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Rebeldes pró-Irã do Iêmen escalam crise e atacam sul de Israel

Houthis prometem 'grande resposta' contra bombardeio de seu principal porto por Tel Aviv

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São Paulo

Um dia após serem alvejados pela primeira vez na atual crise do Oriente Médio por Israel, os houthis lançaram um míssil balístico contra o porto de Eilat, no sul do Estado judeu. Segundo o comando militar dos rebeldes que controlam parte do Iêmen, é apenas o começo de uma "resposta enorme".

O porta-voz Yahya Saree afirmou à agência de notícias do grupo, baseado desde 2014 na capital iemenita, Sanaa, que disparou "diversos mísseis" contra Eilat e atingiu um navio americano no mar Vermelho com drones e mísseis.

Incêndio no depósito de combustível do porto de Hodeidah, atacado por Israel - AFP

Israel confirmou apenas um lançamento, interceptado pelo sistema de longa distância Arrow-3. Ainda não há informações sobre ações no mar, palco de intensa atividade dos rebeldes desde 19 de outubro passado, quando abriram um flanco secundário que só ganha importância na Guerra Israel-Hamas, iniciada 12 dias antes.

Ao longo dos meses, mais de 200 mísseis e drones foram lançados contra o sul de Israel, a cerca de 1.800 km das costas controladas pelos houthis. O arsenal de armas fornecidas pelos iranianos, que também apoiam o grupo terrorista palestino Hamas e a milícia xiita Hezbollah no Líbano, surpreendeu especialistas pela variedade e sofisticação.

Os houthis são xiitas, ramo minoritário do Islã que tem seu centro no Irã. O governo que combatem em uma guerra civil congelada desde o ano passado tem o apoio da Arábia Saudita, sendo do grupo majoritário sunita como a família real de Riad.

Israel deixou a defesa de navios seus e ocidentais no mar Vermelho a cargo dos Estados Unidos, que se uniram ao Reino Unido em uma ação que incluiu bombardeios pontuais ao Iêmen. A ideia do governo de Joe Biden era o de dissuadir os rebeldes de escalar a guerra naquele flanco, talvez envolvendo o Irã, mas não deu certo.

Os ataques continuaram e na sexta (19) um drone conseguiu driblar todas as defesas israelenses e explodiu ao lado da embaixada americana em Tel Aviv, matando uma pessoa. O premiê Binyamin Netanyahu disse que isso era inaceitável, e no dia seguinte lançou um ataque devastador contra o porto iemenita de Hodeidah, o principal sob controle houthi.

Os depósitos de combustível e uma pequena refinaria no local foram explodidos por caças de ataque F-15 e F-35 apoiados em sua longa missão de 2.000 km por aviões-tanque. Foi a primeira ação do segundo modelo, da chamada quinta geração de aviões de combate, com esta natureza. Ao menos 6 pessoas morreram, e 87 ficaram feridas, segundo os houthis.

Agora, o grupo rebelde ensaia sua própria escalada na crise. "A resposta à agressão israelense contra nosso país está chegando de forma inevitável e será enorme", disse Saree.

Apesar da situação tensa no mar Vermelho, que teve boa parte do seu tráfego comercial interrompido devido aos ataques, a frente era até aqui considerada lateral no conflito.

Além da guerra em si contra a Faixa de Gaza, que segundo os palestinos já matou mais de 38 mil pessoas e foi disparada por um ataque terrorista sem precedentes do Hamas contra Israel, os temores sempre estão colocados na fronteira do Estado judeu com o Líbano, ao norte.

Lá, estão em atrito diário desde o início da guerra as forças israelenses e o Hezbollah, um grupo muito mais bem armado e capaz do que o Hamas. O risco de uma guerra aberta, como não ocorre desde 2006, é grande e visto até como inevitável por alguns analistas.

A incógnita é o Irã, que ensaiou ir às vias de fato com Israel depois que um general seu foi morto por Tel Aviv na Síria. Em abril, lançou pela primeira vez um ataque direto contra o solo israelense, que foi anulado pelas defesas aéreas do Estado judeu e de seus aliados —dos EUA aos Emirados Árabes Unidos.

Houve uma tímida retaliação israelense e os ânimos foram refreados. Há duas semanas, o Irã elegeu um presidente moderado, após a morte em um acidente do radical Ebrahim Raisi, mas é incerto se Masoud Pezeshkian irá mudar sensivelmente a política externa do país, controlada pelo líder supremo, Ali Khamenei.

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