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Descrição de chapéu Itália

Itália inocenta zelador que assediou aluna porque ato durou 'só 10 segundos'

Decisão de tribunal de Roma gera indignação entre jovens do país, e hashtag sobre episódio viraliza nas redes

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São Paulo

A absolvição de um zelador acusado de assediar sexualmente uma aluna da escola onde trabalhava na Itália motivou uma onda de mobilizações nas redes sociais nesta quarta-feira (12).

O motivo é a justificativa dada por um tribunal de Roma para inocentar o zelador Antonio Avola, 66, da queixa —mesmo depois de ele admitir ter enfiado as mãos por dentro calças de uma aluna de 17 anos do Instituto Cine-TV Roberto Rossellini para puxar sua calcinha, segundo ele "de brincadeira".

Palácio da Justiça, em Roma, visto a partir da ponte Umberto 1º - Guglielmo Mangiapane - 12.jul.22/Reuters

A decisão, reproduzida pelo jornal italiano Il Corriere della Sera, afirma que a rapidez da ação, com duração de "entre 5 e 10 segundos" de acordo com o relato da vítima, faz com que ela não constitua um crime.

Ou, nas palavras da corte, a "brusquidão da ação, sem qualquer insistência no ato de tocar", equivalente a um "quase um roçar", não permitiria "caracterizar a intenção libidinosa ou concupiscente geralmente exigida pelo direito penal".

"Os juízes acham que isso foi uma brincadeira? O zelador me agarrou por trás sem falar nada, enfiou as mãos dentro da minha calça, apalpou minhas nádegas e depois puxou a calcinha de tal forma que minhas partes íntimas ficaram doloridas. Isso não é uma brincadeira", disse a estudante, identificada apenas como Laura, também ao Corriere della Sera.

O Ministério Público italiano pediu três anos e meio de prisão para Avola. A estudante declarou ter se sentido traída duas vezes: "primeiro pela escola, o lugar do ocorrido, e depois pelo tribunal". "Senti tanta raiva. Isso não é justiça", afirmou, acrescentando temer que a decisão iniba outras mulheres de denunciarem ataques do tipo.

Ao mesmo tempo, prosseguiu Laura, ver seus amigos e alguns professores expressarem solidariedade a fez ganhar algum ânimo. "Motiva-me saber que muitos consideram uma vergonha que o Estado não reconheça certas ações como atos de violência."

Não foram só as pessoas mais próximas da estudante que a apoiaram. A decisão em favor do zelador motivou a criação de hashtags que se tornaram virais —"10secondi", e "palpata breve", ou apalpada rápida em italiano viraram tendência no TikTok e no Instagram.

As postagens sobre o assunto muitas vezes vêm acompanhadas de vídeos em que jovens tocam suas partes íntimas enquanto encaram fixamente a câmera por exatos dez segundos, buscando ilustrar o quanto os atos podem ser desconfortáveis mesmo quando duram um curto período de tempo.

Entre os que se juntaram ao movimento está a maior influenciadora da Itália, Chiara Ferragni. Ela repostou um vídeo do ator Paolo Camili, conhecido por sua participação na série "The White Lotus", reproduzindo os gestos.

Com AFP

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