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Chanceler chama de 'desinformação' versão bolsonarista sobre resgate de brasileiros em Gaza

Mauro Vieira também afirmou não conhecer embaixador de Israel no Brasil criticado por ter se reunido com ex-presidente

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Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chamou neste domingo (12) de "desinformação" a versão levantada por bolsonaristas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria atuado de alguma forma para permitir a repatriação do grupo de brasileiros e familiares palestinos que puderam na data enfim deixar a Faixa de Gaza e entrar no Egito.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, durante encontro com a imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília - Lucio Tavora - 10.nov.23/Xinhua

O grupo de 32 pessoas deve embarcar na manhã desta segunda-feira (13) para o Brasil, em avião da FAB (Força Aérea Brasileira).

"Todo o esforço para a libertação dos brasileiros foi feito pelo governo do presidente Lula, por instrução dele e acompanhamento diário", disse Vieira em encontro com jornalistas no Palácio do Itamaraty. O chanceler também destacou que fez a interlocução com os representantes estrangeiros envolvidos —de Israel, do Egito, do Qatar e da Autoridade Palestina— para tratar da liberação dos nacionais e de seus familiares.

"Foi isso que resultou na conclusão exitosa deste acordo. Além disso, eu acho que é desinformação", completou ao ser questionado por um repórter sobre a versão que bolsonaristas fizeram circular nas redes sociais.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, foi um dos aliados do ex-presidente que difundiu a tese. "Parabéns, presidente Bolsonaro! Na mesma semana em que se envolveu diretamente para a solução do drama dos brasileiros em Gaza, após semanas de erros da 'diplomacia' racial do PT, nossos irmãos estão livres. O Brasil voltou, é isso!", escreveu o parlamentar numa rede social no domingo.

Vieira ainda afirmou durante o evento que não conhece o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. A declaração se dá após um mal-estar entre a missão diplomática e o Itamaraty ocorrido na última quarta-feira (8), quando a embaixada israelense organizou um encontro com parlamentares para exibir imagens dos recentes ataques terroristas do Hamas.

A exibição dos vídeos ocorreu na Câmara dos Deputados e teve a presença majoritária de deputados de oposição, inclusive do próprio Bolsonaro. O ato gerou críticas de aliados de Lula e provocou desconforto. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse por exemplo que o embaixador de Israel "intrometeu-se indevidamente na política interna de nosso país, num ato público com o inelegível Jair Bolsonaro, realizado em pleno Congresso Nacional".

Vieira não fez mais comentários sobre o episódio e negou que tenha havido ação de Israel para atrapalhar a saída do grupo de 32 brasileiros da Faixa de Gaza, como chegou a ser insinuado. O motivo, segundo essa teoria, teria sido a resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU durante o seu mês na presidência do órgão, desfavorável ao Estado judeu.

"Falei inúmeras vezes com o ministro do exterior de Israel ao longo desse período. Sempre conversamos e discutimos a possibilidade de evacuar os brasileiros. É uma região em guerra, as circunstâncias são complexas e difíceis", afirmou o ministro.

Ele ainda disse que estabeleceu-se uma ordem de prioridade para a retirada de pessoas no local que foi "seguida e atendida". "O que eu posso dizer é que contamos tanto do lado de Israel como do Egito com boa vontade, tentando solucionar a questão como aconteceu no dia de hoje. Se não aconteceu antes, não foi só com o Brasil, foi com todos os outros países."

Uma segunda lista de repatriação pode ser aberta, caso surjam outros casos, segundo o ministro. Vieira ainda ressaltou que Lula pretende voltar a tratar do tema da guerra e pedir uma pausa humanitária no Conselho de Segurança da ONU.

"A situação desses brasileiros está resolvida, mas a situação do conflito é gravíssima e o presidente continua muito envolvido na solução da questão."

"É sua intenção [de Lula] voltar a tratar da questão do Conselho de Segurança da ONU para que se possa encontrar uma forma de suspensão das hostilidades, e a criação de uma pausa humanitária que possa levar ao alívio da população civil palestina que se encontra ainda em Gaza", continuou Vieira.

A lista inicial de repatriação do Itamaraty tinha 34 pessoas, mas duas delas —mãe e filha— desistiram antes de atravessar a fronteira para o Egito. Vieira disse que não seria possível dar nomes nem detalhes sobre a desistência por motivos de privacidade, mas afirmou que a decisão ocorreu por "espontânea vontade" de ambas.

De acordo com o ministro, o presidente pretende receber o grupo de repatriados que chegará nesta segunda. "Ele tem todo o interesse e manifestou o desejo de recebê-los, a depender dos horários."

Haverá abrigos aos repatriados que não tiverem ou não quiserem ficar com suas respectivas famílias no Brasil. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social também garantirá a disponibilização de identidade, acesso ao SUS e "toda a rede de apoio social para refugiados", que inclui opções de refúgio e regularização.

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