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Blinken diz que esta pode ser a última chance de alcançar cessar-fogo na Faixa de Gaza

Chefe da diplomacia americana está em Israel para negociar trégua em meio a ofensivas entre as partes

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Tel Aviv | Reuters

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou nesta segunda-feira (19) que o mais recente esforço diplomático de Washington para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza talvez seja a última oportunidade de trégua na guerra que se estende há mais de dez meses.

Ele chegou a Israel neste domingo (18), em sua nona visita ao Oriente Médio desde os atentados terroristas do Hamas que deram início aos combates, em outubro do ano passado.

Homem passa por um muro com cartazes de reféns, a maioria sequestrada durante os ataques de 7 de Outubro pelo Hamas, em Tel Aviv - Florion Goga/Reuters

"Este é um momento decisivo, provavelmente o melhor, talvez a última oportunidade de levar os reféns para casa, alcançar um cessar-fogo e colocar todos em um caminho melhor para uma paz e segurança duradouras", disse Blinken antes de se encontrar com o presidente israelense, Isaac Herzog. "Também é o momento de garantir que ninguém tome nenhuma medida que possa atrapalhar o processo."

No mesmo dia de sua chegada, porém, autoridades de Gaza afirmaram que um bombardeio de Israel deixou 21 mortos no território palestino —incluindo seis crianças e a mãe delas. Além disso, o Hamas e o Jihad Islâmico reivindicaram um ataque suicida perto de uma sinagoga em Tel Aviv que feriu uma pessoa.

As ações mostram a escalada de tensão na região. A facção palestina afirmou em um comunicado, por exemplo, que ataques suicidas "voltarão à tona" dentro de Israel enquanto a guerra continuar.

Desde o início do conflito, Israel já deixou mais de 40 mil mortos e 92 mil feridos na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Nesta segunda, a principal agência da ONU em Gaza, a UNRWA, disse que 207 de seus funcionários foram mortos desde o início dos combates. "Eles eram engenheiros, professores, profissionais de saúde. Eram trabalhadores humanitários", disse a entidade em um comunicado.

Mesmo assim, o debate em torno de um acordo continuará esta semana no Cairo após uma reunião de dois dias em Doha, na semana passada, quando as negociações foram interrompidas sem avanços. As conversas devem ser retomadas com base em uma "proposta intermediária" dos EUA.

Não há evidências de que os principais pontos de conflito foram resolvidos. Há meses as conversas circulam em torno das mesmas questões —enquanto o Estado judeu afirma que a guerra só pode terminar com a destruição do Hamas como força militar e política, o grupo terrorista diz que só aceitará uma trégua permanente, não temporária.

Há ainda discordâncias sobre a presença militar contínua de Israel dentro de Gaza —especialmente ao longo da fronteira com o Egito—, a livre circulação dentro do território e o número de prisioneiros palestinos a serem libertados em uma eventual troca por reféns israelenses.

Por todas essas questões, tanto Israel quanto o Hamas sinalizaram que um acordo será difícil, a despeito das expressões de otimismo dos EUA.

Blinken intensificará a pressão diplomática dos EUA para garantir que os negociadores consigam um avanço ainda esta semana, depois de Washington apresentar na semana passada propostas que os países mediadores acreditam que fecharão as lacunas entre as partes em conflito.

"Eles estão mentindo apenas para nos destruir mais e mais. Nos matar e matar nossas crianças, nos deixar com fome e sem-teto. Blinken é inútil, sua visita prejudicará o povo palestino", disse Hanan Abu Hamid, que foi deslocada de sua casa em Rafah.

Horas após a chegada de Blinken, o Hamas disse que responsabiliza o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, por "frustrar os esforços dos mediadores", atrasar um acordo e expor os reféns israelenses em Gaza à mesma agressão enfrentada pelos palestinos.

A visita do americano ocorre enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta pressão sobre sua posição no conflito —o Partido Democrata realiza sua convenção nacional nesta segunda com preocupações sobre os votos muçulmanos e árabe-americanos em estados-chave.

O alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, foi cético quanto às chances de Blinken pressionar Netanyahu a aceitar um acordo. "Blinken age como se fosse um ministro no governo de Netanyahu", disse Zuhri à agência de notícias Reuters.

Famílias de reféns israelenses, que há meses protestam por um acordo, se manifestaram novamente nesta segunda. "Não sacrifiquem minha filha e dezenas de reféns indefesos", disse Ayelet Levy-Shachar na Rádio Kan. Sua filha Naama, 20 anos, foi capturada em uma base militar.

Houve uma urgência crescente para alcançar uma trégua em meio a temores de escalada em toda a região. O Irã afirmou que vai retaliar Israel após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, no dia 31 de julho. Por ora, porém, a forma e a circunstância de um possível revide de Teerã seguem sob incerteza.

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