Líder político do Hamas é morto no Irã, diz grupo terrorista em comunicado

Ismail Haniyeh teria sofrido um ataque em sua casa, na capital Teerã

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AFP e Reuters

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã, no Irã, disse a organização terrorista palestina Hamas em um comunicado nesta quarta-feira (31).

O Hamas lamentou a morte de Haniyeh que, segundo eles, foi morto em "um ataque traiçoeiro sionista em sua residência em Teerã".

O líder do grupo palestino Hamas, Ismail Haniyeh - Wana News Agency via REUTERS

O assassinato do líder do Hamas no Irã é um "ato covarde que não ficará impune", disse o alto funcionário do grupo, Moussa Abu Marzouk, citado pela TV Al-Aqsa, administrada pelo Hamas.

A Guarda Revolucionária do Irã confirmou o ataque à casa de Haniyeh em Teerã.

"Como resultado deste incidente, ele e um de seus guarda-costas foram martirizados", afirmou em um comunicado no site Sepah, o portal de notícias deste ramo das forças armadas.

Haniyeh, de 61 anos, havia viajado a Teerã para assistir na terça-feira à cerimônia de posse do novo presidente iraniano, Masud Pezeshkian.

Ele foi eleito líder político do Hamas em 2017 para suceder Khaled Meshaal. Já era uma figura conhecida por ter sido primeiro-ministro palestino em 2006 após uma vitória do movimento islamista nas eleições parlamentares daquele ano.

Considerado pragmático, Haniyeh vivia exilado entre a Turquia e o Qatar e havia realizado missões diplomáticas ao Irã e à Turquia durante a atual guerra para se reunir com os presidentes desses países.

Também mantinha boas relações com os dirigentes de várias facções palestinas, incluindo algumas rivais do Hamas.

Ele se juntou ao movimento islamista em 1987, quando este foi fundado em meio à primeira intifada contra a ocupação israelense, que durou até 1993.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou o assassinato, que qualificou como um "ato covarde", e instou os palestinos a se manterem unidos contra Israel.

"O presidente Mahmoud Abbas do Estado Palestino condena fortemente o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, qualificando-o como um ato covarde e uma grave escalada", disse seu gabinete em um comunicado. "Instou nosso povo e suas forças a permanecerem unidos, manterem a paciência e continuarem firmes contra a ocupação israelense", acrescentou.

Em abril, as forças militares de Israel mataram, na Faixa de Gaza, três filhos e quatro netos de Haniyeh. O ataque, admitido por Tel Aviv, ocorreu num momento em que o alto escalão do grupo terrorista analisava uma nova proposta de trégua e soltura de reféns.

Haniyeh era a autoridade da facção mais conhecida no exterior durante a guerra com Israel. Ele tinha voz ativa nas negociações sobre os reféns e os rumos do conflito e, segundo Tel Aviv, teria planejado ataques contra civis.

Em novembro de 2023, outra ofensiva de Israel já havia destruído a casa da família do líder.

Os filhos e netos foram mortos em uma ação com drone enquanto se deslocavam de carro no campo de refugiados Al-Shati, no norte do território. Segundo o Hamas, eles visitavam familiares no primeiro dia do feriado muçulmano Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã e costuma ser celebrado com comidas típicas, reuniões entre amigos e preces específicas.

Na ocasião, Haniyeh acusou Israel de agir com "espírito de vingança e assassinato" e afirmou que o ataque não iria forçar o grupo islâmico a negociar uma trégua.

"O sangue dos meus filhos não é mais caro do que o sangue do nosso povo", disse. "Nossas exigências são claras, específicas, e não faremos concessões. O inimigo se ilude se achar que alvejar meus filhos, no clímax das negociações e antes que o movimento envie resposta, levará o Hamas a mudar o posicionamento."

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu destruir o Hamas e recuperar todos os reféns capturados no ataque de 7 de outubro que provocou a atual guerra em Gaza.

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