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Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Caracas é tomada por atos de Maduro e González em último dia de campanha

Eleições presidenciais da Venezuela acontecem no próximo domingo; ditador volta a falar em guerra caso perca

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Caracas e São Paulo

Uma María Corina Machado frenética em cima de um caminhão ao lado de um Edmundo González em boa parte do tempo sentado tomaram algumas das ruas de Caracas nesta quinta-feira (25), enquanto do outro lado da cidade o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, tentava cativar sua base com alguns passos de dança.

No último dia de campanha antes das eleições do próximo domingo (28) e no mesmo dia do aniversário da capital venezuelana, a cidade foi inundada por caravanas dos dois polos políticos.

O candidato da oposição da Venezuela, Edmundo Gonzálvez, na direita, participa do último comício das eleições presidenciais ao lado da líder opositora María Corina Machado em Caracas, capital do país - Federico Parra - 25.jul.24/AFP

O ato da oposição começou ao som do jingle "Todo el Mundo con Edmundo", logo substituído pelo barulho incessante das centenas de motos que aglutinavam apoiadores e por gritos de apoio.

María Corina voltou a repetir seu pedido comum nestes dias: "Vamos contar 'papelito por papelito'". É um apelo para que os eleitores participem da auditoria dos votos após o fim da votação no domingo.

A oposição demonstra desconfiança em relação ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e diz que só acreditará nas atas das urnas que forem tornadas públicas.

Com suas tradicionais cruzes no pescoço —María Corina é católica— a líder de fato da oposição acenava e mandava beijos aos transeuntes que paravam para acenar. A caminho da Plaza Bolívar, em uma zona de classe média e alta da capital, moradores e funcionários dos restaurantes e hotéis saíram às ruas para manifestar apoio.

Os apoiadores gritavam efusivos, mas não compreendiam muito do que os opositores falavam. O sistema de som teve problemas, e o áudio chegava aos poucos nos arredores do trio elétrico que os levava.

"O povo não deve temer os governos, o povo deve temer o próprio povo", dizia um dos cartazes contra a ditadura. "Sí, se puede", gritavam os apoiadores.

Havia, claro, dissidência. Mas microscópica. Da janela de seus apartamentos alguns poucos moradores faziam sinais com as mãos pedindo que fossem embora. Outros balançavam cartazes com o rosto de Maduro.

Já na avenida Bolívar, no centro da capital, as ruas foram tomadas por apoiadores do chavismo, com centenas de bandeiras da Venezuela e de partidos da aliança eleitoral da ditadura.

Maduro subiu ao palco por volta das 18h (19h de Brasília) em um ato que começou com clima de showmício: ele dançou ao lado de artistas que cantavam músicas políticas. Algumas das canções relembravam Hugo Chávez, morto em 2013 —lembrança que o próprio ditador retomou logo no começo do discurso, mudando o tom do evento de animado para grave e solene.

"Tudo o que fizemos, fizemos por você, comandante Chávez", afirmou Maduro. "Aqui está seu povo, que nunca vai falhar. O povo está na rua e ninguém pode com ele."

Em seguida, o ditador disse que, sob seu comando, a Venezuela venceu "a pior agressão que sofreu em toda sua história", referindo-se às sanções impostas pelos Estados Unidos. "Uma agressão que tem objetivo de acabar com uma sociedade. E o povo gritou de sua alma: aqui ninguém vai se render!"

Maduro repetiu a ideia que já havia levantado em outros comícios de que pode haver violência caso não seja vitorioso. "Só um presidente chavista é capaz de garantir a paz. Só nós garantimos a paz e a estabilidade deste país chamado Venezuela. Só nós garantimos o crescimento econômico, superamos a crise de desabastecimento frente à guerra econômica."

"No domingo se decide o futuro da Venezuela pelos próximos 50 anos. Paz ou guerra? Bagunça ou tranquilidade? Extrema direita ou chavismo? Fascismo ou democracia popular? Capitalismo selvagem ou socialismo cristão? Eu digo: para mim está claro", afirmou Maduro. "Ou haverá paz, ou se acabará a tranquilidade."

O ditador também fez ataques à oposição, chamando González de fantoche da extrema direita. "Quem pediu as sanções criminosas contra a Venezuela? Quem pediu que a Venezuela fosse invadida pelo Exército gringo? Vocês querem que a violência e os dias sombrios retornem?", disse o ditador.

"Querem que chegue à Presidência da República um presidente da extrema direita radical fascista? Querem que chegue à Presidência uma marionete da extrema direita radical?"

"Esse rapazinho, o Nico, conhecia essa cidade de ponta a ponta. Minha escola e minha universidade foram as ruas de Caracas, as fábricas de Caracas", disse o ditador, reforçando a ideia que sua campanha tenta vender para se aproximar dos jovens.

Nos últimos dias, referências de Maduro a um "banho de sangue" em uma suposta guerra civil caso a oposição ganhe provocaram rusgas até mesmo com políticos dos quais ele já foi próximo na região, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente da Argentina Alberto Fernández.

Nesta quinta, a Casa Branca também manifestou preocupação com a possibilidade de violência no pleito, dizendo que Maduro precisa garantir eleições livres e justas, sem repressão ou intimidação. "Apoiamos eleições pacíficas, e esperamos que elas ocorram dessa maneira no domingo", disse o porta-voz John Kirby. "Repressão política e violência são inaceitáveis".

Nos comícios, além do debate político, uma outra preocupação pipocava entre alguns. "Até quando podemos comprar nossa cerveja e nosso rum para comemorar?", perguntou um dos apoiadores da oposição. A lei seca devido à eleição começa no país nesta sexta (26).

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