Um pub histórico no centro de Oxford, na Inglaterra, que recebeu estudantes, acadêmicos e grandes nomes da literatura por mais de 450 anos, vai fechar as portas no fim de janeiro devido ao impacto econômico da Covid-19.

The Lamb and Flag (o cordeiro e a bandeira), que já foi frequentado por J.R.R. Tolkien (1892-1973), autor de “O Senhor dos Anéis”, e também por C.S. Lewis (1898-1963), que escreveu “As Crônicas de Nárnia”, acumulou perdas desde o início da pandemia.

O pub foi inaugurado em 1566, mas foi transferido em 1613 para sua localização atual em St. Giles, uma avenida no centro da cidade. O estabelecimento é propriedade do St. John's College, uma das 45 faculdades que compõem a Universidade de Oxford.

“Os números comerciais dos últimos 12 meses mostram que o pub não é financeiramente viável”, disse Steve Elston, vice-tesoureiro do St. John’s, em um comunicado nesta segunda-feira (25), anunciando que o local será fechado em 31 de janeiro.

A vida universitária foi severamente interrompida durante a crise sanitária. O país passou por restrições para conter a disseminação do vírus durante a maior parte de março, abril, maio e junho do ano passado, voltou a reforçar as medidas em novembro, e agora passa pelo seu terceiro bloqueio nacional.

Ao anunciar o novo confinamento, em um pronunciamento em 4 de janeiro, o premiê Boris Johnson disse que ao menos nas seis semanas seguintes as pessoas só poderiam sair de casa para compras essenciais, trabalhar quando não houver alternativa de fazê-lo remotamente, fazer exercícios, ir ao médico ou escapar de violência.

Desde 1997, o St. John’s College usa os lucros gerados pelo pub para financiar bolsas de estudo para alunos de pós-graduação. O vice-tesoureiro disse que aqueles que recebem as bolsas de estudo não serão afetados pelo fechamento do pub e que a faculdade financiará diretamente futuras bolsas.

Dave Richardson, da filial de Oxford da Camra (Campaign for Real Ale), que defende as cervejas inglesas tradicionais, disse que o Lamb and Flag era um dos pubs mais tradicionais da cidade e seria uma tragédia vê-lo desaparecer.

“Não tem TV, não tem jukebox, não tem música. É um lugar onde as pessoas vêm para conversar, para desfrutar do ambiente tradicional e histórico. Gerações de pessoas têm feito isso, estudantes, habitantes da cidade, pessoas de longe ”, disse ele.

Desde o começo da pandemia, já morreram mais de 98 mil pessoas no Reino Unido, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Nas últimas 24 horas, houve mais 611 óbitos.