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Ataques racistas e gritos de 'Bolsonaro 2022' interrompem evento virtual sobre migrantes LGBT

Organizadores denunciaram o ocorrido ao Ministério Público e à polícia

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São Paulo

Ataques racistas, homofóbicos e misóginos interromperam um evento virtual sobre atendimento a migrantes e refugiados LGBT organizado por entidades do Paraná na última terça-feira (16), o que obrigou os organizadores a suspender a transmissão. Os palestrantes foram interrompidos por chiados, falas de cunho sexual, gritos de “Bolsonaro 2022” e uma cartela com os dizeres “Cala a boca macaco”.

Na noite desta quarta (17), a Cáritas Brasileira Regional Paraná e o Instituto de Políticas Públicas Migratórias (IPPMI), que promoveram o evento “Capacitação: atendimento para migrantes e refugiados LGBTQIA+”, divulgaram uma nota de repúdio sobre os ataques.

Cartaz do evento Migração, Refúgio e Pessoas LGBTQIA+, que foi invadido por ataques - Reprodução

Eles denunciaram o ocorrido ao Ministério Público e ao núcleo de crimes cibernéticos da Polícia Civil. As gravações estão sendo analisadas, e, assim, os autores podem ser identificados e punidos.

Cerca de cem pessoas assistiam à conferência. Entre os palestrantes, estavam representantes do Grupo Dignidade (ligado à causa LGBT), do Acnur (comissariado da ONU para refugiados) e pesquisadores de universidades do Brasil e do Reino Unido. Alguns ataques foram dirigidos diretamente à mediadora, representante da Cáritas.

O evento estava sendo transmitido pela plataforma Google Meet. Os organizadores afirmam que tentaram silenciar ou remover os perfis que proferiam as ofensas, mas não conseguiram. O chat também ficou bloqueado.

Eles, então, pararam o evento e enviaram outro link para os participantes por e-mail. Em menos de três minutos, no entanto, os ataques recomeçaram nessa outra sala virtual. “A gente acredita que eles tenham se inscrito ou hackeado de alguma forma”, diz Isabella Traub, fundadora e presidente do IPPMI.

Para Traub, os ataques estão diretamente relacionados à temática do evento. “Parece-me que tentaram nos calar, pois estávamos discutindo temas que dão importância e visibilidade aos migrantes, refugiados e pessoas LGBTQIA+ que são tidas como alvos da sociedade atual. Estamos vivendo um momento em que os grupos mais vulneráveis estão sendo perseguidos, ameaçados e silenciados”, afirmou.

O evento será organizado novamente em alguns dias. "Não vamos nos intimidar por ações violentas", afirma Marcia Ponce, secretária executiva da Cáritas do Paraná. "São grupos ou pessoas que não sabem viver em sociedade respeitando a diversidade que existe entre nós. Há um falso moralismo e fundamentalismo, fortalecido e potencializado por discursos de ódio promovidos pelos próprios governantes. Não há mais lugar no mundo para ações como essa."

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