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Ao menos 30 pessoas são presas em protestos contra posse de novo presidente do Peru

Manifestantes questionam impeachment de Martín Vizcarra, que deu lugar a Manuel Merino

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Lima | AFP

Protestos no Peru contra o novo presidente, Manuel Merino de Lama, e em apoio ao destituído, Martín Vizcarra, deixaram nesta terça (10) cerca de 30 presos e alguns feridos, informaram a polícia e a imprensa.

As manifestações ocorreram na área central de Lima, aonde cerca de 600 policiais foram enviados com o objetivo de dispersar os protestos. Diversas pessoas foram feridas por projéteis disparados pelos agentes, segundo o portal de notícias IDL Reporteros.

Em Lima, policiais atiram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar apoiadores de Martín Vizcarra, presidente afastado do Peru - Ernesto Benavides - 10.nov.20/AFP

"O que a polícia está fazendo é controlá-los, mas, aparentemente, esses senhores estão cometendo atos violentos", disse o general José Luis Cayas à rádio RPP.

Cayas acrescentou que a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, sob a justificativa de tentar prevenir infecções por coronavírus. Cerca de 30 pessoas foram detidas e levadas a duas delegacias, de acordo com fontes policiais.

A organização humanitária Anistia Internacional exigiu que "as autoridades peruanas parem imediatamente com a repressão às manifestações e garantam os direitos de todas as pessoas".

"Recebemos fotos e vídeos que mostram membros da polícia exibindo armas de fogo e disparando gás lacrimogêneo e munição contra manifestantes e jornalistas", relatou a organização em comunicado.

Protestos semelhantes foram registrados em Arequipa, Trujillo, Cusco, Huaraz, Piura, Moquegua, Loreto, Puno e Huancayo, segundo a mídia peruana. Merino, que era considerado um parlamentar inexpressivo, assumiu como novo presidente em meio a temores do mercado, o que resultou em uma queda de 6,5% da Bolsa de Valores de Lima nesta terça.

O novo presidente do Peru, Manuel Merino de Lama, durante a posse - Mariana Bazo/Xinhua

A posse ocorreu após Vizcarra ser deposto em um processo de impeachment aprovado no Congresso na segunda (9). O agora ex-presidente foi afastado por "incapacidade moral" na segunda ação envolvendo corrupção aberta contra ele em dois meses —a primeira havia sido rejeitada pelos congressistas.

Vizcarra é alvo de duas investigações da Procuradoria do país. Uma diz respeito a um suposto favorecimento, por meio de contratos públicos, a um músico e amigo dele, Richard Swing.

A outra está relacionada a desvio de verbas destinadas a obras públicas no período em que Vizcarra foi governador do estado de Moquegua, entre 2011 e 2014. No total, ele teria recebido de empresários do ramo de construção cerca de US$ 640 mil (R$ 3,4 milhões).

A aprovação popular de Vizcarra, que chegou a 80%, se manteve alta no início da pandemia porque ele agiu rápido contra o coronavírus, impondo uma dura quarentena e fechando o país. Mas, com um sistema nacional de saúde fraco e mais de 70% dos trabalhadores em situação informal, a estratégia fracassou.

O alto número de mortos e a grave crise econômica derrubaram a popularidade de Vizcarra para 17%, segundo o mais recente levantamento do Ipsos.

A grande instabilidade política em que o país se encontra começou com os escândalos da Odebrecht. A empreiteira brasileira teria pago US$ 29 milhões (R$ 157 milhões) em subornos e caixa dois a políticos da situação e da oposição, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.

Com a queda de Vizcarra, Merino de Lama será o terceiro presidente do atual mandato —que começou com a eleição de Pedro Pablo Kuczynski, em 2016, por uma diferença apertada.

PPK, como ele é conhecido, enfrentou férrea oposição de um Congresso de maioria fujimorista, do partido Força Popular, liderado por Keiko Fujimori, filha do autocrata Alberto Fujimori (1990-2000).

Depois de provocarem o afastamento de vários ministros e do primeiro-ministro de PPK, os fujimoristas pediram seu impeachment duas vezes. Na segunda tentativa, PPK renunciou, deixando o posto para seu vice-presidente, Vizcarra, em março de 2018.

Os problemas continuaram com a nova gestão, e Vizcarra destituiu o Congresso em setembro de 2019, seguindo ritos previstos na legislação peruana. A nova Casa foi eleita em janeiro para atuar até julho de 2021. Nenhum partido conseguiu mais de 10% dos votos, o que causou clima de fricção constante.

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