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Discrepâncias emergem na reabertura de todos os 50 estados americanos

Retomadas mostram EUA em diferentes etapas em busca do 'novo normal'

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São Paulo

Dois meses depois que o coronavírus colocou os EUA em quarentena, todos os 50 estados americanos já iniciaram suas reaberturas —pelo menos de alguma forma.

A retomada revela as discrepâncias na forma como cada região decidiu reabrir, com algumas delas saindo do confinamento muito antes de outras.

Em Connecticut, bandeiras colocadas a meio-mastro durante o sombrio pico da pandemia foram erguidas novamente para sinalizar o retorno do estado aos negócios. Nesta quarta (20), dia em que a ordem de ficar em casa foi cancelada, lojas, museus e escritórios tiveram permissão para reabrir.

Moradores de Nova York passeiam no Central Park no último sábado (16) - Johannes Eisele - 16.mai.20/AFP

Não muito longe de lá, em Nova Jersey, assim como em partes do estado de Nova York, no entanto, a reabertura foi mais limitada, com autorização apenas para a retirada de mercadorias na calçada em frente às lojas e retomada de alguns setores. No Kentucky, lojas de lembrancinhas reabriram suas portas.

O contraste ilustra uma dinâmica que se desenrola em todo o país. Estados do Nordeste e da Costa Oeste dos Estados Unidos, além dos liderados por democratas no Centro-Oeste, foram mais lentos na reabertura, com vários governadores adotando a abordagem de município por município.

Na capital, Washington, por exemplo, a ordem de isolamento continua em vigor até junho. Em abril, os EUA chegaram a ter mais de 90% do seu território afetados por medidas de restrição de circulação.

Em contraste, diversos estados do Sul, muitos deles liderados por republicanos, abriram mais cedo e mais plenamente. Apesar das exigências de distanciamento social, restaurantes, salões de beleza, academias e outras empresas estão funcionando na Geórgia há várias semanas.

Dessa forma, a reabertura no Texas, onde empresas receberam permissão para operar com 25% da capacidade por semanas, parece muito diferente da que ocorre em Illinois, estado no qual lojas ainda estão limitadas à retirada na calçada.

No Alasca, por sua vez, restrições a empresas foram suspensas, permitindo que restaurantes, bares, academias e outros negócios voltassem a operar com capacidade máxima.

Atividades esportivas e recreativas também foram permitidas. "Tudo estará aberto, como era antes do vírus", afirmou o governador republicano Mike Dunleavy. Estratégias de distanciamento social, como o uso de máscaras em público, serão recomendadas, mas não obrigatórias, disse ele.

Se os estados governados por republicanos foram os primeiros a reabrir, eles foram os últimos a adotar medidas de restrição. Estudo coordenado pelo cientista político Christopher Adolph, da Universidade de Washington, mostrou que esses estados demoraram, em média, 2,7 dias a mais para implementar ações restritivas, como o "lockdown", em março.

Em abril, o presidente Donald Trump divulgou o plano batizado de "Opening Up America Again" (reabrindo a América) para retomar a economia em meio à pandemia.

A Casa Branca havia recomendado um processo de flexibilização das medidas de forma gradual. Orientou os estados a avançarem após garantirem capacidade hospitalar mínima exigida pelo CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças), diminuição sustentada dos casos de Covid-19 por 14 dias e alto nível de testagem —o que não existe na maior parte do país.

Mesmo sem atender às recomendações, muitos estados começaram a reabrir, gerando relatos de aumento de casos, como no Texas e em Minnesota, que se movimentam para relaxar ainda mais as atuais restrições.

Diante desse panorama, autoridades de saúde pública alertam que avançar muito rapidamente no processo de reabertura pode provocar novos surtos.

Essa dinâmica fez com que muitos empresários e clientes decidissem por si mesmos o que eles consideram seguro, ainda que, nesta quarta, de maneira discreta, o CDC tenha divulgado orientações mais detalhadas para escolas, empresas e outros setores que esperam reabrir com segurança em meio à pandemia, com medo de que a Casa Branca tenha arquivado as diretrizes.

Em meio à disputa de uma eleição presidencial, o panorama de queda na atividade econômica e a perda de mais de 30 milhões de empregos no país fazem com que Trump queira acelerar a retomada, ignorando as recomendações de especialistas.

Para justificar as posições do presidente, de acordo com a agência de notícias Associated Press, agentes políticos republicanos buscam médicos "extremamente pró-Trump" para irem à TV recomendar a reabertura da economia dos EUA o mais rapidamente possível, sem que seja necessário atender, antes, os parâmetros de segurança propostos pelo CDC.

O plano foi discutido em 11 de maio com um funcionário sênior da campanha de reeleição de Trump durante teleconferência organizada pela organização CNP Action, afiliada ao Conselho para Política Nacional, alinhado ao Partido Republicano.

Com informações do New York Times. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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