Juiz novato é 1º a votar no STF e cuida do lanche na Suprema Corte dos EUA
Confirmação de Kassio Nunes e Amy Coney Barrett expõe diferenças entre tribunais brasileiro e americano
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
No intervalo de uma semana, Kassio Nunes Marques e Amy Coney Barrett foram confirmados como ministros das supremas cortes de Brasil e Estados Unidos. Os dois processos apresentaram semelhanças. Daqui para frente, têm diferenças significativas.
Ambos foram processos apressados. Donald Trump indicou Barrett poucos dias depois da morte de Ruth Bader Ginsburg e às vésperas do fechamento de uma eleição que corre o risco de perder. Jair Bolsonaro apresentou seu indicado antes mesmo da cadeira de Celso de Mello ficar vaga.
Kassio Nunes e Barrett substituem ministros respeitados internamente e alinhados com pautas progressistas. Os dois têm 48 anos e passam a ser os integrantes mais jovens de suas respectivas cortes, depois de ocuparem cargos na magistratura por indicação política. Poderão exercer seus mandatos por décadas: o de Barrett irá até quando sua saúde permitir, o de Kassio Nunes, até os 75.
As semelhanças param por aí. Barrett, abertamente conservadora e religiosa, foi aprovada no Senado por maioria apertada. Kassio Nunes, ambíguo em muitas de suas posições, passou com facilidade.
Não se sabe até quando Barrett será a novata em seu tribunal, já Kassio Nunes ocupará a posição por pouco tempo: até a aposentadoria de Marco Aurélio em 2021. Barrett não será necessariamente presidente da corte, que nos EUA é um cargo vitalício. Já Kassio Nunes deve ocupar a cadeira em cerca de dez anos, seguindo a rotatividade do STF.
Como recém-ingresso, Kassio Nunes é o primeiro a votar. Nos EUA, além de serem os últimos a se manifestarem nas reuniões entre os ministros, os calouros da mais alta corte são responsáveis por tomar notas, providenciar o lanche do grupo e abrir a porta da sala em que ocorrem as deliberações secretas.
Barrett passa a integrar um tribunal que atua colegiadamente. Só será relatora de um caso quando este lhe for atribuído pelo mais antigo ou presidente, depois de formada a maioria vencedora. Mas será fundamental em consolidação de maioria conservadora para reverter posicionamentos sobre aborto e o Obamacare. E decisiva em eventual impugnação das eleições promovida por Trump.
Kassio Nunes, por sua vez, ingressa em uma corte com muitos poderes individuais e sem maiorias tão definidas. Como relator, herdará o acervo de Celso de Mello (desfalcado, contudo, do inquérito que investiga Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro, já redistribuído a Alexandre de Moraes). E ocupará sua cadeira na turma responsável pelos casos da Lava Jato e do foro privilegiado concedido ao senador Flávio Bolsonaro.
Se há pontos de convergência nas nomeações de Barrett e Kassio Nunes, o funcionamento das cortes que integrarão tem diferenças expressivas. Resta saber qual será o impacto que cada um dos ministros terá em cada uma delas.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters