Descrição de chapéu Coronavírus

Lupa: desinformação sobre Covid-19 volta a circular com alta de casos no Brasil

Nova onda de fake news sobre a doença avança nas redes sociais e inclui boatos já desmentidos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Carol Macário
Agência Lupa

A circulação de novas cepas da variante ômicron do coronavírus, entre elas a BQ.1, fez o número de casos de infecção pela Covid-19 aumentar no Brasil nas últimas semanas. Junto à alta nas infecções, uma nova onda de desinformação sobre a doença avança nas redes sociais e, em especial, nos grupos de WhatsApp. Desde o começo de novembro, boatos antigos sobre vacinas e tratamento precoce, desmentidos muitas vezes, voltaram a circular.

Mas nem tudo é requentado. Conteúdos falsos inéditos surgiram, como a teoria conspiratória de que o aumento de infecções não seria real —já desmentida pela Lupa em 11 de novembro— e que a divulgação da nova onda teria o objetivo de fazer as pessoas acampadas em quartéis em manifestações antidemocráticas voltarem para casa —o que também não é verdade.

Com a alta dos casos de Covid, uso de máscara voltou a ser obrigatório no transporte público em São Paulo, bem como em aviões e aeroportos do país - Rubens Cavallari - 26.nov.2022/Folhapress

Um levantamento sobre os pedidos de verificação mais pedidos à Lupa via WhatsApp mostrou que, no dia 22 de novembro, duas das cinco solicitações mais enviadas por leitores eram conteúdos antigos já verificados. Um deles é um vídeo que falsamente afirma que vacinas de mRNA provocam um processo de inflamação dos vasos sanguíneos —desmentido em fevereiro deste ano.

Existência de nova variante do coronavírus

Em uma semana, pelo menos dois vídeos viralizaram nas redes sociais e no WhatsApp falsamente negando a existência de uma nova cepa. Nos dois casos, a autoria foi atribuída a pessoas identificadas como médicas —uma foi desmentida no dia 11 e outra no dia 18 de novembro. Embora o aumento de casos seja real, especialistas ouvidos pela Lupa esclareceram que a BQ.1 não causa uma evolução mais grave da doença —é apenas mais transmissível.

Segurança das vacinas

No WhatsApp, vídeos e conteúdos que colocam em xeque a eficácia e a segurança das vacinas contra a Covid-19 voltaram ao radar. Um deles é uma gravação na qual a médica Maria Emília Gadelha Serra, cujas afirmações já foram desmentidas por várias agências de checagem, enganosamente alegou que as vacinas de mRNA, produzidas a partir da extração da proteína Spike do coronavírus, provocam um processo de inflamação dos vasos sanguíneos —o que não é verdade. A primeira vez que esse vídeo circulou no WhatsApp foi em 15 de fevereiro de 2022 e, desde 20 de novembro, ele voltou a ser compartilhado com maior frequência.

As vacinas de mRNA da Pfizer/BioNtech foram alvo de desinformação ao longo de toda a pandemia e voltaram a ser atacadas por meio de fakes nas últimas semanas. Além de conteúdos antigos, desmentidos há mais de um ano, um novo vídeo viralizou na última semana no qual o suposto criador da vacina da Pfizer teria insinuado que os imunizantes não são seguros nem estão funcionando —o que não é verdade.

Outros vídeos voltaram a ser enviados, como uma gravação que viralizou em dezembro de 2021 envolvendo o norte-americano Robert Malone, conhecido por desinformar sobre vacinas. Na filmagem, ele enganosamente diz que as fórmulas de mRNA, como é o caso da Pfizer, produzem substâncias tóxicas no corpo de crianças. Isso não procede e foi desmentido já no ano passado.

Tratamento com ivermectina

A ivermectina voltou a ser alvo de conteúdos falsos em novembro de 2022, a maioria desinformações recicladas. Desde 2020, dezenas de pesquisas com o medicamento foram feitas e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), as evidências até o momento são insuficientes para confirmar qualquer eficiência contra a doença.

No dia 15 de novembro, um conteúdo antigo de que o Japão teria, supostamente, declarado que a ivermectina seria mais eficaz que as vacinas, voltou às correntes de WhatsApp e redes sociais —isso não é verdade e foi desmentido pela Lupa em 18 de janeiro deste ano.

Outros vídeos virais apareceram novamente nas plataformas de mídias sociais e de mensagens. É o caso de uma gravação na qual o comentarista de um programa de TV afirma que o SUS teria divulgado um estudo "comprovando" que o uso preventivo da ivermectina reduziu em 46% o número de mortes por Covid-19 em Itajaí (SC). Isso é falso e foi desmentido em janeiro deste ano. Além de apresentar falhas metodológicas, a pesquisa ainda não tinha sido revisada por pares na época.

O que se sabe sobre a nova onda

Em novembro, várias novas sublinhagens da cepa ômicron do coronavírus foram identificadas pelo CeVivas (Centro para Vigilância Viral e Avaliação Sorológica), sediado no Instituto Butantan. Entre elas, está a cepa BQ.1, detectada ainda no final de outubro e com casos já registrados no Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Goiás, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outros estados.

Essa variante mostrou elevada capacidade de transmissão se comparada às outras. Além disso, embora mais testes sejam necessários, especialistas afirmam que ela pode ser capaz de escapar de anticorpos produzidos por quem foi imunizado ou já teve a doença. No final de outubro, a OMS já havia detectado essa sublinhagem em 65 países.

Os sintomas dessa cepa são similares aos de outras variantes: dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e de paladar. Para evitar a circulação dessa sublinhagem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou, no dia 22 de novembro, a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras em aviões e aeroportos. Além disso, o Ministério da Saúde informou, em nota publicada no dia 21 de novembro, que o reforço na vacinação reduz chances de infecção ou internação pela Covid-19.

Editado por Leandro Becker e Maurício Moraes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.