Irã inicia ataque a Israel com drones após ameaçar retaliação

Teerã também lançou mísseis em direção ao território israelense, diz imprensa; ação é primeira agressão direta depois de Tel Aviv bombardear embaixada iraniana na Síria

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Boa Vista

O Irã lançou cerca de 200 drones e mísseis em direção a Israel neste sábado (13), de acordo com as forças de segurança de Tel Aviv. Segundo os militares israelenses, as aeronaves não tripuladas identificadas por volta das 17h da tarde (de Brasília) demorariam horas para chegar a território israelense e seriam defensáveis.

Este é o primeiro ato de agressão do Irã ao território de Israel desde o início do conflito entre Tel Aviv e Hamas, grupo aliado de Teerã, na Faixa de Gaza, e a concretização das ameaças de retaliação ao ataque, atribuído a Israel, à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou membros da Guarda Revolucionária do Irã, no último dia 1º.

Sistema anti-aéreo em funcionamento em Israel durante o ataque do Irã
Sistema anti-aéreo em funcionamento em Israel durante o ataque do Irã - Amir Cohen - 14.abr.24/Reuters

Na TV estatal iraniana, a Guarda Revolucionária confirmou os ataques e afirma que a operação é retaliação pelo ataque à embaixada em Damasco e o que chamou de crimes de Israel.

Em comunicado televisionado, a guarda diz ainda que "atacou alvos em Israel com dezenas de drones e mísseis". A declaração afirma que a ofensiva foi ordenada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e estava sob orientação do Estado-Maior do Exército de Teerã.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, convocou reunião do gabinete de guerra em Tel Aviv, prevista para ocorrer entre a noite deste sábado e a madrugada de domingo (14).

Relatos de pessoas que avistaram dezenas de drones em direção a Israel começaram a chegar do Iraque. Duas pessoas ligadas à segurança do país relataram à agência Reuters o avistamento dos drones. O ministro dos Transportes de Bagdá disse que o país fechou seu espaço aéreo, medida também tomada temporariamente pelo Líbano.

Os mísseis de cruzeiro atingiriam território israelense em menos tempo que os drones. As forças de Tel Aviv confirmaram que identificaram o lançamento de mísseis e, mais tarde, afirmaram que dez deles foram interceptados fora das fronteiras de Israel.

O Hezbollah, grupo xiita libanês aliado do regime iraniano, informou ainda que lançou "dezenas de foguetes" em posições de artilharia de Israel —ação que não difere muito do conflito que já vive na fronteira com o Estado judeu, baseado em ações localizadas e evitando escalar a violência ali.

A Jordânia declarou estado de emergência em meio aos alertas, de acordo com a mídia estatal, citada pela Reuters —depois, um porta-voz do governo de Amã negou a medida. Duas pessoas da área de segurança da Jordânia afirmam que o país ficou de prontidão para derrubar qualquer aeronave iraniana que violasse seu espaço aéreo.

O ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, alertou que Teerã responderia com força a países que "abrissem o espaço aéreo ou território para ataques de Israel ao Irã", segundo a agência Mehr.

Autoridade do setor israelense também afirmou que o espaço aéreo do país fechou para voos internacionais entrando e saindo de Israel a partir das 19h30 (horário de Brasília). A companhia El Al de Israel cancelou voos marcados para este fim de semana.

A Casa Branca confirmou em seguida que o Irã iniciou um ataque aéreo contra Israel que deveria se desenrolar nas próximas horas. O governo americano diz ainda que os EUA continuam a apoiar Israel em sua defesa contra ameaças de Teerã.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com conselheiros de segurança na tarde deste sábado para discutir a crise no Oriente Médio, na Casa Branca. O presidente argentino, Javier Milei, que está em visita aos EUA, anunciou que cancelou viagem à Dinamarca e voltará pela manhã a Buenos Aires.

Os primeiros relatos chegaram via imprensa israelense. Amos Yadlin, um general aposentado de Israel, disse ao Canal 12 que os drones estariam equipados com 20 quilos de explosivos cada um.

O porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, confirmou também relatos da imprensa israelense de que o avião de Estado decolou de base-aérea no sul de Israel, mas disse apenas que se tratavam de questões operacionais, sem entrar em detalhes.

"O grupo de defesa aérea das Forças de Defesa de Israel [IDF] está em alto alerta, junto com caças e a embarcações da marinha israelense. As IDF monitora todos os alvos", dizem as forças de segurança de Israel em comunicado. As forças de Israel afirmam ainda que os drones forma lançados do território iraniano.

Mais cedo, um navio porta-contêineres de Israel foi apreendido por forças do Irã após um ataque por helicóptero próximo ao estreito de Hormuz, no Oriente Médio. A ação, confirmada pela agência de notícias iraniana Tasnim, também foi vista como retaliação a Israel pelo bombardeio contra a seção consular de sua embaixada em Damasco, capital da Síria.

A agência estatal iraniana Irna informou que homens da Guarda Revolucionária haviam embarcado e levado o navio MSC Aries para águas persas, sem explicar a motivação.

A MSC, por sua vez, confirmou que o Irã havia apreendido a embarcação e disse que estava trabalhando "com as autoridades relevantes" para seu retorno seguro e o bem-estar da tripulação de 25 pessoas.

O navio, de bandeira portuguesa, é alugado da Gortal Shipping, uma afiliada da Zodiac Maritime, empresa parcialmente controlada pelo empresário israelense Eyal Ofer.

Com Reuters e The New York Times

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