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Papa escolhe 1º cardeal afro-americano e aprofunda ações para diversificar Igreja Católica

Francisco nomeu 13 novos nomes, entre os quais de países como Brunei e Ruanda

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Philip Pullella
Vaticano | Reuters

O papa Francisco nomeou neste sábado (28) 13 novos cardeais, incluindo o primeiro afro-americano a ocupar a posição, ampliando o impacto de seu pontificado no grupo que um dia escolherá seu sucessor.

Os cardeais receberam a indicação em uma cerimônia conhecida como consistório, realizada de forma reduzida devido à Covid-19. Em vez da presença de centenas de pessoas na Basílica de São Pedro, como ocorre usualmente, cada cardeal teve direito a apenas dez convidados, que puderam acompanhar o evento no qual o papa dá aos escolhidos um anel e o barrete, tradicional chapéu vermelho usado pelos religiosos.

Nove dos 13 selecionados têm menos de 80 anos e, assim, atendem às condições da igreja para participar do conclave que vai eleger o próximo papa após Francisco morrer ou renunciar.

O agora cardeal Wilton Gregory durante cerimônia de nomeação, no Vaticano - Fabio Frustaci/AFP

Este foi o sétimo consistório desde que o atual pontífice assumiu a posição. Agora, ele é responsável por 57% das nomeações dos 128 cardeais com direito a voto, e muitos dos quais compartilham sua visão de um mundo mais inclusivo e de uma Igreja Católica mais aberta.

Francisco já indicou 18 nomes de países que nunca tiveram um representante nesta posição, a grande maioria de nações em desenvolvimento. Neste sábado, por exemplo, Brunei e Ruanda ganharam seus primeiros cardeais. Enquanto a Europa ainda é a região com o maior número de eleitores, com 41% do total, esse índice é menor do que os 52% que conservava em 2013, quando o atual papa foi escolhido.

Assim, o pontífice aumenta as chances de que seu sucessor seja outro não europeu, fortalecendo a igreja em locais onde católicos são minoria ou onde crescem em ritmo mais acelerado que no estagnado Ocidente. Os nove novos eleitores são de Itália, Malta, Ruanda, EUA, Filipinas, Chile, Brunei e México.

Em sua homilia, Francisco pediu aos escolhidos que mantenham seus olhos em Deus, evitem todas as formas de corrupção e não sucumbam ao "espírito mundano" que o prestígio e o poder podem oferecer os que ocupam o novo cargo.

Wilton Gregory, 72, arcebispo de Washington, tornou-se o primeiro cardeal afro-americano. A escolha acontece em meio a um momento que os EUA refletem sobre as relações raciais no país após diversos casos de violência policial contra pessoas negras.

Todos na basílica, menos o papa, usavam máscara. Cada novo cardeal removeu o item ao se ajoelhar ante Francisco antes de ser nomeado. A exceção foi Gregory, que seguiu usando a proteção.

O novo cardeal americano chamou a atenção em junho, quando condenou o presidente Donald Trump por usar uma igreja como pano de fundo para uma foto de cunho político. Policiais e soldados atiravam bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para tirar manifestantes do caminho, abrindo espaço para que republicano conseguisse chegar ao local e posar com uma Bíblia nas mãos.

Gregory afirmou naquele momento que achava "desconcertante e repreensível que qualquer lugar da Igreja Católica se permitisse ser tão maltratado e manipulado". Católicos conservadores condenaram o religioso e ficaram ao lado de Trump.

Em uma entrevista à agência de notícias Reuters na terça, Gregory disse que gostaria de encontrar pontos em comum com o presidente eleito Joe Biden, embora existam discordâncias, como em relação ao aborto.

O americano também foi um dos muitos novos cardeais que ficaram em quarentena por cerca de dez dias em seus quartos na casa para convidados do Vaticano, onde o papa também vive. Cardeais de Brunei e das Filipinas não puderam viajar e aceitarão seus anéis e chapéus de uma delegação papal.

Quatro cardeais não eleitores, com idades superiores a 80 anos, receberam a honra após anos de serviço à igreja. O mais proeminente entre eles é o arcebispo Silvano Tomasi, um italiano-americano que trabalhou em diversas partes do mundo e é um dos maiores especialistas da igreja em imigração.

Os novos cardeais depois fizeram uma visita de cortesia ao papa emérito Bento 16, que vive no Vaticano.

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