Descrição de chapéu oriente médio

O que se sabe sobre o ataque aéreo do Irã a Israel

Teerã lançou pela primeira vez drones e mísseis partindo de seu território em direção ao inimigo regional

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Matthew Mpoke Bigg
The New York Times

O Irã lançou neste sábado (13) um grande ataque aéreo contra Israel e o território ocupado que controla, disparando ao menos 300 drones e mísseis. É a primeira ofensiva direta desse tipo lançada a partir do território iraniano após décadas de um conflito nas sombras entre os dois países.

Aqui está o que sabemos até a tarde deste domingo (14) sobre o ataque de Teerã a Israel.

Explosões no céu de Jerusalém na madrugada de domingo durante ataque aéreo do Irã
Explosões no céu de Jerusalém na madrugada de domingo durante ataque aéreo do Irã - AFPTV - 14.abr.24/AFP

O que aconteceu durante o ataque?

Sirenes de alerta para ataques aéreos soaram em Israel e na Cisjordânia durante a noite, sinalizando o início de uma ofensiva que vinha sendo antecipada há dias. Na ocasião, quase todos os mísseis e drones foram interceptados, disse o Exército israelense no domingo.

Para frustrar o ataque, Israel usou dois sistemas de defesa principais, o domo de ferro e o flecha 3. Os Estados Unidos participaram das ações defensivas, e o secretário de Defesa Lloyd Austin afirmou que as forças americanas interceptaram mísseis e drones lançados do Irã, Iraque, Síria e Iêmen.

O Reino Unido também disse que seus caças derrubaram drones. Além disso, a Jordânia, que faz fronteira com Israel, informou que sua defesa aérea derrubou aeronaves e mísseis que entraram em seu espaço aéreo.

Que danos o ataque causou?

O ataque não causou mortes, mas 12 pessoas foram levadas ao centro médico Soroka, no sul de Israel, durante a noite. Daniel Hagari, porta-voz-chefe do Exército israelense, disse que a base aérea de Nevatim no deserto de Neguev, no sul de Israel, sofreu danos leves no ataque e continuava funcionando.

Qual foi a causa imediata do ataque?

Irã e Israel têm se envolvido em um conflito que ocorre nas sombras por décadas, atacando os interesses um do outro em terra, mar e ar, além do espaço digital. O Irã fornece apoio a forças aliadas e anti-Israel, como o Hezbollah no Líbano, o Hamas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e os rebeldes houthis no Iêmen.

Israel lançou uma série de ataques, incluindo o assassinato do principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, em 2021, e o assassinato de um comandante da Guarda Revolucionária, o coronel Sayad Khodayee, em 2022.

O conflito não declarado esquentou em 1º de abril, quando aviões de guerra israelenses atacaram a seção consular da embaixada iraniana em Damasco, capital da Síria, segundo autoridades iranianas e sírias. Pelo menos três comandantes seniores e quatro oficiais responsáveis pelas operações secretas do Irã no Oriente Médio foram mortos. Teerã prometeu retaliar.

O que os líderes disseram sobre o ataque?

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, até a tarde deste domingo (14) falou apenas sobre a operação militar defensiva. Em uma publicação nas redes sociais, ele disse: "Interceptamos. Bloqueamos. Juntos venceremos."

Um dos membros do gabinete de guerra de Tel Aviv, o ex-premiê Benny Gantz afirmou em comunicado oficial que a resposta virá e que o preço ao Irã será cobrado "na forma e no momento certo para nós".

O presidente dos EUA, Joe Biden, que tem usado linguagem cada vez mais firme para criticar a guerra na Faixa de Gaza, também reafirmou repetidamente o direito de Israel de se defender e enviou armas para o aliado. Ele disse que convocaria uma reunião dos líderes do G7 no domingo. O Conselho de Segurança das Nações Unidas também deve realizar uma reunião de emergência para discutir o ataque.

Centenas de iranianos se reuniram em Teerã para celebrar o ataque. O Ministério das Relações Exteriores do Irã descreveu o ataque como uma medida defensiva, e a Guarda Revolucionária do país advertiu os EUA para não se envolverem.

Quais são as amplas implicações do ataque?

O ataque do Irã ocorre mais de seis meses após a invasão do Hamas em terrritório de Israel que desencadeou a guerra em Gaza. No curto prazo, o ataque pode desviar a atenção desse conflito, mas também mostra a maior volatilidade da região, de acordo com Nomi Bar-Yaacov, pesquisadora do think tank Chatham House em Londres e especialista em política do Oriente Médio.

A missão permanente do Irã nas Nações Unidas disse em uma postagem nas redes sociais durante a noite que "o assunto pode ser considerado encerrado. No entanto, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa."

Autoridades dos EUA falando sob condição de anonimato disseram que Biden e sua equipe, esperando evitar uma escalada adicional, estão aconselhando Israel de que sua defesa contra o ataque iraniano foi uma grande vitória que pode não exigir outra rodada de retaliação.

Mas o governo de Israel estará sob pressão para responder ao ataque, e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, disse que o confronto com o Irã "ainda não acabou."

Mesmo assim, é possível que qualquer resposta não inclua um ataque em grande escala ao território iraniano em si, limitando assim as chances de uma escalada adicional, de acordo com Bar-Yaacov.

"Os iranianos deixaram claro que consideram o ataque encerrado", disse ela. "Eu esperaria que os EUA exercessem uma pressão tremenda sobre Israel para não responder dentro do Irã, mas sim atacar ativos iranianos no exterior, ou seja, seus aliados em outros países."

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