Itália extradita padre suspeito de ter praticado tortura na ditadura argentina
Procurado desde 2012, Franco Reverberi ainda conduzia missas em sua cidade natal, em Parma
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O ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, assinou nesta quarta (2) uma ordem de extradição do padre Franco Reverberi, acusado de ter praticado tortura durante a ditadura militar da Argentina (1976-1983).
O religioso voltou para o país europeu em 2011e desde então vivia em Parma, no norte, onde nasceu.
O advogado das vítimas do religioso, Arturo Salerni, confirmou à agência de notícias AFP a assinatura da ordem de extradição. A Interpol, organização internacional que serve de ligação entre as polícias de diversos países a fim de capturar foragidos, também emitiu um mandado de prisão contra ele.
Reverberi, que foi capelão militar em Mendoza nos anos 1980, era procurado pela Justiça argentina desde 2012. Testemunhas e sobreviventes o acusam de ter presenciado cenas de tortura e encorajado prisioneiros a cooperarem com seus torturadores em um campo clandestino na época da ditadura.
Segundo o jornal La Repubblica, a Justiça italiana havia recusado a extradição do padre em 2013. Seis anos depois, porém, o Tribunal de Apelações de Bolonha acatou o pedido e ordenou que ele fosse a julgamento na Argentina. À época, Reverberi alegou problemas de saúde e foi poupado da viagem. No mês passado, porém, um laudo médico constatou que suas condições físicas não o impediam de viajar.
O religioso ainda celebrava missas em Sorbolo, em Parma, cidade de onde emigrou com a família aos 11 anos. Ele é acusado em Buenos Aires de ter praticado crimes contra a humanidade —incluindo o assassinato de José Beron, jovem peronista desaparecido no final de 1976, de acordo com o site Italy 24.
Estima-se que 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura militar argentina, que desencadeou uma onda de violações de direitos humanos contra opositores, com sequestros, torturas e assassinatos.
Mais de mil pessoas foram condenadas por crimes contra a humanidade relacionados à ditadura no país. Os julgamentos ligados ao tema foram retomados em 2000, após mais de uma década de leis de anistia e outras medidas controversas.
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