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Metrópole africana com um dos piores trânsitos do mundo ganha metrô após 40 anos de espera

Inauguração em Lagos, na Nigéria, contou com presença de governador, que vestiu uniforme de operador ferroviário

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São Paulo

No topo de listas das cidades com os piores trânsitos do mundo, Lagos, a mais importante da Nigéria, enfim ganhou sua primeira linha de metrô nesta segunda-feira (4), após décadas de espera.

A obra impacta milhões de pessoas que todos os dias enfrentam pesados congestionamentos. Segundo autoridades, uma viagem que antes levava duas horas agora poderá ser feita em 15 minutos. Lagos é o principal centro financeiro do país africano e uma das cidades mais populosas do planeta.

Em 2020, tinha 14,3 milhões de habitantes, segundo projeção das Nações Unidas —para efeito de comparação, a cidade de São Paulo registrou 11,4 milhões de pessoas no ano passado, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O governador de Lagos, Babajide Sanwo-Olu (de gravata), em inauguração de metrô - Reprodução/Plataforma X @Babajide Sanwo-Olu

O metrô foi inaugurado com pompa pelo governador Babajide Sanwo-Olu, que vestiu um uniforme azul de operador ferroviário e embarcou na viagem de estreia. "Iniciamos as operações comerciais tão esperadas", escreveu ele na plataforma X, o ex-Twitter. "[O metrô] é um projeto concebido para tornar Lagos totalmente interligada e irá transformar o sistema de transportes da cidade", acrescentou.

Em um primeiro momento, os trens poderão transportar 150 mil passageiros por dia, número que já será capaz de aliviar o trânsito na região, segundo a Autoridade de Transporte da Área Metropolitana de Lagos. Nos próximos meses, as autoridades prometem expandir o serviço para até 500 mil pessoas por dia.

O estado homônimo de Lagos, com aproximadamente 20 milhões de habitantes, tem o pior trânsito do mundo, segundo dados da plataforma Numbeo mencionados pela agência Bloomberg. O problema tende a se intensificar com o boom populacional registrado na Nigéria. Caso confirmadas as projeções da ONU, a população do país, hoje cerca de 224 milhões, deve dobrar na década de 2060 e elevar a Nigéria ao terceiro lugar no ranking dos mais populosos em 2100, atrás apenas de Índia e China.

A linha de metrô em Lagos foi planejada pela primeira vez em 1983, mas sofreu sucessivos atrasos devido a impasses financeiros e administrativos. A construção começou em 2009, e a previsão inicial de entrega era de dois anos. Mas a primeira fase do projeto, com 13 quilômetros de linhas, só foi finalizada recentemente. Os custos das obras são estimados em mais de US$ 130 milhões (R$ 646 milhões), de acordo com a Bloomberg.

Por ora, o metrô liga a parte continental de Lagos, onde vive a maioria das pessoas, à ilha mais rica da cidade, onde várias empresas estão sediadas. No evento de inauguração, Sanwo-Olu enfatizou que a região recebe nigerianos de todo o país. Também disse que a construção da segunda fase do projeto, com mais 37 quilômetros de linhas, deverá ser finalizada ainda este ano.

O governador, porém, reconhece os problemas de transporte público na região. Em 2021, ele chegou a dizer que a cidade precisava de US$ 15 bilhões (R$ 74,5 bilhões) em cinco anos para melhorar a infraestrutura no setor.

O metrô em Lagos foi construído pela empresa China Civil Engineering Construction Corp —o gigante asiático tem aumentado os investimentos na África nos últimos anos, segundo especialistas, também como uma forma de expandir a influência na região.

Pesquisa do instituto Afrobarometer mostrou que a Nigéria foi o segundo país da África, atrás apenas de Gâmbia, onde a pobreza vivida —algo como a frequência com que cidadãos passam por necessidades básicas— mais cresceu de 2019 a 2021 em comparação com 2016 a 2018.

O país também tem a maior mortalidade infantil do mundo, com 70,6 mortos a cada mil nascimentos, e a segunda menor expectativa de vida: 53,9 anos, de acordo com as Nações Unidas.

Com Reuters

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