Partido de Mandela diz ter acordo para formar coalizão na África do Sul
Governista CNA precisa de alianças no Parlamento pela 1ª vez em três décadas após resultado histórico em eleição
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Líderes do CNA (Congresso Nacional Africano), partido histórico de Nelson Mandela e que em eleição no mês passado registrou o seu pior resultado desde o fim do apartheid, disseram nesta quinta-feira (13) que chegaram a um acordo com várias legendas para formar uma coalizão de governo.
"Conseguimos um grande avanço no acordo sobre a necessidade de trabalharmos juntos", disse o secretário-geral do CNA, Fikile Mbalula, sem revelar os nomes dos partidos com quem teria feito alianças. Segundo interlocutores, a coalizão incluiria a AD (Aliança Democrática), de centro-direita, e várias outras siglas menores.
Depois de 30 anos governando a África do Sul sem precisar de uma coalizão no Parlamento, o CNA sofreu um revés histórico no pleito do mês passado que deixou o país num estado de incerteza política nunca visto na era democrática.
O CNA perdeu 71 assentos no Legislativo, caindo de 230 para 159 e ficando abaixo dos 200 parlamentares necessários para obter a maioria na Casa. A AD, liderado por John Steenhuisen, ficou com a segunda maior bancada, com 87 representantes, enquanto o partido MK (Lança da Nação), liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, tem 58.
A AD não havia confirmado, até a noite desta quinta, a formação de uma coalizão com o partido governista. Analistas mencionados pela agência de notícias Reuters afirmaram que, se confirmado, um governo envolvendo a sigla de centro-direita seria bem recebido pelas grandes empresas e pelos mercados financeiros, que aprovam as políticas de livre comércio defendidas pela legenda.
Empresários pressionam o governo a entrar em uma coalizão apenas com a AD, cujo líder fez campanha reforçando a ideia de meritocracia e eficiência e a favor de privatizações e da desregulamentação da economia. Entretanto, aliados históricos do CNA, como o Partido Comunista da África do Sul e a principal central sindical do país, já se disseram contra essa aliança. "Somos contrários a uma coalizão com as forças neoliberais, direitistas, e anti-CNA da Aliança Democrática", afirmaram os comunistas.
Ao mesmo tempo a possível aliança desagrada parte dos apoiadores do CNA, que veem a AD como um partido defensor dos interesses da minoria branca privilegiada –tema debatido com frequência no país que lida com o legado do apartheid.
O novo Parlamento deverá se reunir nesta sexta-feira (14), na Cidade do Cabo, para eleger o presidente, o vice-presidente e o líder da Casa. Espera-se que Cyril Ramaphosa ganhe um novo mandato na Presidência, mas a composição do novo governo permanece incerta.
Líderes do CNA defenderam na semana passada a formação de um governo com base ampla. Para isso, manifestaram disposição para dialogar com partidos de polos opostos, do AD, pró-mercado, ao CLE (Combatentes pela Liberdade Econômica), de esquerda, cujas propostas incluem expropriação de terras sem indenização e estatização do setor de mineração.
Com Reuters e AFP
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