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Em 'nova era', China e Rússia anunciam parceria para segurança econômica e energética

Xi e Putin se reúnem em Pequim e dizem que se concentrarão no 'apoio mútuo em interesses fundamentais'

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Pequim

Em comunicado conjunto divulgado no início da noite em Pequim, os líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, comprometeram-se a garantir a segurança econômica e energética mútua. O anúncio de uma "nova era" na relação entre os dois países veio após reunião fechada de duas horas e meia. Putin chegou à capital chinesa nesta quinta-feira (16) para uma visita de dois dias, a primeira após ser reeleito, em março.

No documento, segundo a rede CCTV, eles também se comprometeram a cooperar em "projetos energéticos de grande escala", uma provável referência ao gasoduto Power of Siberia 2, ainda não firmado. E apontaram a necessidade de parar com ações, sem especificar quais, que prolonguem a Guerra da Ucrânia.

O relato chinês do encontro sublinhou como "central para a parceria estratégica ampla" sino-russa o "apoio mútuo e firme em questões ligadas às grandes preocupações e aos interesses fundamentais de cada um".

O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jinping, em Pequim, em 16 de maio de 2024 - Sputnik/Sergei Guneev via Reuters

Em declarações públicas, Xi afirmou que buscará "consolidar a amizade entre os dois povos por gerações", como "bons vizinhos, amigos e parceiros". Segundo ele, a relação bilateral foi "duramente conquistada", resistindo às "mudanças nas circunstâncias internacionais". O dirigente chinês disse que Moscou e Pequim devem atuar em conjunto para "defender a equidade e a justiça no mundo".

Putin afirmou que a própria conversa mostra a importância da relação bilateral, que descreveu como um dos principais fatores de estabilização no mundo, hoje, não se voltando "contra ninguém". Declarou que as prioridades no diálogo com Xi, além de energia, foram comércio e investimento.

Sobre segurança regional, o presidente russo questionou a criação de "blocos militares fechados" na Ásia, em referência àqueles que vêm sendo montados pelos Estados Unidos. Também em menção indireta a Washington, Xi falou contra a "mentalidade de Guerra Fria" baseada na busca de "hegemonia unilateral e confronto de blocos".

Os líderes e outras autoridades chinesas e russas assinaram documentos diante da imprensa no Grande Salão do Povo, em Pequim. A cerimônia foi encerrada com um aperto de mãos de Xi e Putin. Os dois já se reuniram mais de 40 vezes desde o primeiro encontro, em 2010, quando Xi ainda era vice-presidente (ele chegou ao poder em 2013).

Comentando o encontro em mídia social chinesa, o jornalista e influenciador Hu Xijin, marcadamente pró-regime, escreveu que a China é hoje "a única potência mundial que pode receber os líderes ocidentais e da Rússia", referência aos encontros de Xi com dirigentes europeus nas últimas semanas. E que "a guerra [da Ucrânia] trouxe problemas para a China" nas relações com o Ocidente, "mas é algo que o país pode controlar".

Os discursos e sobretudo o extenso comunicado conjunto, com cerca de 7.000 palavras, permitem diferentes leituras, inclusive de maior aproximação militar, mas o noticiário estatal chinês buscou se concentrar nos aspectos diplomáticos, sublinhando a paz como objetivo.

A frase de Xi que recebeu maior destaque foi a de que "o desenvolvimento constante das relações China-Rússia não é apenas do interesse fundamental dos dois países e dos dois povos, mas também propício à paz, estabilidade e prosperidade da região e do mundo em geral".

Também foi enfatizada a menção pelo dirigente, vinculada aos 75 anos de relações diplomáticas com a Rússia, dos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica —originalmente de 1954, quando foi assinado um acordo com a Índia, também vizinha, e que são referência para a política externa chinesa desde então.

São eles: respeito pela integridade territorial e soberania, não agressão, não interferência nos assuntos internos, igualdade e cooperação para benefício mútuo e coexistência pacífica.

Segundo Xi, falando a Putin, os princípios representam "não apenas a maneira correta para China e Rússia se darem bem, mas também o caminho que as relações entre os principais países devem trilhar no século 21".

Essas referência podem ser lidas, em parte, como crítica de Pequim à invasão da Ucrânia pela Rússia. Em seus discursos, o dirigente chinês chegou a descrever a conversa com o russo como sincera ou honesta, eufemismo usado costumeiramente para descrever a apresentação de questionamentos durante a interlocução.

No fim do dia, como mostrado pela CCTV, Xi e Putin acompanharam um concerto realizado por músicos da Orquestra Tradicional da China e da Orquestra Folclórica Osipov, abrindo os Anos da Cultura China-Rússia.

E, ainda na quinta, o noticiário estatal se transferiu para uma carta enviada pelo líder chinês à Liga Árabe, dizendo-se pronto para trabalhar com os países árabes, "promovendo paz, estabilidade e desenvolvimento no Oriente Médio".

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