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Descrição de chapéu Coronavírus Twitter

Partido Conservador afasta parlamentar que comparou vacinação ao Holocausto

Alvo de fritura por violar códigos de conduta, Andrew Bridgen também espalhou desinformação sobre imunizantes

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São Paulo

O Partido Conservador do Reino Unido anunciou nesta quarta (11) o afastamento do deputado Andrew Bridgen após ele compartilhar no Twitter uma série de afirmações falsas sobre vacinas contra a Covid.

"Andrew Bridgen cruzou a linha", disse o correligionário Simon Hart, responsável pela disciplina parlamentar dos conservadores britânicos. "A desinformação sobre o imunizante custa vidas. Assim, a remoção de Bridgen tem efeito imediato, e aguardamos uma investigação formal."

Andrew Bridgen, parlamentar britânico, no Palácio de Westminster, em Londres - Justin Tallis/Pool - 10.mai.22/AFP

Em uma publicação, por exemplo, o político disse que as vacinas estão "causando sérios danos" e que "está ficando cada vez mais evidente como elas fazem isso". "Não é de se admirar que tantas pessoas estejam doentes desde a vacinação", afirmou ele, em outras mensagens enganosas.

O conservador ainda saiu em defesa do uso da ivermectina para tratar a Covid. Como mostraram diversos estudos científicos, porém, não há evidências de que o remédio antiparasitário funcione contra a doença.

Em outro post, ao comentar a crise no sistema de saúde público britânico, o NHS, disse que há um "elefante na sala": "O atual excesso de mortes em todos os países que administram vacinas de mRNA de terapia genética". A afirmação é falsa. Vacinas que utilizam a tecnologia de RNA mensageiro não são terapia genética, não causam doenças e não provocam a mesma enfermidade que deveriam combater.

O que esses imunizantes fazem é "ensinar" as células do corpo humano a sintetizar a proteína spike, que é própria do coronavírus, para que o sistema imune esteja preparado para combatê-la.

Bridgen chegou a comparar o uso de vacinas à morte de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra. Compartilhando conteúdo de um site de teoria da conspiração, escreveu: "Como um cardiologista me disse, este é o maior crime contra a humanidade desde o Holocausto".

Relatos de mortes em decorrência de vacinas anti-Covid são muito raros. O Reino Unido estima que 2.362 de seus cidadãos possam ter morrido em razão do contato com imunizantes —ou seja, cerca de 0,004% do total dos 53,8 milhões que receberam ao menos a primeira dose de uma vacina contra o coronavírus.

As autoridades alertam, porém, para o fato de que a forma como esses dados são obtidos faz com que seja impossível comprovar uma conexão entre os imunizantes aplicados e os óbitos. As cifras são colhidas dos chamados "yellow cards", preenchidos por qualquer um que queira reportar voluntariamente suspeitas de efeitos colaterais ou reações à vacina. Além disso, alguns dos eventos poderiam acontecer independentemente da vacina, sobretudo no caso de idosos e de pessoas com doenças pré-existentes.

Mesmo antes do afastamento, Bridgen já era alvo de fritura. Na terça, relatou a rede BBC, ele foi suspenso da Câmara dos Comuns por cinco dias consecutivos após violar um código de conduta parlamentar.

Em novembro, a Casa descobriu que o político, ao sair em defesa da empresa Mere Plantations, escondeu que tinha interesses financeiros no tema –a empresa doou dinheiro para sua campanha e financiou uma viagem dele a Gana. Bridgen é parlamentar desde 2010 pelo distrito de North West Leicestershire.

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