Bélgica registra recorde de apreensão de cocaína, com fluxo de Equador e vizinhos

Porto de Antuérpia é uma das principais portas de entrada na Europa para drogas provenientes da América do Sul

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São Paulo

Autoridades do porto de Antuérpia, na Bélgica, uma das principais portas de entrada na Europa para drogas provenientes da América do Sul, apreenderam 116 toneladas de cocaína em 2023, volume recorde em um ano. Parte da substância ilícita saiu do Equador, país que registra profunda crise de violência.

O ministro das Finanças belga, Vincent Van Peteghem, disse nesta quarta-feira (17) que o volume representa um aumento de 5% em relação às apreensões de 2022, quando as autoridades localizaram 109,9 toneladas da droga.

Embarcação navega pelo porto de Antuérpia, na Bélgica
Embarcação navega pelo porto de Antuérpia, na Bélgica - 7.fev.23/AFP

Bélgica, Holanda e Espanha são os três países europeus que mais apreendem cocaína produzida em território sul-americano, principalmente de Panamá, Colômbia e Equador —este último está sob estado de exceção após o governo declarar guerra contra organizações criminosas.

As autoridades holandesas disseram ter apreendido 59,1 toneladas de cocaína em 2023, também um aumento acentuado em relação ao ano anterior. Somente nos portos de Roterdã e Flesinga, os agentes policiais localizaram 52,5 toneladas da substância ilícita.

A cocaína muitas vezes é transportada em contêineres ou na parte inferior dos navios, abaixo da linha d'água, de onde é recuperada por mergulhadores. Os portos de Antuérpia e Roterdã já registraram vários tiroteios e até mesmo explosões relacionadas a confrontos entre grupos de tráfico de drogas.

Em relatório publicado no final de 2022, a Europol (agência da União Europeia para cooperação policial), afirmou que os dois portos representam a porta de entrada para um "supercartel" com sede em Dubai, responsável por um terço de toda a cocaína que chega à Europa.

Embora as autoridades empreguem mergulhadores e cães farejadores para localizar drogas, as autoridades temem que apenas uma fração da carga ilegal seja interceptada. Especialistas argumentam que o crime organizado representa uma ameaça tão grande para o continente quanto grupos terroristas.

A secretária de alfândega da Holanda, Aukje de Vries, disse na quarta que "os traficantes de drogas não vão parar por nada", e que as autoridades usarão "todos os meios disponíveis" para interceptar as cargas. Agentes holandeses interceptaram em agosto passado oito toneladas de cocaína que estavam escondidas em um carregamento de bananas proveniente do Equador, na maior apreensão já realizada no país.

Mudanças na economia global da cocaína favoreceram organizações criminosas que atuam no país sul-americano. Uma delas foi causada pelo Plano Colômbia, lançado em 1999, que contou com ajuda dos EUA para desmantelar grandes organizações criminosas colombianas, mas que abriu mercado para outras, menores, na região. Entre elas estavam alguns grupos que se formavam no Equador.

A crise fez a outrora pacífica nação se tornar uma das mais violentas da América Latina em 2023. Na semana passada, o presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarou um "conflito armado interno" e deu mais poder às Forças Armadas após a eclosão de uma crise deflagrada pela fuga da prisão de Fito, o líder da maior quadrilha de tráfico de drogas do país.

Segundo relatório de 2023 da ONU, a cocaína foi a quarta droga mais usada fora de situações médicas em 2021, atrás apenas da maconha, dos opioides e das anfetaminas. O mercado da substância engloba cerca de 22 milhões de usuários pelo mundo e é um dos mais lucrativos do comércio ilegal.

Autoridades europeias, por sua vez, tentam apertar o cerco contra traficantes. Mais de 22 pessoas foram presas na Bélgica em operação na última terça (15) contra organizações criminosas que mobilizou cerca de 350 policiais. As batidas ocorreram em Bruxelas e Antuérpia e permitiram que a polícia apreendesse dinheiro, carros de luxo e pelo menos uma arma não registrada.

Antes da operação, os responsáveis pela inteligência belga conseguiram desbloquear telefones equipados com dispositivos criptografados usados por traficantes. Com os avanços das investigações, o ministro da Justiça belga, Vincent Van Quickenborne, e o premiê holandês, Mark Rutte, chegaram a relatar ameaças de mortes feitas por traficantes.

Com AFP

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