso de campanha reeleitoral do presidente Porochenko.

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