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Ocidente está em perigo porque governos abraçaram 'coletivismo', diz Milei

Presidente da Argentina estreia em Davos com críticas a líderes mundiais, ao feminismo e à agenda climática

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Davos (Suíça)

Recebido pela organização do Fórum Econômico Mundial em Davos como alguém que ao ser eleito "infundiu um novo espírito" em prol da liberdade econômica, o presidente da Argentina, Javier Milei —em sua primeira viagem internacional desde que assumiu a Casa Rosada—, afirmou que "o Ocidente está em perigo por causa de ideias socialistas" abraçadas por líderes globais.

Os "países que deveriam defender o liberalismo, a defesa da propriedade, a liberdade, estão abrindo as portas para o coletivismo", disse em um discurso de 22 minutos nesta quarta-feira (17).

No pronunciamento, afirmou ainda que o Estado "não é solução, mas problema", colocou a Argentina como parceiro de negócios disponível e pregou a total desregulamentação da economia como panaceia. Encerrou com um aplaudido "viva la libertad, carajo", um de seus slogans de campanha.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça - Fabrice Coffrini - 17.jan.24/AFP

Milei, empossado em dezembro após vencer as eleições impulsionado pelo seu discurso ultraliberal, fez um discurso mais conectado com a plateia e com a comunidade internacional do que outros líderes da direita radical que subiram ao mesmo palco em anos anteriores, como o brasileiro Jair Bolsonaro, que falou por oito minutos, embora dispusesse de mais tempo, e o americano Donald Trump, que levou uma fanfarra para abrir sua apresentação.

Usando como contraexemplo o declínio econômico argentino, o argentino exaltou as benesses do livre mercado, da desregulação, da redução de imposto e da liberdade. Incluiu no discurso, entretanto, a "defesa da vida", jargão antiaborto que contradiz os princípios libertários que defendeu na fala.

"Dizem que o capitalismo é mau por ser individualista e que o socialismo é bom por ser coletivista", afirmou, provocando risos entre a plateia. "A ideia de justiça social é injusta porque é violenta, e é injusta porque o Estado se financia com impostos."

Ao mesmo tempo, foi recebido com descrença ao afirmar que não vê diferenças fundamentais entre nazistas, comunistas, fascistas, socialistas, progressistas, globalistas, sociais-democratas e nacionalistas: são todos, a seu ver, coletivistas.

Em sua longa defesa da redução do papel do Estado, tal qual promete promover em seu país, citou o capitalismo como enriquecedor e o socialismo como "invariavelmente" produtor de miséria. Citando números de crescimento econômico da Argentina e do mundo dentro de determinados períodos, conseguiu manter a atenção do público com suas teses.

Ele criticou também as teorias econômicas clássicas, que segundo ele "abririam as portas para o socialismo" e "condenariam a sociedade à pobreza" ao regular o mercado, vetar monopólios e tributar a riqueza.

Mas não teve o mesmo sucesso com o público ao fazer críticas a baluartes progressistas não exclusivos da esquerda. Criticou o feminismo, chamando-o de uma ideia ridícula para opor homens e mulheres; a agenda para conter a mudança climática, que, em sua visão, coloca o homem contra a natureza; e o direito ao aborto.

Ele também classificou o trabalho dos bancos centrais, cuja extinção defende, de "socialista".

O discurso de Milei foi ecoado por figuras da direita brasileira nas redes sociais. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) —que mantém uma relação próxima com o ultraliberal desde antes de sua eleição à Presidência— compartilhou o vídeo do pronunciamento em seu perfil no Instagram. Na postagem, chamou o Fórum Econômico Mundial de "ninho de globalistas".

"O mundo precisa de homens de coragem, que falam e fazem o que precisa ser feito", escreveu no X o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Outros que elogiaram a fala foram os também deputados Rosangela Moro (União Brasil-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO), além do ex-procurador federal Deltan Dallagnol.

O bilionário Elon Musk publicou no X, sua plataforma, um vídeo com a íntegra do discurso de Milei em Davos. "Boa explicação sobre o que torna os países mais ou menos prósperos", escreveu.

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