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Ataques pressionam Irã em momento de fragilidade política

Ação coordenada contra aliados desafia novo presidente moderado e o regime de Teerã

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São Paulo

A ação de Israel contra líderes dos dois principais grupos apoiados pelo Irã no Oriente Médio coloca uma pressão extraordinária sobre o novo presidente do país, Masoud Pezeshkian, que assumiu o cargo horas antes das ações, na terça (30).

Mais importante, é uma espécie de desafio à disposição de Teerã de seguir investindo em lideranças contrárias a Israel e aos Estados Unidos na região em um momento de fragilidade política extrema do regime teocrático implantado em Teerã há 45 anos.

O novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian (dir.), é cumprimentado por Haniyeh no dia de sua posse, horas antes da morte do chefe do Hamas - Reuters

Como sempre, há brumas para permitir tempo tático de reação. No caso do líder operacional do libanês Hezbollah, Fuad Shukr, sua morte demorou a ser confirmada pelo grupo, mas a autoria israelense foi assumida imediatamente.

Já o segundo episódio, ainda mais espetacular em sua repercussão, tem um morto confirmado, o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. Israel não assumiu sua execução, embora isso seja um segredo de polichinelo ainda mais depois do discurso desafiador de Binyamin Netanyahu sobre o cenário. Já os EUA, que em 2020 mataram o mais importante general do Irã numa ação em Bagdá, desconversaram.

Tanto faz, na prática. O tabuleiro foi colocado para uma escalada regional potencialmente destrutiva para o regime dos aiatolás. Anos de retórica incendiária serão testados. Uma reação será inevitável, até porque a morte de Haniyeh enquanto hóspede do presidente na noite subsequente à sua posse é um vexame diplomático e militar considerável.

Mas sua medida será a régua para saber se o caldo irá ou não desandar. Quando lançou um ataque maciço contra Israel em abril, algo inédito em sua história, o Irã viu quase a totalidade de seus mísseis e drones serem abatidos pelo Estado judeu com o auxílio não só de aliados ocidentais como EUA e Reino Unido, mas também dos Emirados Árabes Unidos.

Naquela ocasião, esse contexto de defesa compartilhada e o temor de escalada fez com que Tel Aviv reagisse de forma bastante moderada, com um ataque pontual próximo de instalações nucleares de Teerã. E ficou por isso.

A tensão em sua fronteira norte com o Hezbollah, contudo, continuou subindo de grau em grau desde então. Até aqui, os problemas internos do Líbano e a posição política doméstica do grupo mantiveram a escalada como uma ameaça.

Agora, as fichas estão na mesa. Por certo, os fundamentalistas de Beirute não irão deixar a morte de um de seus principais comandantes sem resposta, mas ela será coordenada com Teerã. De vinganças pontuais a uma guerra total na região, há várias escalas de risco.

Elas passam pela mesa de Ali Khamenei, o líder supremo do Irã que perdeu controle sobre sua sucessão quando o presidente do país e herdeiro presumido, Ebrahim Raisi, morreu em um acidente de helicóptero em maio.

O curto processo eleitoral mostrou um público apático no primeiro turno e desafiador no segundo, quando o único moderado entre os candidatos foi eleito. Pezeshkian, contudo, é um homem do regime, e sua promessa de acomodação com o Ocidente agora será posta à prova pela linha-dura da teocracia.

Equilibra-se nesse jogo de pressões o futuro do Oriente Médio e, sem muito exagero, da paz mundial. O que ocorre na região que concentra boa parte da produção energética do planeta impacta a todos, não menos porque ao fim as peças se encaixam na Guerra Fria 2.0.

A Rússia é forte aliada do Irã, assim como a China —foi em Pequim que o Hamas assinou a reconciliação com os rivais palestino do Hamas, na semana passada. E os EUA são, desde 1967, os fiadores do Estado judeu.

Um conflito agora terá repercussões imediatas na campanha da sucessão do democrata Joe Biden, que não poderá ficar passivo caso Israel seja alvo de um ataque amplo, até pela postura agressiva de Donald Trump ante T eerã. Por isso, de cara os EUA disseram que a saída para a situação é um fim às hostilidades em Gaza, a mãe da crise.

Do outro lado da trincheira, além dos problemas domésticos do Irã, a China está preocupada com sua situação econômica, e Vladimir Putin, com a Guerra da Ucrânia. Isso poderá facilitar a pressão para que os rivais se acalmem, como ocorreu em abril, mas não é garantia de sucesso.

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