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Cotado para secretário de Estado de Trump diz que relação com Bolsonaro não afetaria diálogo com Lula

À Folha Richard Grenell disse que eventual governo de republicano 'vai lidar com o mundo como ele é' e que não tentará fazer 'mudanças de regimes' em outros países

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Milwaukee

Richard Grenell, apontado como uma possível escolha para secretário de Estado em um eventual governo Donald Trump, afirmou que a política externa do republicano será exatamente o que foi no primeiro mandato. "Donald Trump é quem determina as políticas. Ele quer que as economias cresçam e que os conflitos cessem. Essa é a premissa", disse.

Questionado pela Folha sobre como seria a relação do republicano com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considerando a proximidade dele com a família Bolsonaro, Grenell respondeu que Trump "vai lidar com o mundo como ele é" e que não vai "tentar fazer mudanças de regimes" em outros países.

Richard Grenell, ex-embaixador dos EUA na Alemanha, participa da convenção republicana em Milwaukee, Wisconsin - 14.jul.24/Reuters

Em seguida, o cotado para chefiar a diplomacia dos Estado Unidos fez uma defesa da pluralidade e acusou os democratas de "esmagarem a dissidência" ao caracterizá-la como desinformação. "Donald Trump vai lidar com quem quer que esteja no cargo, e vamos falar com eles", declarou.

A reportagem também perguntou que avaliação ele faz da atual relação entre Brasil e EUA em áreas como energia limpa e direitos trabalhistas. Sem se referir diretamente a esses temas, Grenell disse que Trump falará com "cada líder para entender como será essa relação" e que vai apresentar as políticas que tornem os EUA mais fortes.

Pouco antes, ele havia feito uma defesa da exploração de petróleo em território americano e criticado a importação do produto de países como Venezuela e Irã. "Nós temos leis mais seguras, melhores leis trabalhistas, ambientais. Nós deveríamos poder explorar nossos recursos e usá-los para o nosso povo. Isso é uma grande questão na Pensilvânia", afirmou, em referência ao estado-pêndulo em que a disputa com Joe Biden está acirrada.

Grenell foi embaixador na Alemanha, diretor interino de inteligência nacional e enviado especial para a região dos Bálcãs durante o governo Trump. Nesta quinta (18), ele falou com jornalistas da imprensa estrangeira durante a convenção republicana, que ocorreu em Milwaukee (Wisconsin).

O diplomata também ecoou as críticas feitas à Otan por Trump, que acusa os aliados europeus de não contribuírem financeiramente com a organização como deveriam.

"Eu sei exatamente o que os europeus querem. Eles querem o benefício da responsabilidade compartilhada e da proteção compartilhada e querem nos ridicularizar por dizer: ‘Espere um minuto, é melhor vocês pagarem a sua parte justa’", afirmou.

"Trump vai fortalecer a Otan trazendo mais dinheiro para a Otan. Eu argumentaria que a pessoa que tenta reformar uma entidade e lhe dar mais dinheiro é a pessoa que mais se importa com ela", afirmou.

Grenell também disse que nenhum novo membro deve ser admitido na entidade enquanto os atuais não cumprirem suas obrigações.

Em relação à Guerra da Ucrânia, elogiou os acordos de Minsk 1 e Minsk 2, assinados em 2014 e 2015, que estabeleciam um cessar-fogo nunca respeitado pelas partes —estima-se que 14 mil pessoas tenham morrido na guerra civil— e uma saída para reintegrar as regiões separatistas à Ucrânia, outro ponto jamais implementado.

Ele atribui o fracasso dos acordos ao fato de ninguém ter acompanhado as respostas dos russos aos planos. "Talvez os russos nunca quisessem realmente implementar o acordo. E eles apenas o assinaram. E [Barack] Obama e [Angela] Merkel foram enganados. Eu não sei. Mas direi que acho que há elementos ali que podemos construir", afirmou.

Apesar do tom amigável, Grenell fez diversas críticas à imprensa, que acusou de ser democrata. Ao ser questionado sobre o Projeto 2025, plataforma conservadora construída por diversos nomes ligados a Trump, disse que repórteres "precisam relaxar sobre isso" e que a "imprensa fica parecendo ridícula" por tratar do plano.

"Sabe o que parece para mim? Parece que há uma pessoa que decide qual é o problema, e todos vocês são como ovelhas", disse. "Sim, há algumas pessoas que são conservadoras e que trabalharam na administração que estão dando ideias ali. É uma coisa de ONG externa", afirmou, chamando em seguida o Projeto 2025 de estúpido.

Questionado se gostaria de se tornar secretário de Estado, ele desconversou e disse que "está completamente focado na eleição", mas declarou que fará qualquer coisa que Trump lhe peça. "Minha preferência seria fazer isso de Manhattan Beach, Califórnia", onde mora, disse, rindo.

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