Governo norueguês perde maioria no Parlamento após repatriar suspeita de extremismo
Partido de direita não aceitou volta de mulher acusada de ser casada com membro do Estado Islâmico
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A primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, perdeu sua maioria conservadora no Parlamento após a direita populista anunciar sua saída do governo de coalizão, em protesto pela repatriação de uma mulher acusada de ter sido esposa de um membro do Estado Islâmico.
A saída do Partido do Progresso (Frp) foi anunciada na segunda-feira (20) pela líder da sigla e atual ministra das Finanças, Siv Jensen. "Eu nos trouxe para o governo e agora estou tirando o partido dele", declarou ela, em uma entrevista coletiva em Olso nesta segunda, acrescentando deseja ter um diálogo mais próximo com a primeira-ministra no futuro.
A decisão pode dificultar a atuação de Solberg, mas ela decidiu continuar como líder da casa. Não será a primeira vez —a primeira-ministra já havia liderado com minoria entre 2013 e janeiro do ano passado.
Além dela, saem do governo outros seis ministros filiados ao FRP. Entre eles, estão nomes responsáveis por áreas estratégicas, como energia e petróleo.
O imbróglio entre o FRP e os demais partidos do governo de coalizão de Solberg começou na semana passada, quando o Parlamento analisava a repatriação, por razões humanitárias, de uma norueguesa de origem paquistanesa e de seus dois filhos, para que um deles pudesse receber tratamento médico.
A mulher, que deixou a Noruega em 2013 e não teve seu nome divulgado, foi presa durante seu retorno da Síria por suspeitas de ser integrante do Estado Islâmico, grupo terrorista que chegou a controlar um território do tamanho da Grã Bretanha no Iraque e na Síria.
Ela também é acusada de ter sido membro de outra organização terrorista na Síria, a Frente al-Nusra.
A mulher, porém, nega as acusações e afirma ter sido mantida no país contra sua vontade. Seu advogado declarou que ela pretende cooperar com a polícia nos inquéritos.
O FRP era favorável apenas ao retorno dos filhos —um deles, de cinco anos, está gravemente doente—, mas não ao da mãe.
Os outros três partidos que formam o governo ignoraram as objeções e votaram pelo regresso da família inteira.
A ministra de Finanças afirmou então que seu partido já havia “cedido demais” nas negociações.
Decisões de ajudar mulheres ligadas ao Estado Islâmico que retornam da Síria têm motivado uma série de controvérsias na Europa.
Na Finlândia, por exemplo, o governo recém-eleito votou uma resolução em que se compromete a julgar cada caso isoladamente.
A saída de Jensen e dos outros seis ministros deixa Solberg com uma série de cargos importantes a preencher, incluindo o de ministério de energia e petróleo, que coordena a maior indústria de gás e óleo da Europa.
A constituição da Noruega não permite convocar eleições antecipadas, e a próxima votação para o Parlamento ocorrerá em setembro de 2021.
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