Com 10% nas pesquisas, Robert F. Kennedy Jr. é coringa nas eleições dos EUA

Impulsionado por eleitores jovens e redes sociais, candidato independente pode mudar curso do pleito

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Shane Goldmacher Neil Vigdor
The New York Times

O candidato independente à presidência dos EUA Robert F. Kennedy Jr. tem tido um desempenho nas pesquisas eleitorais melhor do que qualquer candidato de terceiro partido em décadas, atraindo cerca de 10% dos eleitores registrados nos estados-chave, enquanto retira apoio do presidente Joe Biden e do ex-presidente Donald Trump. É o que aponta uma nova série de pesquisas.

Os resultados gerais na disputa entre Biden e Trump praticamente não mudaram quando Kennedy foi incluído nas pesquisas conduzidas pelo The New York Times, Siena College e o jornal The Philadelphia Inquirer. Mas por trás dessa aparente estabilidade, as pesquisas revelaram como Kennedy, impulsionado pelas redes sociais e pelos eleitores mais jovens, emergiu como um coringa imprevisível em uma disputa que, até aqui, se encaminhava para ser uma revanche de 2020.

O candidato independente à presidência dos EUA Robert F. Kennedy Jr. participa de um evento de campanha em Austin, no Texas - Brandon Bell - 5.nov.24/AFP

De acordo com as pesquisas, Biden caiu para 33% em um cenário com cinco candidatos na disputa, uma parcela baixa dos votos para um presidente em exercício. A série de pesquisas focou nos estados que se espera serem os mais disputados no pleito: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.

Dois dos grupos em que Kennedy teve melhor desempenho nas pesquisas são fatias do eleitorado que costumam votar em candidatos democratas —eleitores com menos de 30 anos (18% de apoio) e latinos (14%), o que tem deixado alguns estrategistas do partido nervosos. Biden também tem apenas metade dos votos negros na disputa com múltiplos candidatos.

Entre os cerca de 1 em cada 6 eleitores que disseram consumir a maior parte das notícias pelas redes sociais, Kennedy tinha 16% dos votos, próximo aos 18% de Biden nesse recorte.

Metade dos apoiadores de Kennedy disseram que estavam votando porque acreditavam nas propostas dele, enquanto a outra metade disse que seu apoio era principalmente um voto de protesto contra os outros candidatos.

No geral, em uma disputa direta com Biden, Trump lidera por 6 pontos percentuais, vantagem que aumenta para 7 pontos quando Kennedy e outros três candidatos de outros partidos foram incluídos. Nenhum desses três outros candidatos ultrapassou 1%.

Também existe uma divisão por idade nas pesquisas: Kennedy teve mais do que o dobro de apoio (15%) entre os eleitores com menos de 45 anos do que entre os com mais de 45 anos (7%). Kennedy tem 70 anos e é mais jovem do que Trump, 77, e Biden, 81 —mas, se eleito, ainda seria um dos presidentes mais velhos da história dos EUA.

Kennedy entrou na corrida de 2024 como democrata concorrendo contra Biden, e recebeu cobertura favorável em veículos conservadores. O tom mudou agora que ele ameaça também Trump.

Sobrinho do presidente dos EUA John F. Kennedy, assassinado em 1963, Kennedy é um fator imprevisível em uma eleição que os estrategistas de ambos os partidos esperam ser extremamente acirrada. Ele é uma possível saída para eleitores frustrados com Biden, mas que não estão prontos para apoiar Trump, e uma opção para aqueles insatisfeitos com Trump, mas não dispostos a votar em Biden.

A série inclui seis pesquisas diferentes em Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvania e Wisconsin. Biden venceu todos os seis estados em 2020, mas agora está atrás em todos, exceto em Wisconsin, considerando eleitores aptos a votar.

Já o apoio a Kennedy é consistente. Ele nunca marcou menos de 9% ou mais de 12% em nenhum dos seis estados, com seus apoiadores distribuídos igualmente entre eleitores urbanos, de subúrbios e de áreas rurais, e entre trabalhadores de alta e baixa renda.

No entanto, o efeito de Kennedy na disputa Biden-Trump divergiu de estado para estado.

Em Michigan, a inclusão de Kennedy ajudou Biden a reduzir sua diferença para Trump entre os eleitores aptos a votar em 5 pontos percentuais. Mas em Wisconsin, Nevada e Arizona, a liderança de Trump se expandiu em 2 pontos percentuais quando Kennedy foi incluído.

Quando a pesquisa considerou apenas os eleitores prováveis, Biden estava liderando por pouco no Michigan —mas perdendo em Wisconsin.

Para Kennedy, o próximo grande obstáculo é realmente conseguir entrar na cédula. Dos seis estados pesquisados, ele até agora se qualificou apenas para a cédula de Michigan. Isso porque, nos EUA, conseguir se inscrever como candidato à presidência é um processo que varia de estado a estado e, por isso, requer uma despesa considerável com advogados e organizadores.

Kennedy não é tão conhecido quanto Trump ou Biden. Mas ele é mais bem visto. Dos três, Kennedy foi o único candidato que mais eleitores tinham uma opinião favorável do que desfavorável: 41% eram favoráveis, em comparação com 38% que eram desfavoráveis.

Kennedy foi visto de forma mais positiva pelos eleitores mais jovens, com aproximadamente o dobro de pessoas com menos de 30 anos o avaliando favoravelmente do que não.

De todos os estados chave, é em Nevada que Biden teve o desempenho mais fraco, e Kennedy, o mais forte. Esse estado é mais diversificado e jovem, e nele, o presidente marcava 27% dos votos, enquanto Trump tinha 41% e Kennedy, 12%.

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